Hélio Nascente*
Alaor dos Anjos: Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu.
Nascido em Goiás, nos últimos momentos em que a antiga Vila Boa foi Capital do Estado, teve como lema para vencer na vida “jamais desistir” de qualquer causa que abraçasse. Policial, agente de Saúde Pública, advogado, professor. Levou de roldão todos os obstáculos e venceu. Casado três vezes, tem três filhos, todos motivo de felicidade para um pai zeloso. Aposentado, continua lutando, mas em benefício dos seus, principalmente, não faltando com uma sábia palavra de aconselhamento nos momentos de dúvidas; de paz nos momentos de agitação; de incentivo nos momentos de fraqueza. Alaor dos Anjos é um amigo. Não só dos seus filhos, mas de todos que o conhecem e têm a ventura de privar da sua amizade. Septuagenário, não aparenta, já que tem um espírito jovem, empreendedor, espargindo otimismo para todos os lados.
Nasceu em família humilde, de poucos recursos, na cidade de Goiás no dia 21 de outubro de 1933. Seus pais foram Amaral Ramos de Souza e Maria dos Anjos Alcântara de Souza. Eram seis filhos, sendo que dois – Ubiratan e Joaquim dos Anjos Souza – são falecidos. Alaor é o segundo; Benedito Ramos é o primeiro (Tenente da reserva remunerada da PM-GO); a quarta é Divina e a caçula é Rosa.
Alaor dos Anjos foi enviado para a escola aos sete anos de idade, tendo o privilégio de estudar no célebre Grupo Escolar Mestra Nnhola, onde pontificavam as mestras/professoras Noêmia de Brito, Diva Camargo, Izolina – diretora – Zu e muitas outras. De todas elas, a que mais se sobressaiu, na memória do aluno Alaor, a que mais o influenciou ao longo da vida, de quem ele guarda as lembranças mais fortes, foi Noêmia de Brito.
Maria dos Anjos Alcântara de Souza, a diligente progenitora, colocou os filhos na escola no tempo exato, já que naquela época a criança só podia começar a freqüência regular ao Grupo Escolar aos sete anos de idade e foi justamente aí que Alaor deu início à sua longa e brilhante carreira de estudante, epilogada somente 34 anos depois, quando recebeu o merecido diploma de bacharel em Direito, das mãos do reitor da Universidade Federal de Goiás, Paulo de Bastos Perillo, no dia 17 de junho de 1974. A vida estudantil do infante Alaor não teve uma seqüência normal, tendo sofrido interrupções conseqüentes das dificuldades econômicas da sua mãe e dele próprio mais tarde. Na velha capital ele só concluiu os dois primeiros anos curriculares, quando a família transferiu residência para a nova capital do Estado, que ainda estava dando os primeiros passos, em 1942. Foi uma época de penúria para sua mãe, que passava por uma crise financeira muito difícil, dificílima mesmo. Ela enviuvara pouco antes do sargento do Exército Nacional e estava lutando em busca dos seus direitos à pensão militar. Somando-se a esses percalços, adveio a grave doença do filho Benedito, que contraiu leucemia e só conseguiu a cura espiritual. Pela conjugação de todos esses fatores, ela não pôde mais manter os filhos nos estudos, os quais se viram repentinamente na contingência de arrumar emprego, mesmo em tenra idade, para colaborar na sobrevivência da família.
Alaor, portanto, desde menino, lutou muito. Trabalhou como aprendiz de carpinteiro, servente de pedreiro; conseguiu um serviço ótimo, na Livraria e Papelaria Vanguarda, onde ficou, entretanto, por pouco tempo, indo trabalhar no Jóquei Clube de Goiânia, permanecendo durante três anos e sete meses. Em seguida foi para o Exército, servir a Pátria no 6.º BC (Batalhão de Caçadores) em Ipameri, dando baixa após um ano e meio de cumprimento do dever, o que fez com muito prazer e considera que foi uma experiência ímpar na sua vida, tendo aprendido não só o ofício da convivência cívica, mas viu reforçado o senso do dever e o cultivo à Ética. Retornando de Ipameri, inclui-se na Polícia Militar de Goiás, decisão formalizada no dia 25 de outubro de 1955, na cidade de Goiás, sua terra natal, onde era sediado o 2.º Batalhão de Infantaria. Permaneceu no posto de soldado durante dois anos, transferindo-se então para Goiânia, com o objetivo precípuo de fazer cursos de carreira militar. Infelizmente para ele, porém, essa carreira foi muito curta e ele deu baixa como cabo.
Tendo sido obrigado a interromper os estudos anteriormente, só quando estava servindo na Polícia em Goiás é que teve condições de retornar aos bancos escolares e dar prosseguimento ao seu objetivo de alcançar um diploma de nível superior. Tendo concluído até então apenas o 2.º ano da 1.ª fase do Ensino Fundamental, partiu para fazer o então existente curso de Admissão ao Ginásio na Escola da Mestra Colombia Caiado de Castro. Isto em 1956. No ano seguinte transferiu-se para Goiânia, a fim de fazer o curso de cabo, ficando durante mais três anos na Polícia, requerendo então sua baixa, passando a trabalhar na Secretaria de Estado da Saúde como auxiliar de Polícia Sanitária, com o ordenado de 4 mil cruzeiros, um ótimo provento – um cabo-PM ganhava Cr$ 2.100.
Ficou na Secretaria da Saúde durante muitos anos, e a partir daí não parou mais de estudar, um ano sim, outro não, porque para Alaor tudo erá difícil, tinha de empreender viagens a serviço. Uma dessas viagens foi demorada, tendo ido fazer o curso de auxiliar de saneamento em Uruaçu, pela extinta Fundação Sesp - Serviço Especial de Saúde Pública - órgão do Governo Federal, de outubro de 1961 a janeiro de 1962.
Mas voltou como auxiliar de saneamento, quando teve a oportunidade de fundar a primeira seção de Saneamento em Goiás e logo foi convidado pelo governo do Estado, na época do grande coronel Mauro Borges Teixeira, para fazer curso no Rio de Janeiro – curso de Inspetor de Saúde Pública em 1963, voltando em 1965 com o certificado de inspetor de saúde Pública nas mãos, sendo aí enquadrado como inspetor de saúde. Nessa função pontificou com eficiência durante muitos anos, período em que teve a oportunidade de demonstrar sua eficácia, seu interesse em dar ao serviço público uma autêntica dimensão social; fundou ou coadjuvou a fundação de vários serviços, tais como: seções, divisões e departamentos, ao lado do dinâmico e afamado Juarez Barbosa. Criou a Seção de Higiene Alimentar, posteriormente transformada em Divisão de Saúde do Ambiente e muitos outros serviços. Foi professor de Saúde Pública, ministrando aulas até para médicos, farmacêuticos, dentistas e enfermeiros; foi o denominado Curso Polivalente de Saúde Pública. Foi supervisor de turma e trabalhou na Chefia-Geral; na Vigilância Sanitária exerceu com maestria durante o longo período superior a oito anos o cargo de chefe-geral. Trabalhou por mais de 27 anos só na Vigilância Sanitária e mais nove anos como advogado, emprestado pela Assessoria Jurídica ao Departamento de Pessoal. Foi aí que Alaor completou os seus 35 anos de trabalho e requereu a sua devida e merecida aposentadoria, em 1994. Foram 35 anos de um servidor autêntico, que pôs, ininterruptamente, diuturnamente, todos os seus esforços, a serviço da eficiência, com a visão solidária de que o serviço público deve existir para beneficiar, para servir o povo; jamais, em nenhum momento demonstrou desídia no cumprimento diário do seu dever, sempre cultivando na prática a altruística visão de que servir é o objetivo do funcionário público, que é, nada mais nada menos, que um servidor do povo. A aposentadoria de Alaor dos Anjos, portanto, após longos 35 anos de serviços prestados com ética, foi muito merecida e justa. Significou o autêntico repouso do guerreiro.
Família
Alaor dos Anjos contraiu núpcias com Maria Camaizar Martins em 1963 e nesse mesmo ano deixou sua família para fazer curso de saúde no Rio de Janeiro, indo a esposa pacientemente para a casa dos pais em Jaraguá, a fim de aguardar o retorno no esposo – ela compreendera bem – de uma atividade que certamente iria significar a melhoria do padrão de vida do casal. Dessa união resultou o filho Péricles Martins dos Anjos, hoje servindo como cabo da briosa Polícia Militar do Estado de Goiás. O casal Alaor/Maria conviveu durante 15 anos e depois as circunstâncias forçou a uma separação judicial, que depois se tornou em divórcio. Mas Alaor não perdeu tempo e logo já estava com outra companheira, esta com o nome de Leonor Cabral Icassatti, que é mãe da segunda filha de Alaor, Cárita Icassatti dos Anjos, formada em engenharia civil. Com esta a convivência foi de apenas pouco mais de cinco anos, e por força do destino viram-se separados. Em seguida Alaor amargou praticamente seis anos sozinho, até que apareceu uma nova companheira, a jovem Eusder Ferreira de Carvalho, com quem convive até hoje, isto já há 20 anos. O casal tem uma filha, Ludmila Ferreira dos Anjos, a felicidade de ambos, sendo uma jovem, mesmo ainda em formação, dona de uma visão de mundo surpreendentemente clara, consciente, futurista, além de possuir uma inteligência rara e privilegiada.
Alaor professa a religião espírita, sendo membro do Coral do Prof. Evaldo, do Centro Espírita Irmã Scheilla, em Goiânia.
Numa visão retrospectiva de toda a sua vida, desde os primeiros momentos, em que, aos sete anos de idade foi mandado para a escola na cidade de Goiás, Alaor atribui principalmente à sua progenitora – falecida há muitos anos – todas as suas vitórias, pelo exemplo que ela deu aos filhos e pelo incentivo que não lhes negou em nenhum momento, mesmo nos mais difíceis e de aparente sem-solução. Ele, por sua vez, adotou um pensamento de nunca retroceder, e sempre foi avante. Desde o momento em que começou a estudar, ele nunca mais pensou em parar. Inspirou-se num pensamento, ao qual se agarrou por toda a vida, o qual o impulsionou muito sempre para a frente e para cima:
Aquele que se decide a parar até que as coisas melhorem, verificará mais tarde que aquele que não parou e colaborou com o tempo, está tão adiante, que jamais poderá ser alcançado.
Foi esse um dos seus lemas de vida: não parar nunca. Mas Alaor cultiva com persistência estóica outro lema, que todos os seus amigos e companheiros de todas as jornadas são testemunhas de que ele jamais foge dessa senda:
Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu.
Títulos
Curso Ginasial – Ginásio Municipal de Goiânia – 1963;
Técnico de Contabilidade – Colégio Comercial “5 de Julho” – Goiânia-GO – 1968;
Bacharelado em Direito – Universidade Federal de Goiás – 29/DEZ/1973
Especialização em Direito Civil – UFG - 31/MAI/1978;
Curso de Direito Agrário – UFG – 05 a 09/ABR/1976;
Certificado de participação à Palestra do Dr. José Carlos Moreira Alves sobre o tema Cognitio Extraordinaria – UCG – 26/JUL/1976;
Certificado de participação à Palestra do Dr. Rogério Lauriat Tucci sobre o tema Direito Processual Civil – UCG – 10/SET/1976;
Certificado de participação à Palestra da Dra. Altir de Souza Maia – UCG – 20/NOV/1976;
Curso de Atualização em Direito Penal e Direito Processual Penal (“com bom nível de aproveitamento”) – UCG – de 18 a 21/AGO/1976;
Participante do II Forum Nacional de Debates sobre Ciências Jurídicas e Sociais – Clube dos Advogados do DF, OAB-DF, IAB-DF – 08 a 12/AGO/1977;
Curso de Direito do Trabalho – OAB-GO e Instituto dos Advogados do Estado de Goiás – 29-30/AGO/1979;
Direito Penal (Extensão) – OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás - 30/MAI a 1.º /JUN/1979;
Participação no Encontro Nacional de Advogados – Goiânia-GO – 03 a 06/SET/1979;
Curso de Processo Civil Comparado - OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás – 24/27/1980;
Curso de A Ordem e a Realidade Jurídica Nacional - OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás – 29-30/MAI/1980;
Participação (“com assiduidade”) do I Seminário Brasileiro de Responsabilidade Civil (Extensão) – 11-13/JUN/1980;
Pós-graduado em Direito Penal e Direito Processual Penal – Superintendência da Academia de Polícia-GO – 08/DEZ/1994;
Curso de Técnica de Comunicação e Oratória – Centro Acadêmico XI de Maio-UFG – 1.º semestre de 1971;
Curso de Habeas Corpus – Sociedade Brasileira de Direito Criminal – São Paulo – 18/JUN/1972;
Curso sobre Títulos de Crédito – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” –UCG-04/08/1972;
Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-18-19/AGO/1972;
Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-22-23/SET/1972;
Curso de Direito Penal – Prof. Paulo José da Costa Júnior – UCG – 13-14/OUT/1972;
Curso de Direito Penal – Prof. Heleno Cláudio Fragoso – UCG – 18-19/OUT/1972;
Curso de Direito Penal – Prof. Joaquim Canuto Mendes de Almeida – UCG – 27-28/OUT/1972;
Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-31/MAR/1973;
Curso de Direito Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-04-05/MAI/1973;
Curso de Direito Penal – Prof. Fábio Dean-Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 21/MAI/1973;
Curso de Processo Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua”-UCG-1.º-02/JUN/1973;
Curso de Direito Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua”-UCG/Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 24-25/AGO/1973;
Código de Processo Civil Brasileiro – OAB-GO/Faculdades de Direito do Estado de Goiás – 2.º semestre de 1973;
Curso de Direito Penal – Prof. Luiz Vicente Cernicchiaro/UCG-Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 30/MAR/1974;
III Congresso do Sindicato do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás – 29/31/MAI/1998;
Curso de Especialização em Saúde Pública – Universidade de Ribeirão Preto-SP/Associação Médica de Goiás – 07/ABR/1990 a 12/JAN/1991;
Conferência – AIDS: Análise Crítica da Situação no Brasil – Prof. Dr. Ricardo Veronesi – 28/JUL/1990;
Participante do I Seminário de Relações Trabalhistas – Sindicato do Comércio Varejista de Gênero Alimentícios no Estado de Goiás – 14/OUT/1988
Participante do Curso de Previdência Social para Empresas – Previdência Social – Goiânia-GO – 25/SET/1985;
Treinamento de Fiscalização Sanitária – Instrutor e Coordenador – Secretaria da Saúde-GO – 05-17/12/1983;
Honra ao Mérito do Colégio Cruzeiro do Sul-Goiânia-GO – Educador Sanitário da Osego (Organização de Saúde do Estado de Goiás) – 31/MAR/1973;
Curso de Treinamentos dos Agentes da Reforma Administrativa – Ministério do Planejamento e Coordenação Geral-Goiânia-GO – 30/OUT/1970;
Curso de Inspetor de Saneamento – Escola Nacional de Saúde Pública – 08/FEV/1965;
Curso de Auxiliar de Saneamento – Fundação Serviço Especial de Saúde Pública-Goiânia-GO – 16/OUT/1961 a 16/JAN/1962;
Honra ao Mérito – Professor substituto de Português e Literatura – Escola Técnica de Comércio Dom Bosco – Uruaçu-GO – 09/OUT/1978.
Cargos exercidos como funcionário público
Policial da PM-GO – Incluído: 20/JUN/1959, excluído em 20/JUN/1959;
Auxiliar de Polícia Sanitária – Secretaria de Saúde e Assistência do Estado de Goiás – Admissão: 13/FEV/1960.
Hélio Nascente – editor da Anápolis TV Digital
Alaor dos Anjos: Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu.
Nascido em Goiás, nos últimos momentos em que a antiga Vila Boa foi Capital do Estado, teve como lema para vencer na vida “jamais desistir” de qualquer causa que abraçasse. Policial, agente de Saúde Pública, advogado, professor. Levou de roldão todos os obstáculos e venceu. Casado três vezes, tem três filhos, todos motivo de felicidade para um pai zeloso. Aposentado, continua lutando, mas em benefício dos seus, principalmente, não faltando com uma sábia palavra de aconselhamento nos momentos de dúvidas; de paz nos momentos de agitação; de incentivo nos momentos de fraqueza. Alaor dos Anjos é um amigo. Não só dos seus filhos, mas de todos que o conhecem e têm a ventura de privar da sua amizade. Septuagenário, não aparenta, já que tem um espírito jovem, empreendedor, espargindo otimismo para todos os lados.
Nasceu em família humilde, de poucos recursos, na cidade de Goiás no dia 21 de outubro de 1933. Seus pais foram Amaral Ramos de Souza e Maria dos Anjos Alcântara de Souza. Eram seis filhos, sendo que dois – Ubiratan e Joaquim dos Anjos Souza – são falecidos. Alaor é o segundo; Benedito Ramos é o primeiro (Tenente da reserva remunerada da PM-GO); a quarta é Divina e a caçula é Rosa.
Alaor dos Anjos foi enviado para a escola aos sete anos de idade, tendo o privilégio de estudar no célebre Grupo Escolar Mestra Nnhola, onde pontificavam as mestras/professoras Noêmia de Brito, Diva Camargo, Izolina – diretora – Zu e muitas outras. De todas elas, a que mais se sobressaiu, na memória do aluno Alaor, a que mais o influenciou ao longo da vida, de quem ele guarda as lembranças mais fortes, foi Noêmia de Brito.
Maria dos Anjos Alcântara de Souza, a diligente progenitora, colocou os filhos na escola no tempo exato, já que naquela época a criança só podia começar a freqüência regular ao Grupo Escolar aos sete anos de idade e foi justamente aí que Alaor deu início à sua longa e brilhante carreira de estudante, epilogada somente 34 anos depois, quando recebeu o merecido diploma de bacharel em Direito, das mãos do reitor da Universidade Federal de Goiás, Paulo de Bastos Perillo, no dia 17 de junho de 1974. A vida estudantil do infante Alaor não teve uma seqüência normal, tendo sofrido interrupções conseqüentes das dificuldades econômicas da sua mãe e dele próprio mais tarde. Na velha capital ele só concluiu os dois primeiros anos curriculares, quando a família transferiu residência para a nova capital do Estado, que ainda estava dando os primeiros passos, em 1942. Foi uma época de penúria para sua mãe, que passava por uma crise financeira muito difícil, dificílima mesmo. Ela enviuvara pouco antes do sargento do Exército Nacional e estava lutando em busca dos seus direitos à pensão militar. Somando-se a esses percalços, adveio a grave doença do filho Benedito, que contraiu leucemia e só conseguiu a cura espiritual. Pela conjugação de todos esses fatores, ela não pôde mais manter os filhos nos estudos, os quais se viram repentinamente na contingência de arrumar emprego, mesmo em tenra idade, para colaborar na sobrevivência da família.
Alaor, portanto, desde menino, lutou muito. Trabalhou como aprendiz de carpinteiro, servente de pedreiro; conseguiu um serviço ótimo, na Livraria e Papelaria Vanguarda, onde ficou, entretanto, por pouco tempo, indo trabalhar no Jóquei Clube de Goiânia, permanecendo durante três anos e sete meses. Em seguida foi para o Exército, servir a Pátria no 6.º BC (Batalhão de Caçadores) em Ipameri, dando baixa após um ano e meio de cumprimento do dever, o que fez com muito prazer e considera que foi uma experiência ímpar na sua vida, tendo aprendido não só o ofício da convivência cívica, mas viu reforçado o senso do dever e o cultivo à Ética. Retornando de Ipameri, inclui-se na Polícia Militar de Goiás, decisão formalizada no dia 25 de outubro de 1955, na cidade de Goiás, sua terra natal, onde era sediado o 2.º Batalhão de Infantaria. Permaneceu no posto de soldado durante dois anos, transferindo-se então para Goiânia, com o objetivo precípuo de fazer cursos de carreira militar. Infelizmente para ele, porém, essa carreira foi muito curta e ele deu baixa como cabo.
Tendo sido obrigado a interromper os estudos anteriormente, só quando estava servindo na Polícia em Goiás é que teve condições de retornar aos bancos escolares e dar prosseguimento ao seu objetivo de alcançar um diploma de nível superior. Tendo concluído até então apenas o 2.º ano da 1.ª fase do Ensino Fundamental, partiu para fazer o então existente curso de Admissão ao Ginásio na Escola da Mestra Colombia Caiado de Castro. Isto em 1956. No ano seguinte transferiu-se para Goiânia, a fim de fazer o curso de cabo, ficando durante mais três anos na Polícia, requerendo então sua baixa, passando a trabalhar na Secretaria de Estado da Saúde como auxiliar de Polícia Sanitária, com o ordenado de 4 mil cruzeiros, um ótimo provento – um cabo-PM ganhava Cr$ 2.100.
Ficou na Secretaria da Saúde durante muitos anos, e a partir daí não parou mais de estudar, um ano sim, outro não, porque para Alaor tudo erá difícil, tinha de empreender viagens a serviço. Uma dessas viagens foi demorada, tendo ido fazer o curso de auxiliar de saneamento em Uruaçu, pela extinta Fundação Sesp - Serviço Especial de Saúde Pública - órgão do Governo Federal, de outubro de 1961 a janeiro de 1962.
Mas voltou como auxiliar de saneamento, quando teve a oportunidade de fundar a primeira seção de Saneamento em Goiás e logo foi convidado pelo governo do Estado, na época do grande coronel Mauro Borges Teixeira, para fazer curso no Rio de Janeiro – curso de Inspetor de Saúde Pública em 1963, voltando em 1965 com o certificado de inspetor de saúde Pública nas mãos, sendo aí enquadrado como inspetor de saúde. Nessa função pontificou com eficiência durante muitos anos, período em que teve a oportunidade de demonstrar sua eficácia, seu interesse em dar ao serviço público uma autêntica dimensão social; fundou ou coadjuvou a fundação de vários serviços, tais como: seções, divisões e departamentos, ao lado do dinâmico e afamado Juarez Barbosa. Criou a Seção de Higiene Alimentar, posteriormente transformada em Divisão de Saúde do Ambiente e muitos outros serviços. Foi professor de Saúde Pública, ministrando aulas até para médicos, farmacêuticos, dentistas e enfermeiros; foi o denominado Curso Polivalente de Saúde Pública. Foi supervisor de turma e trabalhou na Chefia-Geral; na Vigilância Sanitária exerceu com maestria durante o longo período superior a oito anos o cargo de chefe-geral. Trabalhou por mais de 27 anos só na Vigilância Sanitária e mais nove anos como advogado, emprestado pela Assessoria Jurídica ao Departamento de Pessoal. Foi aí que Alaor completou os seus 35 anos de trabalho e requereu a sua devida e merecida aposentadoria, em 1994. Foram 35 anos de um servidor autêntico, que pôs, ininterruptamente, diuturnamente, todos os seus esforços, a serviço da eficiência, com a visão solidária de que o serviço público deve existir para beneficiar, para servir o povo; jamais, em nenhum momento demonstrou desídia no cumprimento diário do seu dever, sempre cultivando na prática a altruística visão de que servir é o objetivo do funcionário público, que é, nada mais nada menos, que um servidor do povo. A aposentadoria de Alaor dos Anjos, portanto, após longos 35 anos de serviços prestados com ética, foi muito merecida e justa. Significou o autêntico repouso do guerreiro.
Família
Alaor dos Anjos contraiu núpcias com Maria Camaizar Martins em 1963 e nesse mesmo ano deixou sua família para fazer curso de saúde no Rio de Janeiro, indo a esposa pacientemente para a casa dos pais em Jaraguá, a fim de aguardar o retorno no esposo – ela compreendera bem – de uma atividade que certamente iria significar a melhoria do padrão de vida do casal. Dessa união resultou o filho Péricles Martins dos Anjos, hoje servindo como cabo da briosa Polícia Militar do Estado de Goiás. O casal Alaor/Maria conviveu durante 15 anos e depois as circunstâncias forçou a uma separação judicial, que depois se tornou em divórcio. Mas Alaor não perdeu tempo e logo já estava com outra companheira, esta com o nome de Leonor Cabral Icassatti, que é mãe da segunda filha de Alaor, Cárita Icassatti dos Anjos, formada em engenharia civil. Com esta a convivência foi de apenas pouco mais de cinco anos, e por força do destino viram-se separados. Em seguida Alaor amargou praticamente seis anos sozinho, até que apareceu uma nova companheira, a jovem Eusder Ferreira de Carvalho, com quem convive até hoje, isto já há 20 anos. O casal tem uma filha, Ludmila Ferreira dos Anjos, a felicidade de ambos, sendo uma jovem, mesmo ainda em formação, dona de uma visão de mundo surpreendentemente clara, consciente, futurista, além de possuir uma inteligência rara e privilegiada.
Alaor professa a religião espírita, sendo membro do Coral do Prof. Evaldo, do Centro Espírita Irmã Scheilla, em Goiânia.
Numa visão retrospectiva de toda a sua vida, desde os primeiros momentos, em que, aos sete anos de idade foi mandado para a escola na cidade de Goiás, Alaor atribui principalmente à sua progenitora – falecida há muitos anos – todas as suas vitórias, pelo exemplo que ela deu aos filhos e pelo incentivo que não lhes negou em nenhum momento, mesmo nos mais difíceis e de aparente sem-solução. Ele, por sua vez, adotou um pensamento de nunca retroceder, e sempre foi avante. Desde o momento em que começou a estudar, ele nunca mais pensou em parar. Inspirou-se num pensamento, ao qual se agarrou por toda a vida, o qual o impulsionou muito sempre para a frente e para cima:
Aquele que se decide a parar até que as coisas melhorem, verificará mais tarde que aquele que não parou e colaborou com o tempo, está tão adiante, que jamais poderá ser alcançado.
Foi esse um dos seus lemas de vida: não parar nunca. Mas Alaor cultiva com persistência estóica outro lema, que todos os seus amigos e companheiros de todas as jornadas são testemunhas de que ele jamais foge dessa senda:
Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu.
Títulos
Curso Ginasial – Ginásio Municipal de Goiânia – 1963;
Técnico de Contabilidade – Colégio Comercial “5 de Julho” – Goiânia-GO – 1968;
Bacharelado em Direito – Universidade Federal de Goiás – 29/DEZ/1973
Especialização em Direito Civil – UFG - 31/MAI/1978;
Curso de Direito Agrário – UFG – 05 a 09/ABR/1976;
Certificado de participação à Palestra do Dr. José Carlos Moreira Alves sobre o tema Cognitio Extraordinaria – UCG – 26/JUL/1976;
Certificado de participação à Palestra do Dr. Rogério Lauriat Tucci sobre o tema Direito Processual Civil – UCG – 10/SET/1976;
Certificado de participação à Palestra da Dra. Altir de Souza Maia – UCG – 20/NOV/1976;
Curso de Atualização em Direito Penal e Direito Processual Penal (“com bom nível de aproveitamento”) – UCG – de 18 a 21/AGO/1976;
Participante do II Forum Nacional de Debates sobre Ciências Jurídicas e Sociais – Clube dos Advogados do DF, OAB-DF, IAB-DF – 08 a 12/AGO/1977;
Curso de Direito do Trabalho – OAB-GO e Instituto dos Advogados do Estado de Goiás – 29-30/AGO/1979;
Direito Penal (Extensão) – OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás - 30/MAI a 1.º /JUN/1979;
