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terça-feira, 30 de junho de 2009

ELY CAMARGO, A DOCE CANTORA DE GOIÁS – Hélio Nascente


Cantora de grande talento, com inúmeras e eternas gravações, como Noites Goianas e Balada Goiana, é filha do compositor, maestro, professor de música e violinista Joaquim Édison Camargo e de Elcima Veiga de Camargo (neta de Veiga Vale, o mais famoso escultor de Goiás). Iniciou carreira como cantora profissional em 1962, em São Paulo, onde gravou inúmeros discos. Atualmente reside em Goiânia.

Ely Camargo é uma artista autêntica, idealista, feliz com a vida. Em seu apartamento no Setor Oeste, na aprazível capital goiana, respira o ar puro do bosque do Horto Florestal, localizado nas proximidades. Ela tem uma ascendência artística admirável, não sendo por acaso seus fortes e marcantes pendores para a arte musical desde a primeira infância. Ela conta que, pelo seu lado materno, houve no passado muitos músicos de talento, assim como compositores e também escultores, citando o maior de todos, o destacado Veiga Vale, pintor de renome nacional. Pelo lado paterno, seus familiares sempre lidaram com a música, o ambiente doméstico era todo musical; seu pai tocava violino, ensaiava com sua orquestra dentro de casa, e assim os filhos cresceram ouvindo o progenitor a tocar violino, a irmã Elcy Camargo a tocar piano, de forma que a música naquele lar era um acontecimento natural que fazia parte do dia-a-dia da família. Pertencendo a dois clãs de artistas de destaque, tendo nas veias a correr a mistura desses dois sangues de artistas, não é de se admirar que Ely Camargo tenha começado a cantar desde a primeira infância. Na residência de sua avó paterna, na cidade de Goiás, desde os três ou quatro anos de idade, sua tia Maria Camargo – famosa professora – a vestia de anjo para se apresentar na Igreja, desde que cantasse, porque os anjos tinham de cantar. Foi naturalmente um incentivo muito grande, ela foi uma pessoa trabalhada para cantar, embora nunca tenha estudado canto, sendo dona de uma voz natural.

Ainda na infância, Ely sentiu a sensação da mudança da família da antiga para a nova Capital, em 1938, já que seu pai era servidor do Liceu de Goiás e foi transferido para a nova Goiânia. Ela conta ter conhecido a cidade quando tudo era empoeirado, cheio de mato, quando a avenida Goiás estava sendo construída. Um fato histórico de que ela guarda viva lembrança é a visita do presidente Getúlio Vargas Goiânia, quando ela era ainda criança. Ela se lembra também de que conheceu o Dr. Pedro Ludovico naquela época, que ele estava sempre perto do povo, porque naquele tempo não existia um distanciamento entre os governantes e o povo, havia muita fraternidade entre as pessoas, as famílias se encontravam na rua, as crianças brincavam à vontade. Foi assim, nesse clima de liberdade e fraternidade que nasceu a nova Capital e Ely Camargo tem na memória essas lembranças vivas.

Sobre seus estudos, a cantora conta que estudou no Liceu de Goiânia, onde concluiu o Segundo Grau e depois estudou Farmácia na Santa Casa de Misericórdia. No Liceu ela foi colega do professor Nion Albernaz – posteriormente prefeito de Goiânia por vários mandatos –, que era muito estudioso e tinha em sua casa uma sala, onde ensinava Matemática e, como Ely tinha muita dificuldade nessa matéria, nas épocas de provas ela e mais quatro colegas pediam a ele 'pelo amor de Deus’ para ajudá-las com umas aulas de reforço, para que não fossem fatalmente reprovadas. E Nion convidava as colegas para sua sala e explicava, de maneira que Ely afirma que ele era um ‘colosso’ para dar aula de Matemática, todos acabavam aprendendo e tirando notas boas.

Os professores do Liceu de Goiânia na sua época de estudante, lembra Ely, eram ‘excelentes’, acontecendo que muitos alunos concluíam o curso e iam prestar vestibular nas universidades de São Paulo, sendo aprovados, por isso afirma sentir muito orgulho de ter convivido com tanta gente importante e boa na sua juventude.

Joaquim Edson Camargo
Ely Camargo é filha de um músico brilhante, apreciador, compositor e intérprete. Ela se recorda com muita saudade que seu pai, durante toda a vida gostou de música, foi professor, fazia famosas serenatas em Vila Boa com os amigos da família Alencastro Veiga, que eram músicos. Existiam orquestras que tocavam no cinema, ainda no tempo dos filmes mudos, uma das quais era chamada Orquestra Ideal, que tocava enquanto os filmes eram apresentados. Joaquim Edson era violinista e compositor, escrevia música assim como escrevia carta. Compôs muito. Por volta de 2001 Ely teve a oportunidade de gravar um CD com o nome de Lembrança de Goiás, só com as músicas escritas pelo próprio pai, entre as quais diversas inéditas. Ele foi a primeira pessoa a fundar uma orquestra em Goiânia, ensaiava no salão de casa, tocava nos bailes, no Jóquei Clube, no rádio, gostava muito de rádio, tendo sido diretor da Rádio Clube de Goiânia, a primeira emissora da cidade. O chefe da família tocava violino, uma filha acompanhava ao piano, enquanto Ely e sua irmã Elvane formavam a dupla Irmãs Camargo e cantavam. Joaquim Edson numca teve a oportunidade de fazer apresentações fora de Goiânia, mas Ely Camargo tem até hoje a felicidade de ter dado ao pai muita alegria quando ela foi para São Paulo em 1962, depois de ter cantado em todas as emissoras de rádio de Goiânia, fazer uns testes para ver se conseguia cantar na capital paulista, que já naquele tempo era um grande centro irradiador de cultura. Lá ela teve a oportunidade de gravar, foi contratada pela Rádio Tupy, apresentando o mesmo programa que apresentava em Goiânia, Canções de minha Terra, em horário nobre, depois do Grande Jornal Falado Tupy, aos domingos. Por isso seu pai ficou muito feliz porque ele se projetou nela, já que ele próprio jamais teve oportunidade, ficando feliz e se sentindo realizado, entretanto, vendo a filha fazer muito sucesso, não só no rádio, mas também com o disco que ela gravou logo que chegou em São Paulo. Foi um LP, coisa que era muito difícil de acontecer, porque as pessoas gravavam um disco 78 rotações, ou um compacto simples ou duplo, mas ela gravou um LP, gravando também as composições do próprio pai. Nesse período em São Paulo ela gravei 12 LPs e uma série de discos compactos nas gravadoras Chantecler, RCA Victor e Comep (comunicação Edições Paulinas), tendo lançado suas gravaçõles também em Portugal, na África do Sul e no México. Durante muitos anos teve programas exclusivos de rádio, intitulados Canções de minha Terra em diversas emissoras de São Paulo, tais como Tupy, Record e Nove de Julho.

Folclore
Ely Camargo dedicou-se também a pesquisas sobre o folclore brasileiro e ganhou todos os troféus como melhor intérprete outorgados pela imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, dentre os quais o troféu Euterpe, da Secretaria de Educação e Cultura da Guanabara e jornal Correio da Manhã, troféu Imprensa de São Paulo, troféu São Paulo na TV, troféu Guarani e outros.
Viajou por todo o Brasil gravando, fotografando e filmando, recolhendo, assim, vasto repertório. Nos seus programas de rádio ela ainda cantou e divulgou muitas músicas de Goiás. Depois o então governador Mauro Borges ficou interessado em gravar um LP com músicas de compositores goianos e encarregou a jovem artista da missão. Por tudo isso ela conserva a alegria de saber que foi a primeira a cantar e gravar as celebrizadas canções Noites Goianas, Balada Goiana, Canção do Araguaia e outras músicas que fizeram e continuam fazendo tanto sucesso, já que são excelentes composições, de uma beleza indescritível. Noites Goianas é de autoria de Joaquim Bonifácio e Joaquim Santana enquanto que Balada Goiana foi escrita pelo juiz e depois desembargador Manoel Amorim Félix de Souza. Ambas homenageiam a cidade de Goiás e foram imortalizadas pela voz de Ely Camargo.

Rádio Brasil Central
A cantora se recorda com inescondível saudade dos seus primeiros dias como cantora de rádio em Goiânia. Ela fez apresentações aos microfones de todas as emissoras da Capital goiana antes de ir para São Paulo. Com relação à Rádio Brasil Central, ela explica que cantava sozinha, mas gostava de fazer dupla ou trio, assim cantava com sua irmã, formando a dupla Irmãs Camargo, desfeita com o casamento da segunda participante, mas em seguida fez dupla com Honorina Barra (tia do cantor Marcelo Barra), quando tiveram a oportunidade de ir a São Paulo, onde gravaram na gravadora Columbia dois discos de 78 rotações com músicas escritas pelo irmão de Honorina, Barra, pai de Marcelo e composições de outros autores.

Retornando para Goiás a dupla em breve se desfez e mais tarde Ely formou o Trio Guairá, com seu irmão Elman Camargo, Luiz Antônio, um nordestino que chamavam de Pau-de-Arara que ela conheceu na Rádio Brasil Central. Foi nessa emissora que Ely Camargo cantou durante mais tempo, havia programas de auditório, foi um tempo muito bom para ela e os demais cantores e músicos, tinham um repertório excelente. Mas até que seu irmão também tomou a decisão de se casar e aí, pronto, lá se foi mais um conjunto e a partir daí Ely Camargo passou a cantar solitária.

Ely fala ainda hoje, décadas depois daqueles acontecimentos alegres e descontraídos na RBC, que a equipe da emissora era muito boa, competente e conta que lá que ela trabalhou por mais tempo. O apresentador do programa de auditório era Luiz Carlos Pimenta, mas Ely busca na memória e encontra muitos nomes importantes, citando Sílvio Medeiros e sua esposa Norma Alencar, Geraldo Amaral e muitos outros.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Josenália Gomes de Souza, pérola de solidariedade cristã - Hélio Nascente


Josenália Gomes de Souza é membro da Sociedade de São Vicente de Paulo em Goiânia há muitos anos. Vicentina dedicada, solidária com os mais necessitados, fidelíssima aos princípios cristãos, Josenália é também secretária do Conselho Central de Campinas da entidade, prestando serviços diariamente na sede. Ela é uma mulher feliz, que, pela sua bondade e espírito solidário, conquistou uma legião de amigos e amigas, círculo que continua a expandir-se interminavelmente.