quarta-feira, 20 de maio de 2009
ANTÔNIO PARREIRA – IDEALISMO ACIMA DE TUDO
Hélio Nascente*
Antônio Parreira soprando velinhas no seu “niver”
Antônio Parreira, falecido em setembro de 2007, viveu durante décadas em Alexânia-GO, sempre dedicando seu talento, sua cultura, sua inteligência brilhante em prol da imprensa local. Deixou grande número de amigos na cidade. Em novembro de 2001, o Jornal da AGI, de Goiânia, por iniciativa do então presidente da entidade, Walter Menezes, homenageou Parreira com a pequena biografia abaixo transcrita. Hélio Nascente, então redator do Jornal da AGI, colheu os dados com o ilustre homenageado e redigiu o texto. Hoje vive em Alexânia, tendo chegado à cidade três meses antes do passamento do amigo Parreira.
Nasceu em Guaxupé, Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 1926, onde estudou na Escola de Comércio, concluindo o curso de Perito Contador, com a duração de seis anos, posteriormente equiparado a curso superior. Com pouco mais de 30 anos de idade, em 1954, buscou horizontes maiores, transferindo-se para a Capital mineira, onde já tinha contatos políticos com líderes como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e com o veterano Arthur Bernardes, ex-presidente da República.
Em Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que militava nas lides políticas, trabalhava e continuava os estudos, tendo feito o curso de Economia, profissão que adotou efetivamente, vindo depois a dedicar-se ao Jornalismo, misturando profissão com idealismo, com o gosto de escrever.
Trabalhou no jornal O Debate, depois chegou a ser membro do Conselho do Diário de Minas, órgão pertencente ao grupo político liderado por Negrão de Lima, que posteriormente veio a ser governador do Estado da Guanabara. A partir daí passou a se dedicar à profissão de jornalista.
Criou em Belo Horizonte o semanário Gazeta de Minas Gerais, que chegou a ter a surpreendente circulação de 50 mil exemplares.
Em 1962 transferiu-se para Goiás, estabelecendo-se na pequena e promissora Alexânia, tornando-se sócio do fundador da cidade, Alex, no empreendimento imobiliário que deu origem à cidade.
Em 1964 promoveu um comício de desagravo a favor do governador Mauro Borges Teixeira, fato que o fez ir para Buenos Aires, onde viveu durante três anos, num exílio voluntário, por não concordar com os rumos políticos tomados na época pelo governo militar. Foi para a Argentina espontaneamente.
Retornou para Belo Horizonte para continuar com o jornal Gazeta de Minas Gerais e ao mesmo tempo ingressou nas atividades políticas ao lado de Tancredo Neves. Depois instalou-se definitivamente em Alexânia, onde vive até hoje.
Resultados
Parreira fala francamente que o jornal Gazeta Regional é para ele mais o cumprimento de um idealismo, já que não dá resultados financeiros nem econômicos substanciais, rendendo apenas o suficiente para seu sustento.
Para ele, o grande resultado do jornal é o crescimento da educação da comunidade por meio da comunicação e constata que o Município cresceu muito nesse setor e que a grande maioria da população lê o jornal, diferentemente dos tempos de outrora, quando quase ninguém lia e chegaram a existir três jornais, mas com a duração de apenas alguns meses. Segundo Antônio Parreira, o jornal Gazeta Regional hoje faz parte da cidade, influindo diretamente até mesmo na maneira de ser da juventude. Uma pesquisa realizada em Alexânia verificou que 87% da população lê o jornal e o aprova.
Conselho para os jovens
Instado a dar um conselho para os jovens, para as novas gerações, o valoroso jornalista Antônio Parreira, do alto dos seus 70 anos, afirmou:
“Eu diria para o jovem de hoje colocar a cabeça no lugar, ser mais religioso, ter mais princípios, abandonar a droga, a bebida alcoólica, o fumo e viver em paz, dentro dos princípios religiosos, dos princípios humanos, cultivando o amor fraternal, o amor ao próximo de um modo geral, fazendo as orações quotidianas, porque só a oração faz com que tenhamos paz”.
E deu um exemplo: “No nosso tempo de jovens, no curso primário, antes de entrar para a sala de aula cantávamos o Hino Nacional e antes de se iniciar a aula fazíamos orações. Na minha opinião, desde que foi eliminada a obrigatoriedade da religião nas escolas, o ensino foi se deteriorando e não há mais seriedade, os alunos não sentem mis obrigação. No dia sete de setembro, ao mesmo tempo em que é executado o Hino Nacional, muitos jovens estão dançando, não acompanham, não sabem cantar, porque não aprenderam, porque a escola não ensina, a escola não é mais aquela”.
Finalizando, Parreira fez uma crítica ao ensino moderno, afirmando que “os professores de hoje pensam só no salário, esquecem o sacerdócio que deveria ser o ensino, porque é ensinando com amor que o aluno aprende e o pensamento hoje é só ganhar dinheiro, fazer greves e o verdadeiro ensinamento não importa”.
*Publicado no Jornal da AGI – Associação Goiana de Imprensa, Goiânia, edição de novembro de 2001.
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Um comentário:
Fiquei emocionada ao ver essa matéria. Senhor Antônio Alves Parreira, sem dúvida alguma foi a jóia mais preciosa que o mundo já recebeu, um homem bom, íntegro de caráter incontestável, um homem raro que nada nem ninguém poderia subornar, um homem que valorizava a cultura a educação, Cristo e o amor fraterno.Tive a honra de ser educada por essa pessoa inigualável. E ele jamais sairá de minha memória e os seus ensinamentos continuam a me guiar. Pena não ser eu uma pessoa obediente, se fosse e tivesse seguido todos os conselhos desse grande homem que me educou não teria cometido tantos erros em minha vida. Saudoso Parreira grata por existir em meu coração!!!
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