Participação no Encontro Nacional de Advogados – Goiânia-GO – 03 a 06/SET/1979;
Curso de Processo Civil Comparado - OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás – 24/27/1980;
Curso de A Ordem e a Realidade Jurídica Nacional - OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás – 29-30/MAI/1980;
Participação (“com assiduidade”) do I Seminário Brasileiro de Responsabilidade Civil (Extensão) – 11-13/JUN/1980;
Pós-graduado em Direito Penal e Direito Processual Penal – Superintendência da Academia de Polícia-GO – 08/DEZ/1994;
Curso de Técnica de Comunicação e Oratória – Centro Acadêmico XI de Maio-UFG – 1.º semestre de 1971;
Curso de Habeas Corpus – Sociedade Brasileira de Direito Criminal – São Paulo – 18/JUN/1972;
Curso sobre Títulos de Crédito – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” –UCG-04/08/1972;
Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-18-19/AGO/1972;
Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-22-23/SET/1972;
Curso de Direito Penal – Prof. Paulo José da Costa Júnior – UCG – 13-14/OUT/1972;
Curso de Direito Penal – Prof. Heleno Cláudio Fragoso – UCG – 18-19/OUT/1972;
Curso de Direito Penal – Prof. Joaquim Canuto Mendes de Almeida – UCG – 27-28/OUT/1972;
Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-31/MAR/1973;
Curso de Direito Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-04-05/MAI/1973;
Curso de Direito Penal – Prof. Fábio Dean-Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 21/MAI/1973;
Curso de Processo Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua”-UCG-1.º-02/JUN/1973;
Curso de Direito Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua”-UCG/Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 24-25/AGO/1973;
Código de Processo Civil Brasileiro – OAB-GO/Faculdades de Direito do Estado de Goiás – 2.º semestre de 1973;
Curso de Direito Penal – Prof. Luiz Vicente Cernicchiaro/UCG-Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 30/MAR/1974;
III Congresso do Sindicato do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás – 29/31/MAI/1998;
Curso de Especialização em Saúde Pública – Universidade de Ribeirão Preto-SP/Associação Médica de Goiás – 07/ABR/1990 a 12/JAN/1991;
Conferência – AIDS: Análise Crítica da Situação no Brasil – Prof. Dr. Ricardo Veronesi – 28/JUL/1990;
Participante do I Seminário de Relações Trabalhistas – Sindicato do Comércio Varejista de Gênero Alimentícios no Estado de Goiás – 14/OUT/1988
Participante do Curso de Previdência Social para Empresas – Previdência Social – Goiânia-GO – 25/SET/1985;
Treinamento de Fiscalização Sanitária – Instrutor e Coordenador – Secretaria da Saúde-GO – 05-17/12/1983;
Honra ao Mérito do Colégio Cruzeiro do Sul-Goiânia-GO – Educador Sanitário da Osego (Organização de Saúde do Estado de Goiás) – 31/MAR/1973;
Curso de Treinamentos dos Agentes da Reforma Administrativa – Ministério do Planejamento e Coordenação Geral-Goiânia-GO – 30/OUT/1970;
Curso de Inspetor de Saneamento – Escola Nacional de Saúde Pública – 08/FEV/1965;
Curso de Auxiliar de Saneamento – Fundação Serviço Especial de Saúde Pública-Goiânia-GO – 16/OUT/1961 a 16/JAN/1962;
Honra ao Mérito – Professor substituto de Português e Literatura – Escola Técnica de Comércio Dom Bosco – Uruaçu-GO – 09/OUT/1978.
Cargos exercidos como funcionário público
Policial da PM-GO – Incluído: 20/JUN/1959, excluído em 20/JUN/1959;
Auxiliar de Polícia Sanitária – Secretaria de Saúde e Assistência do Estado de Goiás – Admissão: 13/FEV/1960.
Hélio Nascente – editor da Anápolis TV Digital
Um comentário:
Muito obrigada pela linda historia apresentada, e pela homengem aio meu pai
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