Pesquisar este blog

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

INSTITUTO CULTURAL INSTALA-SE E SE ESTENDE PELA FAZENDA MORRO ALTO


Sonia Ferreira*

Fascinada, contemplo e agradeço ao meu Estado de Goiás, ao meu Brasil Central, em todos os dias do ano, mas, de modo especial, nos dias 20 e 21 de novembro de 2010, dias em que o Instituto Cultural José Mendonça Teles instalou e fundou em Orizona/GO o Instituto Cultural Sonia Ferreira, apoiado pela Associação Nacional de Escritores/ANE e pela Casa do Poeta do DF, pelo Grupo de Cultura Popular João-de-Barro, pela Academia Goiana de Letras, pelo Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, pelo Centro de Cultura da Região Centro-Oeste/CECULCO, pela comunidade de Orizona: sou profundamente agradecida ao escritor e professor José Mendonça Teles por suas atitudes e a Deus pelos amigos que tenho.

Sinto um verdadeiro amor por Orizona/GO, meu torrão, pela importância de minhas raízes culturais, vivenciadas e cultivadas pelas famílias locais e, de modo especial, por meus pais e por meus avós. Meus irmãos Israel, Joel, Rita de Cássia, Vera Lúcia e Ferreirinha, e suas respectivas Famílias, minha tia Maria e o tio Jair, o casal de primos Abadia e João e outros primos lá estiveram, reverenciando a memória de nossos antepassados, visualizada em painéis de fotos, objetos, móveis, livros e documentos.

Abençoou os acontecimentos e os objetivos do Instituto a Celebração da Eucaristia, presidida por um respeitável membro de nossa família, Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, acompanhada pelos Cantores de Cristo, pelo Distrito Federal e Municípios ali presentes: Brasília, Goiânia, Trindade, Caldas Novas, Formosa, Silvânia, Itumbiara, Araguari, Rubiataba e Orizona. Carinhosamente, tornaram-se famílias hospedeiras: Tereza Vaz, Aparecida Martins S. Machado, os casais Élcio e Lúcia, Elson e esposa, Fernando e Lucinda, Hélio e Zulmira, João e Abadia, Jales e Nair, Ferreira e Hermelinda.

Na cidade, o casarão de Joaquim Luiz Ferreira e de Leolina Gonzaga Ferreira, hoje Instituto Cultural Sonia Ferreira, enfeitou-se de rosinhas de minha mãe, de bambu-jardim de minha avó, de orquídeas do Divino de Carvalho, do Cairo e Yara, de azaléias de Iraci, de rosas da Rita de Cássia e de Renato, do Israel e da Neusa; de pitanga, gabiroba e manacá do Wilson; da cor rosa do velho pé de bela-dona e da cor pêssego do exuberante pé de mussaenda, que virou árvore de Natal para o Menino Jesus. A grande mesa da varanda dos vovôs brindou os visitantes com galeria de fotos de meus tios-avós e com uma merenda, à moda de Joaquim e Leolina: compotas de melancia, jabuticaba, banana, mamão com abacaxi, abóbora, tomate e maçã; pães e palitos de queijo, broas de fubá, quebradores, bolos de mandioca e chocolate; também havia uma grande torta confeitada para os parabéns pelos 40 anos do Grupo de Cultura Popular João de Barro. Inicialmente, ocupou o microfone José Luis, Luso, Tereza Cristina, Rilza, Lourival, Ivone, Linda e Lalá: o coro eram as vozes de todo o mundo; no Auditório, Cairo, Hélio e Pedro coordenaram o musical e as homenagens do momento oficial; Lia e Eugênio, a programação literária. Élcio e Lúcia, o brinde do caldo de guariroba, de milho e de feijão, no arremate da noite do dia vinte.

Dia vinte e um de novembro, ano dois mil e dez. Fazenda Morro Alto, de Aparecida Martins S. Machado, minha terna amiga de infância. Tudo era um convite à sensibilidade de cada um a passear pelos cantos e recantos do encantador e verde cenário: uma faixa de boas vindas, um caramanchão de primaveras no portão de entrada, galinhas e galos cantadores, berros bovinos; galopes dos cavalos, ao ritmo dos foguetes de Aparecida e das sanfonas do Hélio e do Elson, das vozes do Cairo, do Pedro e do Hélio, do Lourival, da Tereza e do Antônio, do Denival, Joaquim e Nilson, passarinhos do sertão, melodiando o quiosque, as tendas e as mesas, carinhosamente ornamentados de presépios e flores de ipês pela anfitriã, a dona da fazenda, por Lucinda e Fernanda, e por uma encantadora equipe.

Um jacarandá do cerrado, plantado e esculpido nos olhos de quem contemplava o mundo, a alguns metros da sede, uma casa da árvore, assentada nos galhos de um pau-terra, mussaendas, roseiras e buganvílias, dando um toque de flor e cor no gramado que circula as varandas e o casarão de tijolinhos à vista; um cinturão verde, margeando o córrego próximo, de onde saem tamanduás, veados e onças malvadas, tudo exalava festa, naquele momento de confraternização, em que a Fazenda Morro Alto tornava-se palco de celebração do Instituto Cultural Sonia Ferreira, tão significativo para mim, para minha família e para meus amigos. Bem-te-vis, sabiás, sanhaços, periquitos, todas as cantigas de pássaros, as cem pessoas em comunhão, faziam coro com o João-de-Barro, expressão da moda de viola e seresta, há quarenta anos, declarando amor à janela do amigo.

E as câmeras do Paulo Roberto e de nossas almas, registrando tudo? _E os beija-flores, roçando levemente as pétalas do jardim, carícias de reverência àquele encontro de famílias e de amigos, encontro de cultura popular, brindado pela ternura de Aparecida, seus filhos e netos, seus irmãos e sobrinhos? _ E o farto e delicioso almoço e sobremesa caipiras, espécies e sabores típicos, feitos com a produção da fazenda, como santa ceia a abençoar a alegria de cada um? _ Tenho certeza de que Deus estava lá.

*Sonia Ferreira é escritora

Foto Sonia Ferreira: http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&source=imghp&biw=1020&bih=596&q=sonia+ferreira&gbv=2&aq=f&aqi=g1&aql=&oq=&gs_rfai=

Nenhum comentário: