quarta-feira, 8 de junho de 2011
SOBRE A SAÚDE PÚBLICA EM GOIÂNIA E EM ALEXÂNIA
Parabéns a todos eles.
Quanto às dificuldades políticas, Goiânia perde muito para Alexânia, onde todos os administradores dão preferência à saúde pública, desde o ex-prefeito Ronaldo Queiroz até à atual primeira mandatária, Cidado Gelo. Em Goiânia, para se conseguir um exame geral (tenho 61 anos), é impossível. Em Alexânia é automático, as enfermeiras dos postos de saúde da família (PSF) saem de casa em casa capturando pessoas para reuniões e exames.
Hélio Nascente – helionascente@hotmail.com
NUNCA MAIS...
Para adocicar a alma que me tortura
Como represa no estoicismo a deter
Tua lembrança, sem prever ruptura!
Mas no âmago de tudo, eu nada tive,
Pois em nada se quedou a quimera
Não há mais coração que me cative...
Ah... E o encanto... Quem me dera!
Falarei ao meu ser da vasta ventura
Falarei de felicidades fugidias, talvez...
E nesta incerta e insensata procura
Aguarda o amor em mim, sua vez...
Ouço em segredo a dor de quem ama,
Em lamentos, suspiros profundos e ais
E o coração triste em dobres declama:
Não me fale de amor... Nunca mais!
Autoria: SIRLEY VIEIRA ALVES (Recanto das Letras) - Goiânia-GO
quinta-feira, 2 de junho de 2011
LIVRARIA À VENDA
ANIVERSÁRIO DE XIOMARA
terça-feira, 31 de maio de 2011
QUEM SOU?
De que me vale toda poeira do mundo
Para acobertar minha face disforme?
Se minha alma se debate em sono profundo
Enquanto meu corpo em fria campa dorme?
Quem sou? Perdi-me entre vis indagações,
Vomitando os ideologismos nesta terra...
E minha alma entre vãs contemplações
Se aniquila, se consome e se enterra...
Quero afundar-me nas frestas do infinito;
Quero perfurar tímpanos com meu grito...
Oh almas que se desgastam e se encolhem...
Mãos suaves de anjos leves me rodeiam;
Densas trevas que me tolhem se incendeiam,
Se afastam, se dispersam e se recolhem.
Sirley Vieira Alves - Goiânia-GO (Recanto das Letras)
Foto: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg41lIwXR7dmNVYxPofaNnsIB4kwuo7my6uB6sm9mkMOlZEEFsQOcyHaP7nnHEX7CGSmcK2zvagnFT8544opefrkdVtXoXeHvKRn21Wr6p1nOmG0VLx7VtlsuP567cYse4I7L5trU0RTaQ-/s1600/Sirley.jpg
sábado, 28 de maio de 2011
EX-COMBATENTES DO EXÉRCITO COLONIAL PORTUGUÊS AMEAÇAM MANIFESTAR-SE NA BEIRA PARA EXIGIR PENSÕES
Em declarações à Agência Lusa, Francisco Malenda, um dos ex-militares das Forças Armadas portuguesas em Moçambique, disse que os ex-combatentes aguardam pelo pagamento das pensões desde 2004, depois de o Governo de Lisboa ter "assumido através de uma lei" o "envio das pensões" para o país.
"Já passaram sete anos após a promessa do pagamento de pensões e nada. Isso está a esgotar a nossa paciência", afirmou Francisco Malenda, que calcula em mais de 250 mil os ex-combatentes, que, disse, se encontram numa situação de desespero.
Segundo afirmou, o Governo português fez várias promessas para cumprir com os "Acordos de Argel", sobre o pagamento das pensões de sangue e invalidez, além de reintegrar os ex-combatentes na vida civil após a independência de Moçambique, em 1975.
"Sentimo-nos marginalizados pelas autoridades de Lisboa, depois duma longa luta armada, em que derramámos sangue em defesa da bandeira de Portugal", disse Francisco Malenda, que deu um prazo de dois meses para Portugal "rever a situação".
O recenseamento dos ex-combatentes decorreu em 2002 no país. Os processos e os respetivos títulos foram enviados à Caixa Geral de Aposentações (CGA) que, em coordenação com o Arquivo Geral do Exército em Lisboa, onde está centralizada a gestão dos ex-combatentes, iniciariam o pagamento das pensões em janeiro de 2004.
Em Moçambique, os pagamentos iriam entrar via Banco Central e os processos canalizados para o Ministério do Trabalho, e as pensões pagas pelo extinto Banco Standard Totta Moçambique.
Vinte por cento do valor a ser pago seriam retidos pelo Governo Moçambicano, alegadamente para amortização dos serviços e imposto.
AYAC.
Lusa – 26.05.2011
Fonte: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2011/05/ex-combatentes-do-ex%C3%A9rcito-colonial-portugu%C3%AAs-amea%C3%A7am-manifestar-se-na-beira-para-exigir-pens%C3%B5es.html
sexta-feira, 20 de maio de 2011
JUIZ CONDENA CONTROLADOR POR ACIDENTE DA GOL
Também acusado pelo Ministério Público, o controlador Jomarcelo Fernandes dos Santos foi absolvido. Segundo o juiz, as provas e os depoimentos mostraram que ele não tinha aptidão para ocupar o cargo e que só o fez por falta de pessoal. "A prova dos autos dá conta de que o sistema aprovou, e dolosamente no meu entender, Jomarcelo sem que ele tivesse a mínima condição de ser aprovado", afirmou o juiz. Ele analisou a conduta do controlador com base no instituto de inexigibilidade de conduta diversa.
Lucivando Alencar, por sua vez, foi considerado apto a ocupar o cargo. Ele observou que era impossível ao controlador receber as chamadas dos pilotos do Legacy porque as frequências do console da cabine de controle não estavam programadas corretamente.
Nesta semana, Mendes condenou os pilotos do jato Legacy, os norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, a quatro anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto. A condenação também foi convertida em prestação de serviços comunitários, que deverá ocorrer nos Estados Unidos.
Fonte http://www.conjur.com.br/2011-mai-19/juiz-condena-controlador-acidente-entre-legacy-aviao-gol
terça-feira, 10 de maio de 2011
O APÓSTOLO DA CHINA - Liu Zhenying (Irmão Yun)
Um dos principais líderes da Igreja clandestina chinesa, Liu Zhenying, o Irmão Yun, tem uma trajetória marcada pelo sofrimento por amor a Cristo.
O livro de Atos dos Apóstolos menciona a trajetória de homens que se tornaram verdadeiros heróis da fé por anunciar o Evangelho em um mundo hostil à mensagem cristã. Gente como Pedro, Silas e, principalmente, Paulo sofreram na própria pele o preço de seguir a Jesus e fazê-lo conhecido: foram perseguidos, espancados, presos e alijados dos mais elementares direitos por sua opção de seguir o “Ide” do Mestre. Das páginas da Bíblia aos dias de hoje, quase tudo mudou, menos a disposição de alguns crentes em arriscar a própria vida em favor das almas sem salvação. Conhecido simplesmente como Irmão Yun, o chinês Liu Zhenying é um homem simples, de pouca instrução formal, para quem o conhecimento do Reino de Deus vem muito mais pela experiência prática do que dos bancos teológicos. Mas tem construído em plena pós-modernidade uma biografia daquelas que a própria Bíblia define como a de homens dos quais o mundo não é digno.
Missionário por convicção, Yun dedicou a maior parte de sua vida à pregação do Evangelho aos seus compatriotas. Foi preso diversas vezes, submetido a trabalhos forçados, fome e maus tratos. Mesmo assim, nunca perdeu a disposição e a visão do Reino de Deus. Ele é o “Homem do Céu”. O apelido, que dá nome ao seu livro autobiográfico escrito em parceria com Paul Hattaway (lançado no Brasil pela Editora Betânia), surgiu depois de um dos muitos problemas que teve com as autoridades de seu país por insistir em fazer proselitismo cristão, o que, pelas leis comunistas que regem a China, é proibido. Líder da Igreja doméstica chinesa – que, ao contrário da Igreja oficial, monitorada pelo governo, luta para viver sua fé livremente (ver quadro com entrevista) –, ele certa vez recusou-se a dar aos policiais o seu verdadeiro nome e endereço, para não pôr em risco seus irmãos na fé. Simplesmente gritou: “Sou um homem do céu, meu lar é o céu!”, senha que, ouvida pelos outros crentes, permitiu que todos fugissem a tempo das casas vizinhas.
Nascido em 1958, Yun veio ao mundo numa aldeia pobre da província de Henan, região central da República Popular da China. Era uma época de extrema repressão política no país, quando a Guarda Vermelha da Revolução Cultural espalhava o terror entre os considerados inimigos do regime. Como a Bíblia era um livro proibido e pregar o Evangelho, um crime contra o Estado, só mesmo uma evidente manifestação do poder de Deus poderia levar alguém a crer em Jesus. E ela aconteceu quando o pai de Yun, abatido por um câncer mortal, teve a saúde restabelecida, fato atribuído pela família a um milagre divino. A partir dali, a casa da família virou uma igreja doméstica, onde o nome de Jesus era pregado entre portas trancadas e janelas cerradas. Uma congregação sem bíblias, mas com extremo ardor missionário, nasceu.
Nasce um pregador – “Eu tinha 16 anos de idade quando o Senhor me chamou para segui-lo”, lembra Yun. Seus primeiros passos na fé foram marcados por situações inusitadas – como certa vez em que sonhou que dois homens lhe davam uma Bíblia. Por toda a China, pouquíssimos exemplares das Escrituras resistiram às fogueiras do Partido Comunista. Apenas a leitura do Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung era permitida. Após orar e jejuar semanas a fio por uma Bíblia, os dois homens que vira no sonho foram sorrateiramente à sua casa e lhe entregaram um exemplar da Palavra de Deus. Após ler e decorar passagens inteiras, o jovem Yun ouviu alguém lhe dizer, no meio de uma noite, que seria enviado a pregar o Evangelho. Pensou que era sua mãe quem o chamava, mas após ouvir a voz mais duas vezes, entendeu, à semelhança do que ocorreu com Samuel, que era o próprio Deus que o comissionava como sua testemunha.
Em pouco tempo, a história do rapaz que havia recebido “um livro do céu” correu a região. Yun começou a ser chamado a várias vilas, sempre encontrando pessoas ávidas por ouvi-lo. Batizava os novos convertidos às escondidas, durante as madrugadas. “Multidões se convertiam todos os dias”, relata em seu livro. Começou a ser perseguido, e à semelhança dos apóstolos do Novo Testamento, compartilhava a Palavra de Deus por onde ia ou era levado – inclusive na cadeia. Chegou a passar três anos preso, e numa dessas detenções conseguiu fugir inexplicavelmente pelo portão principal da penitenciária. Esteve com a vida por um fio diversas vezes, como na ocasião em que jejuou por mais de 70 dias. “Tenho fome de homens e almas”, dizia resolutamente aos que lhe aconselhavam a comer.
Para Yun, os longos períodos de prisão, embora o afastassem da igreja, da mulher, Deling, e dos dois filhos, eram uma oportunidade e tanto para evangelizar os companheiros de cela. “Eu fiz um acordo com o líder da prisão, que se eu fizesse bem as minhas tarefas, ele me deixaria ficar com a minha Bíblia”, lembra. “A maioria dos prisioneiros não eram criminosos perigosos e descobri que muitos deles tinham membros da família que eram cristãos”. Após sucessivos processos, foi solto pela última vez em 1999 e fugiu da China com a família, primeiro para Myanmar e depois para a Alemanha, onde obteve a condição de refugiado. Mesmo no Ocidente, Yun mantém contato frequente com a Igreja clandestina chinesa e atua mobilizando a comunidade evangélica internacional em favor dos crentes perseguidos de seu país. Ele fundou a missão Back to Jerusalem (“De volta a Jerusalém”), que treina missionários para pregar o Evangelho na chamada Janela 10-40, região imaginária situada entre aqueles paralelos geográficos e que inclui as nações menos evangelizadas do mundo, inclusive a China.
Presença requisitada no mundo todo, o missionário visita o Brasil pela primeira vez agora em abril. Aqui, cumpre uma agenda que inclui São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG) e Brasília, entre outras localidades. “Minha primeira impressão sobre o país veio pelas palavras de um jogador de futebol brasileiro que, depois da conquista da Copa do Mundo de 1994, disse que foi Deus quem lhe deu a vitória”, diz Yun. Com esta viagem, ele espera proclamar aos cristãos brasileiros a necessidade de cada qual, em particular, se tornar um “discípulo consequente” de Jesus. Irmão Yun espera que sua presença no Brasil sirva de despertamento para a Igreja Evangélica nacional acerca de urgência da evangelização mundial. “Nosso chamado é o de levar o Evangelho a todas as nações por onde passarmos”, conclui.
“Orem pela Igreja clandestina”
Poucas semanas antes de embarcar rumo ao Brasil (2010), o missionário Liu Zhenying atendeu com exclusividade a reportagem de CRISTIANISMO HOJE na Alemanha, onde vive. Nesta entrevista, concedida em mandarim, ele faz um relato da situação dos cristãos em seu país e apela à Igreja ocidental que renuncie ao materialismo e assuma posição de relevância na obra de evangelização mundial. “Orem pela China”, apela.
CRISTIANISMO HOJE – Qual é a real situação, hoje, da Igreja perseguida em seu país?
IRMÃO YUN – Ela está crescendo, apesar da constante perseguição. Hoje mesmo, pela manhã [N.da Redação: a entrevista foi concedida no dia 8 de março], recebi um telefonema dando conta de que, nas últimas três semanas, mais de setenta líderes das igrejas não-oficiais, somente na minha cidade de origem, foram presos. Os policiais tomaram deles tudo o que possuíam – que já era pouco – e ainda lhes aplicaram uma multa em dinheiro. Como todos os nossos pastores e líderes são pobres, não têm como pagar; então, permanecem na prisão por muito tempo.
Estima-se que a população cristã na China de hoje beira os 80 milhões de indivíduos, o que a colocaria na segunda posição mundial em números absolutos de crentes. Esse número corresponde à realidade?
Bem, conforme os últimos relatos do ministério encarregado dos assuntos religiosos do governo chinês, o número de cristãos na China já passou dos 100 milhões. Os dados passados pelos responsáveis do governo são reais, pois há poucos dias um líder da Igreja doméstica me confirmou esse número. Eu, pessoalmente, acredito que são mais de 20 mil conversões por dia. Mas há organizações que falam em mais de 30 mil novos convertidos ao Evangelho diariamente.
Quantos deles pertencem às igrejas clandestinas?
Cerca de 70 por cento dos crentes chineses são ligados às igrejas clandestinas e às comunidades evangélicas domésticas. Os outros são membros da Igreja oficial.
Qual o perfil social da membresia da Igreja chinesa?
Antigamente, havia cristãos somente nas pequenas províncias, e eles eram muito pobres. Após 1989 [N.da redação: naquele ano, houve um grande levante estudantil contra o regime chinês, que desencadeou o Massacre da Praça da Paz Celestial, na capital Pequim], muitos estudantes se converteram a Jesus. Desde então, pessoas de poder aquisitivo também passaram a crer em Jesus.
O senhor acha possível ser um verdadeiro cristão estando ligado à Igreja oficial?
É possível, sim. Eles amam a Deus, assim como os outros cristãos da Igreja subterrânea também o fazem. Esses irmãos trabalham para o governo, mas seus corações pertencem a Jesus.
Existe algum diálogo entre o Estado e a Igreja não-oficial?
Não existe esse diálogo porque o governo chinês não dá a nenhuma oportunidade de conversação. Eles perseguem a Igreja clandestina continuamente.
Quais são as maiores penalidades a que um cristão pode ser submetido pelas leis chinesas?
Na China, o cristão pode ser condenado até mesmo à pena de morte. É proibido falar do Evangelho. São permitidos apenas os cultos realizados pela Igreja oficial – e o governo impõe dia, hora e local para a realização dessas reuniões. Quem não cumpre exatamente o estabelecido é multado como os setenta pastores recentemente punidos. Como já disse, que não tem dinheiro para arcar com essas multas acaba preso.
Como é o ensino religioso e a formação de obreiros na China?
Existem escolas bíblicas nas igrejas oficiais. Nas congregações subterrâneas, temos seminários clandestinos para preparo de líderes. Mas quando as aulas são dadas por um professor estrangeiro e ele é descoberto pelas autoridades, é imediatamente deportado e não pode retornar ao país durante cinco anos.
É possível montar uma liderança forte nestas condições?
As igrejas clandestinas têm a sua liderança autóctone muito forte e bem preparada – para ser aprovado para dirigir uma igreja não-oficial, é necessário que o candidato a líder tenha passado pelo cativeiro ao menos de uma até três vezes. Apenas estudar numa escola bíblia não é suficiente.
Como é o dia-a-dia de um crente perseguido em função de sua fé?
Um cristão ou lider perseguido não deve retornar para sua casa. Caso a sua família ou os seus amigos o acolham, tornam-se seus cúmplices, e também podem ser presos. Muitos vão para as pequenas províncias para fazer o trabalho missionario. Mas, muitos outros, mesmo correndo o risco de serem presos, permanecem onde estão, falando do Evangelho por amor a Jesus.
Como é o seu ministério hoje, depois que obteve asilo na Alemanha?
Meu ministério continua sendo pregar o Evangelho e dar testemunho do poder de Jesus. Eu trabalho principalmente com obreiros e pastores. Em amo a Igreja clandestina chinesa e consaidero-me seu porta-voz aqui no Ocidente.
Em seu livro, o senhor relata diversos episódios marcados pelo que considera ação sobrenatural de Deus, como a cura de seu pai e a sua fuga da prisão. Muitos crentes, contudo, acham que esse tipo de manifestação está restrito ao passado. O que é preciso para ver o milagre acontecer?
Nós precisamos ter fé, confiar no Senhor e orar para que o milagre possa acontecer. Nós precisamos obedecer exatamente às instruções de Deus, então pode acontecer um milagre. Eu acredito que milagres assim não aconteceram só na época dos apóstolos ou comigo, mas ocorrem diariamente e podem acontecer com todos os creem na verdade divina. Mesmo que o mundo se modifique, a Palavra de Deus jamais mudará. Ela permanece a mesma, sempre real e viva!
O senhor faz críticas ao materialismo da Igreja Evangélica ocidental. Na sua opinião, como essa Igreja pode exercer papel relevante no Reino de Deus?
Primeiramente, verifiquei que os pastores das Igrejas tradicionais ocidentais veem sua obra como uma profissão. Isso significa que não realizam a obra de Deus como um chamado e não querem abrir mão do seu poder aquisitivo. Na China, nossas prioridades são diferentes: primeiro, tornar-se cristão, através da conversão. Segundo, afastar-se das tentações e tentar viver uma vida sem pecado. Acredito que, apesar da influência do materialismo sobre o Ocidente, a Igreja dessa parte do mundo deve se empenhar para divulgar o Evangelho e ajudar aos necessitados.
O que a Igreja brasileira, especificamente, pode fazer em relação àqueles irmãos chineses que sofrem restrições e supressão de direitos em virtude de sua fé em Cristo?
Em primeiro lugar, orar pelas famílias dos líderes e pastores encarcerados. Eu sou muito grato aos irmãos de todo o mundo que oraram por mim e por minha família enquanto estive preso. É preciso orar também pela evangelização nos países budistas, islâmicos e hinduístas, e pelas Igrejas clandestinas chinesas, também chamadas subterrâneas, para que não sejam influenciadas pelo crescimento econômico. Pedir a Deus que, apesar da perseguição, elas continuem firmes e convictas na visão do Reino de Deus. O desejo sincero do meu coração é que cada cidadão chinês possa possuir a sua própria Bíblia.
Aos 51 anos de idade e depois de tantos sofrimentos, experiências milagrosas e realizações para o Reino de Deus, o que o senhor faria diferente em seu ministério, caso pudesse voltar no tempo?
Olha, eu agradeço a Deus por ter me convertido ao cristianismo aos 16 anos de idade. Na minha vida, já passei por muitos sofrimentos e também obtive muitas vitórias. Não me arrependo de nada. Porém, se eu tivesse a oportunidade de voltar no tempo novamente, eu faria tudo com maior convicção, dedicação e fé.
Fonte: http://iconoclastasdoevangelho.blogspot.com/2010/09/o-apostolo-da-china-liu-zhenying-irmao.html
Ilustração: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinvG_Cc0qJqwIECrD4vu73bdshcYWLLee5dKWlALaxXQMkkp8uUHl5iDBzVhJAa5B0V8h0_t6uuEQ3TSReClULtZWXAMJDZz4-HR5A_O7dhxDqK2SvWBqSvtLdQefsWp2DEMqERBX-pYj-/s1600/irm%C3%A3o,%2BYun.jpg&imgrefurl=http://igreja-online.blogspot.com/2010_02_01_archive.html&usg=__Z8QJ9Ud_lwioobriDWxWCMZSpus=&h=480&w=623&sz=41&hl=pt-BR&start=0&zoom=1&tbnid=HDobvtaedfml4M:&tbnh=148&tbnw=175&ei=cSbJTaP9I-br0QGRrcjcCA&prev=/search%3Fq%3Dliu%2Bzhenying%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26biw%3D1596%26bih%3D751%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=126&vpy=243&dur=172&hovh=197&hovw=256&tx=137&ty=118&page=1&ndsp=38&ved=1t:429,r:9,s:0
segunda-feira, 9 de maio de 2011
AFINAL, PARA QUE SERVE A FILOSOFIA?
Não tenho a presunção de me considerar um filósofo, considero-me um curioso, um estudante de Filosofia, um discípulo de Sócrates, dizendo sempre: “Só sei que nada sei”. Mas sempre que falo para alguém que sou formado em Filosofia e que sou professor de Filosofia, é muito comum ouvir a seguinte pergunta: “Afinal, para que serve a Filosofia”? Respondo que é uma das perguntas mais dificíeis de responder, porque se eu mesmo soubesse não era estudante de Filosofia, mas se estudo Filosofia é justamente para tentar descobrir para que serve a Filosofia.
Uma coisa tenho a plena certeza, a Filosofia pode nos auxiliar em muitas áreas das nossas vidas, sobretudo quando o assunto se trata do pensamento. Fico imaginando comigo mesmo, se um professor pensasse melhor, daria uma aula melhor, conseguiria atrair os alunos para o seu conteúdo e faria a diferença no meio de uma educação tão caótica na qual todos nos educadores e educandos ainda estamos inseridos. Se um médico pensasse melhor, não cometeria erros médicos, muitos deles usando da racionalidade, trataria os pacientes com mais educação, e muitos deles honrariam o juramento de Hipócrates: “A vida em primeiro lugar, o dinheiro depois.”
Um engenheiro inspirado pela crítica advinda da filosofia jamais traçaria uma planta de um prédio para que esse depois de edificado viesse a apresentar defeitos, rachaduras, e até mesmo vir a cair. Um advogado, sob a égide da Filosofia, conseguiria colocar em prática o antigo lema do Direito: “Se o direito entrar em conflito com a justiça, luta sempre pela justiça.”Um arquiteto inspirado na estética, que compreende a arte do belo na filosofia, poderia produzir obras que serviriam de encanto e de beleza para os olhos.
Um juiz, que representa a mais alta autoridade da justiça humana, se agisse sempre pelo conceito de justiça platônico, que é o de “dar sempre a cada um aquilo que lhe é merecido”, faria sempre dos vereditos verdadeiros editais que enobrecessem a justiça, julgaria sempre a favor dos injustiçados e jamais deixaria de julgar com equidade a causa dos orfãos e das viúvas. Ah, quem dera! Se os nossos políticos, em sua grande maioria, aprendessem um pouco sobre a importância da filosofia na vida pública, muitos deles jamais legislariam em causa própria, se sentiriam incomodados recebendo altos vencimentos, enquanto que um médico e um professor que trabalham nas redes públicas recebem um salário que fazem da saúde e da educação as duas grandes vergonhas nacionais do Brasil.
Se todos os profissionais entendessem que a filosofia é a auxiliadora racional de todas as profissões existentes no mundo, viveríamos em um mundo com profissionais mais educados, mais prestativos, mais conscientes de suas profissões, com convicções genuínas pelas profissões que escolheram, não seriam escravos do mercado, não visariam somente o lucro, não enxergariam os seus clientes como meros objetos ou coisas, desenvolveriam um trabalho sempre com qualidade, para não denegrir a sua classe nem aqueles profissionais competentes e honestos.
Então? Para que será que serve a Filosofia? Refletimos.
*Giovani Ribeiro Alves, filósofo, professor de Filosofia na rede pública estadual, ministro do Evangelho, membro da Assembleia de Deus, do Bairro de Campinas, em Goânia, membro da Associação Goiana de Imprensa, escritor e articulista do Diário da Manhã - giovaniribeiro42@gmail.com
Fonte: Jornal Diário da Manhã - Goiânia-GO - 9 de maio de 201
http://site.dm.com.br/#!/281712
domingo, 8 de maio de 2011
MAURO RUBEM DEFENDE MEDIDAS PROPOSTAS PELA PREFEITURA DE GOIÂNIA PARA MELHORIA DA SAÚDE NO MUNICÍPIO
Priorizar a qualidade dos atendimentos e sua resolutividade, tendo como base a descentralização das decisões e ampliações dos compromissos e responsabilidades sanitárias, sejam individuais ou coletivas. Com este objetivo, o prefeito Paulo Garcia e o secretário municipal de Saúde, Elias Rassi Neto, anunciaram nesta quarta-feira (4), no Salão Nobre do Paço Municipal, uma série de medidas para a melhoria e reordenamento dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiânia.
O titular da Comissão de Saúde e Promoção Social da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, deputado Mauro Rubem (PT/GO), esteve presente na solenidade. Desde 1983 na luta por uma saúde pública de qualidade, o parlamentar tem acompanhado in loco a dificuldade dos cidadãos goianos com as inúmeras filas de espera para consultas, exames e/ou atendimentos de emergência pelo SUS principalmente em Goiânia, onde mais de mil municípios recorrem à capital para serviços na área da saúde.
Mesmo com o grande número de desafios, o petista defendeu a iniciativa da Prefeitura, acreditando que estas ações marcam o início de grandes mudanças. "Com a inauguração de novos leitos de UTI na capital, convocação de mais de 300 concursados e a implantação das medidas que foram divulgadas aqui, acreditamos que a saúde pública em Goiânia dará um salto em qualidade. Precisamos reverter essa situação em caráter de urgência e evitar que novas pessoas morram nos corredores dos hospitais", afirma.
Estão entre as medidas, a redução do tempo de espera dos usuários nas Unidades de Saúde; melhoria das condições de trabalho aos servidores; contratação de mais de 16 mil exames e descentralização da emissão de vale-exames para as Unidades Municipais de Saúde; a ampliação do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde da Família (UABSFs), com atendimento das 7h às 19h de segunda a sábado; incremento no número de leitos de UTIs contratados pelo SUS; convocação de 355 concursados na área da saúde, dentre eles Fiscais de Saúde Pública e Farmacêuticos, e realização de processo seletivo público de agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias; conclusão da construção da maternidade D. Iris e realização de novo concurso público para a unidade; construções e reformas de unidades de pronto atendimento, centros de especialidades e unidades de saúde; realização de conferências distritais e municipais de saúde; e elaboração de novo Plano Municipal de Saúde.
Além disso, o prefeito adiantou que outras decisões também serão adotadas nos próximos meses voltadas fundamentalmente à construção de redes assistenciais (saúde mental, criança, mulher, doenças crônicas, etc.) e articulações entre os diferentes serviços de saúde.
Wanja Borges – Assessoria de Comunicação
Mandato Popular Deputado Mauro Rubem (PT/GO)
Foto: Ascom Prefeitura Goiânia
Fonte (Qua, 04 de Maio de 2011 16:43):
http://www.maurorubem.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1458:mauro-rubem-respalda-medidas-propostas-pela-prefeitura-de-goiania-para-qualificacao-da-saude-no-municipio&catid=45:saude&Itemid=108
sexta-feira, 6 de maio de 2011
A AEPET JAMAIS SE CALOU
Em resposta ao artigo do jornalista Hélio Fernandes publicado na Tribuna de Imprensa de 04 de maio, a Aepet que completa 50 anos de lutas e resistência esclarece que:
Desde a sua fundação em 1961, a Aepet tem feito a defesa da Soberania Nacional, do Monopólio Estatal do Petróleo, da Petrobrás e do seu corpo técnico. Em 1988, com a elaboração da nova Constituição Federal, nós da Aepet tivemos a idéia de levar o monopólico estatal do petróleo para o nível constitucional. Entre nossos ilustres colaboradores e que nos deram total apoio estava Barbosa Lima Sobrinho e várias outras entidades da sociedade brasileira. Nós conseguimos fazer com que o monopólio estatal fosse colocado na Constituição, no Artigo 177, mas para nossa tristeza, a pressão internacional sobre o governo brasileiro ocasionou a queda do monopólio em 1997, através da Lei 9478 do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De lá para cá, a Associação vem fazendo o trabalho de reversão.
Estamos com a “Campanha o Petróleo tem que ser nosso”, leilão é privatização, é entreguismo. Estamos lutando, junto com o Sindipetro/RJ e muitas outras entidades pelo fim dos leilões e na defesa do pré-sal.
A Aepet é reconhecida pelos movimentos sociais como a entidade que impediu que a Petrobrás fosse hoje uma Petrobrás desnacionalizada e parte do cartel internacional.
Em 2010, fizemos 80 palestras por todo o País, sempre combatendo os leilões e denunciando as ações do lobby internacional (confirmado pelos telegramas do site do Wikileaks). Temos várias publicações contra os leilões. Fizemos um DVD da nossa palestra em Porto Alegre, que foi distribuído pelas entidades gaúchas por todo o País. Nestas palestras foram criados cinco comitês em defesa do pré-sal e contra os leilões em vários estados. Temos lembrado nas palestras que quando o petróleo era um belo sonho, nós fizemos o maior movimento cívico da nossa história. E agora nós temos uma realidade, muito além do que imaginávamos, tendo, portanto, que garantir que esse petróleo seja nosso e não entregue ao capital estrangeiro. Este tem sido o grande objetivo da Aepet. Portanto, alguns pontos precisam ser retificados:
No governo de transição estivemos realmente conversando com a futura ministra Dilma, mas levando a ela a nossa posição contra os leilões. Ante nossa firme posição, ela perguntou: “Vocês acham que é possível reverter o 5º leilão?”
Respondemos: achamos difícil pelo estado avançado do processo. Além do mais, a Petrobras comprou mais de 90% das áreas licitadas, as mais importantes. O que nós viemos lhe propor é que não haja mais leilões por serem muito perniciosos ao País.
Dilma respondeu: “Isto é ponto pacífico, no Governo Lula não haverá leilões”. Só que, um mês depois o CNPE autorizou a ANP a retomar os leilões. A pressão foi violenta, pois até o ex-grande nacionalista Haroldo Lima se converteu num leiloeiro inveterado.
Outros pontos que o ilustre jornalista precisa saber: a Ação de Inconstitucionalidade movida pelo Governador Requião foi toda iniciativa da Aepet. Nós, através do grande Bautista Vidal, conseguimos a elaboração da ação por uma equipe de advogados e depois uma revisão feita pelo constitucionalista Fábio Konder Comparato (que não apareceu, conforme sua exigência). A elaboração por Comparato foi a condição exigida por Requião para assinar a ação. Depois de dois votos magistrais de Ayres de Brito e Marco Aurélio Mello, tivemos sete votos medíocres contra nós. Eu e o Bautista assistimos a todo o julgamento do STF. Temos a fita arquivada na Aepet.
Por conta desses contatos, Requião nos convidou para dar palestras na sua Escola de Governo, além de participação em vários programas na TV Educativa do Paraná.
Também o ilustre jornalista não publicou que as duas ações (do Clube de Engenharia e da então deputada Dra. Clair) que suspenderam o 8º Leilão foram iniciativas da Aepet. Quando as liminares foram suspensas, fomos à Procuradoria da República explicar aos procuradores a gravidade do 8º Leilão. Eles fizeram carta à Agência Nacional do Petróleo - ANP exigindo a não retomada do 8º Leilão até que o Novo Marco Regulatório fosse aprovado no Congresso Nacional. Não foi retomado.
Agora no Governo Lula, acompanhamos a elaboração dos projetos do novo marco regulatório, incluindo o Contrato de Partilha e derrubamos, no Senado, a emenda do Relator Henrique Alves que devolvia os royalties em petróleo para o consórcio produtor. Essa emenda foi fruto do trabalho do Lobby do IBP no Congresso. Fomos ao senador Pedro Simon e explicamos a ele durante quatro horas as conseqüências dessa emenda absurda. Simon fez um belo discurso no plenário e matou a emenda.
Quando senador Romero Jucá recolocou, sub-repticiamente, o espírito dessa emenda no seu parecer, em quatro artigos, fomos nós da Aepet que descobrimos o golpe. Voltamos ao senador Simon e ele fez uma emenda, que foi aprovada por maioria esmagadora e se tornou o artigo 64 do parecer Jucá, e cujo parágrafo terceiro proíbe a devolução dos royalties. A emenda Simon foi combatida sob o falso argumento de prejudicar o Rio de Janeiro, o que não é verdade, pois ela propõe também a distribuição dos royalties, mas sob as premissas de uma lei de participação que está sendo revista e pode contemplar corretamente os estados produtores. Lembramos aos parlamentares que o Rio perde duas vezes mais do que essa alegada perda, com a isenção do imposto de exportação pela Lei Kandir. Mais de R$ 10 bilhões por ano sem qualquer sentido. Petróleo não precisa de incentivo. O primeiro mundo precisa dele.
Lamentavelmente, sob pressão da mídia submissa ao grande capital, o presidente Lula vetou a Emenda Simon e deixou os contrabandos de Jucá, que dão, de presente, aos grupos estrangeiros 15% de royalties, em petróleo, às custas da União. Também participamos de quatro audiências públicas na Câmara e no Senado debatendo a Petro-Sal, o Fundo Social, o Contrato de Partilha e a Cessão Onerosa (Capitalização da Petrobrás). Agora nós estamos trabalhando para derrubar o veto. Estivemos nesta semana com seis deputados e quatros senadores fornecendo informações relevantes.
Portanto, meu caro jornalista, mais uma vez, os seus dois informantes, que brigaram com o saudoso Heitor Pereira (que não gostava de briga), estão desinformados. E, como dizia Helio Beltrão, “os maiores inimigos da Petrobrás (e da Aepet) são a desinformação e o preconceito”.
Espero que você, bravo jornalista, que sempre mereceu a nossa admiração, publique esta resposta e, no futuro, procure a Aepet para se esclarecer melhor, pois sendo o grande jornalista de sempre não deve pôr em risco a sua notável credibilidade.
Grande abraço
Fernando Siqueira
Fonte: Associação dos Engenheiros da Petrobras - Aepet
http://www.aepet.org.br/site/noticias/pagina/7345/A-AEPET-JAMAIS-SE-CALOU
Confira o artigo do jornalista Helio Fernandes: http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=18145
quarta-feira, 4 de maio de 2011
O SERTANEJO
Caboclo, matuto, capiau, caipira ou roceiro
Deus assim o escolheu criatura do sertão
Pessoa de fibra, destemido, fiel brasileiro
Filho da Natureza que ele ama de coração.
Da terra ele extrai nosso sagrado alimento
De sol a sol, perseverante na sua simplicidade
Ao pobre e ao rico garante o sagrado sustento
Reduzindo a fome e outros males da humanidade.
Dia 03 de maio é o dia que lhe foi consagrado
Relembrando seu valor, virtudes e sua grandeza
Honras e glórias são dadas ao trabalho realizado
Buscando o progresso com disposição e firmeza.
Parabéns por sua luta nos prados e na campina
No cavalo, no machado, na foice e na enxada.
No preparo do solo, inspirado numa causa divina
Permitindo o progresso desta Pátria tão abençoada.
Receba, pois, respeitável sertanejo, os cumprimentos
Através desta homenagem oportuna, justa e merecida
Que Deus o proteja e o assista em todos os seus momentos
Proporcionando-lhe forças e a melhor qualidade de vida.
*Aníbal Silva é jornalista e delegado especial de Polícia de Classe Especial; integrante da Loja Maçônica Paz Universal nº 17 – GLEG.
Fonte da foto: Universo Maçônico
http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&biw=1596&bih=728&gbv=2&tbs=isch%3A1&sa=1&q=an%C3%ADbal+silva+goi%C3%A2nia&aq=f&aqi=&aql=&oq=
quinta-feira, 28 de abril de 2011
SOU UM FORA DA LEI
Silvino Geremia *
Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a vida das pessoas que tocam este país: investir em educação é contra a lei. Vocês não acreditam? Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa. Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá. Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo. Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico.
Este ano um fiscal do INSS visitou a empresa e entendeu que educação é salário indireto. Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS. Tenho que pagar 26 000 reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários? Eu acho que não. Por isso recorri à Justiça. Não é pelo valor, é porque acho essa tributação um atentado. Estou revoltado. Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado 1 000 vezes.
O Estado brasileiro está falido. Mais da metade das crianças que iniciam a 1a série não conclui o ciclo básico. A Constituição diz que educação é direito do cidadão e dever do Estado. E quem é o Estado? Somos todos nós. Se a União não tem recursos e eu tenho, eu acho que devo pagar a escola dos meus funcionários. Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado. Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz. Se a moda pega, empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão recuar.
Não temos mais tempo a perder. As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com a realidade devem ser revogadas. A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos novos tempos. Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz. Vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.
Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo. Completei o 1o grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica. Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso de Engenharia Mecânica por falta de tempo. Eu precisava fazer minha empresa crescer. Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar. Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo. A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários já estão chegando à Universidade.
O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais. Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educação poderá reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe. Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça. Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer. E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa oportunidade. O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, que não teria qualquer aproveitamento prático na Geremia. No mínimo, ele trabalhará mais feliz.
Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz. Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados. Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado duas Mercedes. Teria mandado dinheiro para fora do país e não estaria me incomodando com leis absurdas. Mas não consigo fazer isso. Sou um teimoso.
No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado, cabe uma outra pergunta. Quem vai fazer no seu lugar? Até agora, tem sido a iniciativa privada. Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do Estado. As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais. Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos de seus funcionários. Não é o meu objetivo. Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito de eventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso: as pessoas.
Eu sou mesmo teimoso.
*Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Revista Exame / Edições / 0619
Fonte: https://mail.google.com/mail/h/1srkken865y68/?v=c&th=12f96eca0d8ef3a3
sexta-feira, 15 de abril de 2011
GERALDO VALE, O PRÍNCIPE DA IMPRENSA
O jornalista Geraldo de Araújo Vale, natural de Orizona, filho de Idomeneu Marques de Araújo e Mariana Rosa de Araújo, nasceu no dia 23 de março de 1914. Faleceu no dia 30 de abril de 1979.
Dotado de invejável tino de observação, consagrado na imprensa goiana, era ainda filósofo como poucos, escritor, crítico e poeta.
Como repórter, marcou época com alguns dos seus trabalhos. Todos, focalizando Goiás, estado eu conheceu do “Paranaíba às confluências dos rios Tocantins-Araguaia”, como costumava afirmar. De fato, foi agenciador estatístico do IBGE – atividade que lhe deu oportunidade de conhecer todos os municípios do Estado. Escrevia com conhecimento de causa sobre qualquer assunto ligado ao interior goiano, notadamente sua história e potencialidade econômica.
Amizade, ele cultivou em todas as localidades. Daí porque obteve expressiva votação quando se candidatou, uma ou duas vezes, a cargos na esfera federal. Mais como protesto e afirmação pessoal. Vale lembrar que em décadas passadas os jornalistas eram mais temerosos em participarem da política como candidatos.
Na Associação Goiana de Imprensa foi presidente por três mandatos, todos em alternância. Jamais patrocinou a sua própria candidatura e sempre elegeu-se em oposição.
Em sua gestão aconteceu, em Goiás a Conferência Nacional de Jornalistas que prestou inestimável ajuda a Goiânia na afirmação junto ao País e ao mundo.
Também, sob a égide da AGI, em sua gestão, foi criado o primeiro curso de jornalismo em Goiás, com reconhecimento oficial inclusive. Vários dos jornalistas que militam na comunicação atual tiveram o início de carreira naquele curso ministrado pela entidade, idealizado pelo seu presidente.
Inaugurou, no recinto da AGI, um restaurante que funcionou por vários anos, oferecendo refeições fartas e com preços acessíveis aos associados.
Fundou um curso de música para os associados e dependentes e sua administração fazia com que a AGI estivesse presente em tudo que dizia respeito aos interesses de Goiás e sua gente, mormente aos jornalistas. Por várias vezes esteve na Capital da República (no Rio e Brasília), defendendo os interesses da classe. O presidente Juscelino Kubitschek tinha pelo mesmo acentuada admiração e de certa feita afirmou de viva voz: “Geraldo, as portas do Palácio da Alvorada (residência do presidente) estarão sempre abertas para você”.
Por gestões suas no IAPI (INSS de então) conseguiu financiamento para a construção de residências (boas) para 40 sócios da AGI. Democraticamente, abriu inscrições para os interessados. Entregou a execução da escolha dos pretendentes a uma comissão, a qual, por ironia, não incluiu o nome de Geraldo na relação dos beneficiados. Embora todo o trabalho para se conseguir o financiamento tenha sido feito na gestão de Geraldo Vale, a liberação dos recursos deu-se em mandato que não o seu.
Pouco dado a esmero no trajar, era quase sempre visto em um terno roto e gravata quebradiça. Mesmo assim, era bem recebido e admirado em todos os eventos de que participava, notadamente nas áreas culturais. Benquisto sempre o foi em todos os lares goianienses, mesmo porque era um “gentleman”, que dosava sempre suas palavras, razão pela qual nas residências mais nobres de Goiânia era recebido sempre de braços abertos. Em suas visitas de amizade, além de participar com desenvoltura sobre os mais variados assuntos, não se descuidava quando era convidado a dedilhar um violão ou fazer vibrar o som das cordas de um piano à vista.
Passou por vários jornais de Goiânia, como O Popular, Cinco de Março, Folha de Goyaz e outros. A muitos dos jornais e revistas de circulação efêmera, Geraldo emprestou a sua efetiva colaboração, orientando os “donos”, na maioria jovens e idealistas. Fundou, juntamente com Clotário de Freitas (na Rua 20, quem se lembra?) o jornal Nova Capital quando falar sobre a transferência da Capital Federal para o Planalto Central era coisa risível.
Homem bastante para a grande tarefa.
Por ocasião da construção de Brasília, foi um dos pioneiros, prestando inestimável serviço à Companhia de Urbanização da Nova Capital da República. A convite do seu amigo Altamiro de Moura Pacheco, aceitou fazer parte da Comissão de Desapropriação das Terras do sítio da Nova Capital. Altamiro, homem probo ao qual Goiás muito deve, viu no jornalista “o homem bastante grande para a tarefa” e sempre dizia que o mesmo era “um dos expoentes do jornalismo e da cultura em Goiás”.
Na literatura também se fez presente. Escreveu e editou vários livros. Só na Editora Oriente foram três títulos impressos.
Resistência civil
Convém recordar que na gestão de Geraldo Vale, quando a Posse de João Goulart, então vice-presidente da República, venha sendo impedida por correntes políticas e militares, na renúncia do presidente Jânio Quadros, a sede da AGI foi transformada em batalhão de resistência, tendo inclusive, dezenas de seus associados se postado em prontidão para atacar Brasília, caso João Goulart não assumisse a Presidência. A posse foi concedida, todos sabem, um tanto frustrante para o “batalhão da AGI” em decorrência da instalação apressada do parlamentarismo. Geraldo Vale, nesse episódio, não só cedeu as instalações da AGI como procurou arregimentar vários associados para a causa. Isso, com o total apoio da Assembleia Extraordinária da entidade, que contou com mais de 300 partícipes em um só ato, feito jamais igualado em toda a história da entidade.
Difícil, mesmo, falar sobre Geraldo Vale e suas realizações ao longo de sua vida. O fato é que deu tudo de si para todos e teve muitas decepções em troca.
A história fará justiça nos méritos deste que é cognominado “o príncipe da imprensa Goiânia”.
Obras de Geraldo Vale
1. Palavras do Caminho – 1965 – Premiado pela Academia Goiana de Letras
2. O Discurso de Satanás – Ficção política etiológica
3. No Cemitério das Oposições – Tragicomédia política
4. Em busca de Deus e da Paz – Filosofia
5. A Vida supera a Arte – Contos reais
6. Palavras do Caminho – Reedição – poesia
7. Ginástica e Estética da Língua Portuguesa
8. Versões e Pensamentos
9. Tenda do Caminho – Mensagens espiritualistas
10. O Poder da Prece – Concepção científica do pensamento humano e cósmico
11. A Catedral Submersa e uma noite em Pompadal – Poemas
12. Numerologia Filosófica
13. Na Seara dos Gênios
14. Filosofia da Música – Tese sobre didática musical, obra inacabada.
Muitas dessas obras estão esgotadas e algumas desaparecidas ou não chegaram a ser editadas.
*Walter Menezes, jornalista, ex-presidente da Associação Goiana de Imprensa e atual diretor do Jornal da Cultura Goiana.
12 de Abril de 2011
Fonte: Jornal Diário da Manhã
http://www.dm.com.br/#!/275457
sábado, 9 de abril de 2011
A MULHER DE LÓ E A LEI DA ANISTIA
A atoarda que se vem fazendo, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, e das leis ordinárias que regulamentaram a Lei da Anistia, está a suscitar algumas considerações pertinentes à matéria.
Todos se lembram do clamor popular, sob a égide das lideranças pensantes do País, a fim de que se pusesse um ponto final na Era de arbítrio que caracterizou, no plano político, o movimento militar de 31 de Março de 1964, a que se convencionou chamar de “Revolução de Março de 1964”. O presidente Ernesto Geisel já havia revogado o AI-5, símbolo daquela Era. Imprescindível completar-se-lhe a obra com um instrumento normativo para, eventualmente, corrigirem-se-lhe injustiças de natureza reparadora, visando-se a um congraçamento nacional.
Assim é que foi sancionada a Lei nº 6.683, 28.08.1979, denominada Lei da Anistia.Em seu art. 1º. , o legislador ordinário assim disciplinou a matéria:“É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de Fundações vinculadas ao Poder Público, aos servidores dos poderes Legislativo e Judiciário, aos militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares”. No seu § 1º, a Lei estabelece: “Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política”.
Uma vez em vigor a Lei da Anistia, voltaram ao País todos ou quase todos os seus destinatários exilados, e, paulatinamente, se foram reintegrando à vida nacional. Uns receberam indenizações financeiras, outros voltaram a ocupar cargos dos quais foram, ilegalmente, afastados por atos discricionários.
Vejo, agora, com acentuada preocupação, que se pretende revogar a Lei da Anistia, a fim de invalidar os seus efeitos no que tange aos agentes do governo militar, mantendo, contudo, intocáveis, os efeitos benéficos para as vítimas do governo discricionário.
Quando se promulgou a Lei da Anistia, prática político-administrativa que vem do Império, com os vários movimentos secessionistas do Nordeste ao Sul do País, imaginava-se que estava aberto o caminho para a paz, e a reconciliação nacional.
Ledo engano. Agora no poder, os anistiados, que aceitaram de bom grado os benefícios da Anistia, inclusive os de natureza financeira, voltam ao tema pretendendo anular os benefícios creditados aos agentes do governo revolucionário, como se a Lei da Anistia, obliquamente, somente gerasse efeitos benéficos numa determinada direção, e não com a amplitude inerente ao instituto. Essa postura vesga de alguns setores da sociedade, marcadamente radical, me faz lembrar um episódio bíblico que ficou para a posteridade. Refiro-me ao registro do que aconteceu em Sodoma.Diz a Gênesis, capítulo 19, que, pretendendo destruir a cidade, o Senhor mandou-lhe dois anjos para que procurassem, na cidade, algumas pessoas que ainda não estivessem contaminadas pela podridão moral. Os anjos encontraram ali, dignos de serem salvos da destruição, Ló, sua esposa e as duas filhas do casal. Os anjos, então, tomaram a Ló pela mão e a sua família, com o seguinte apelo: Saiam, imediatamente da cidade, mas não olhem para trás.
E assim se fez. Chegado o momento, Ló tomou a família, e saiu da cidade, sem olhar para trás, como haviam recomendado os anjos do Senhor. Todavia, a mulher de Ló não resistiu à curiosidade, e olhou para trás, transformando-se numa estátua de sal.
É o que está na iminência de acontecer com as mulheres de Ló de nossos dias. Elas podem reeditar o episódio de Sodoma, e, os olhos fixos no passado, podem se transformar em estátuas de sal, petrificadas na obsessão de um passado a esquecer.
Enquanto a vida continua a fluir para cumprir seu destino histórico.
*Licínio Barbosa, advogado criminalista, professor emérito da UFG, professor titular da PUC-Goiás, membro titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ, e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro efetivo da Academia Goiana de Letras. E-mail liciniobarbosa@uol.com.br)
Fonte: Jornal Diário da Manhã
http://www.dm.com.br/#!/274552
sexta-feira, 8 de abril de 2011
DEFESA NACIONAL
quarta-feira, 6 de abril de 2011
PENSAMENTO SOBRE O PECADO
(James Farrel, em O Cerco de Krishnapur).
VILA MATIAS
Giovani Ribeiro Alves*
Parte da minha infância foi vivida entre Taguatinga Sul, no Distrito Federal e outra parte no Conjunto Riviera, em Goiânia. Em Taguatinga Sul, moramos a maior parte do tempo na Vila Matias, em um barracão de tábua de apenas dois cômodos, em um lote com mais nove barracões, um banheiro coletivo para todas as famílias, uma cisterna com uma carretilha para tirarmos água. Dentro do barracão, um fogão Dako, de quatro bocas, um botijão de gás, uma cama de casal para os meus pais, e uma beliche onde dormíamos eu e minha irmã, Meiry Lúcia, além de uma rude mesa com quatro cadeiras e um antigo armário de madeira.
Em baixo da cama da minha mãe, tinha um penico de plástico, pois em noites de chuva e de frio, o acesso ao banheiro era muito difícil, então urinávamos no penico e pela manhã derramávamos a urina no banheiro que possuía apenas um vaso sanitário e um chuveiro frio para atender dezenas de moradores daquele lote enorme, com a casa de alvenaria na frente do lote, que pertencia aos proprietários, Seu Ivo e Dona Iracema. A rua era larga, sem asfalto, nos dias chuvosos os sapos cantarolavam, fazendo ecoar um som, como que chamando alguém: “Bruno” , “Bruno”, “Bruno”, isso facilitava a diversão de uma infância sem brinquedos mas com muitas brincadeiras, como as “fincas” que eram jogadas em tempos de chuva, pois o chão molhado facilitava a brincadeira.
A inesquecível Nair, determinada, solteirona, que cuidava da mãe, dona Geralda, uma senhora já bem idosa, uma vez fui com dona Geralda na feira da pracinha da Vila Matias, que ficava nas imediações do antigo Cine Rex, e lá aprontei uma grande arte com a ”pobre velha”, ela caiu e na sua queda os seus óculos foram lançados para um lado e os seus chinelos para o outro, quando uma senhora a levantou, eu disse a ela que uma ponta de cigarro que estava no chão, também era de dona Geralda, a mulher então quando ia colocando o cigarro de volta na boca da dona Geralda, ela bradou: “Eu não fumo, isso é caçoagem do Giovani.” Dona Geralda era uma mineira franca, branca, de baixa estatura, fortinha e que usava um óculos de massa, cor preta, ela morava em dois cômodos na fundo da casa da sua filha Nair, quando eu ia até o seu barraco me chamava a atenção um relógio de parede no formato de uma chaleira e foi em seu singelo barracão onde pela primeira vez eu vi um “Bom Ar”, que dona Geralda aspergia constantemente nos seus dois cômodos para perfumar o ambiente.
Nair era uma serviçal da rua, aplicava injeções, gostava de repartir o pão, e cuidava dos gatos e cachorros abandonados que apareciam em sua porta, funcionava em sua casa uma espécie de “vendinha” para a meninada, comprávamos fiado e no final do mês nossos pais pagavam as contas. De tantas coisas que lá se vendiam, ainda me lembro dos suspiros, das marias-moles, das pipocas de doce, dos docinhos de banana e pé de moleque, picolés, pirulitos espirais, rosquinha de leite, que era fabricação da própria Nair. Para nós, meninos fregueses da Nair, a sua casa funcionava como uma espécie de reduto dos meninos que moravam nas imediações da QSD 30, onde enchíamos a barriga de guloseimas e encontrávamos a meninada toda da rua e juntos adoravámos brincar com os cachorros da Nair, Fofinho e Lilico, ambos piquinês.
Esses dias voltei na QSD 30, na Vila Matias, em Taguatinga Sul. (Os moradores que hoje moram em Taguatinga Sul , poucos sabem que Taguatinga Sul, também era conhecida por Vila Matias, que recebeu esse nome em homenagem ao Sr. Matias, um antigo morador e pioneiro de Taguatinga Sul) o cenário de hoje não é mais o mesmo de trinta e dois anos atrás, tudo mudou completamente, ruas asfaltadas, casas com grades e calçadas, os meninos desapareceram, a rua parece que morreu no esquecimento, parte do cerrado que enchia os nossos olhos cedeu lugar para a linha do metrô, apenas as torres de alta tensão ainda continuam testemunhando a veracidade da minha narrativa infantil. Dona Geralda, mãe de Nair, faleceu em 1993. A Nair continua a mesma, alegre, sorridente, de cabelos brancos e arrastando aquele sotaque paulista, com oitenta anos de idade mas com um espírito juvenil, pronunciando como de costume um português correto. Recebeu-nos com alegria e juntos voltamos ao tempo em que a rua era cheia de meninos, cachorros, buracos, lamas, sapos e capins. Os meninos da minha época cresceram, uns casaram, outros descasaram, alguns morreram, alguns permancem solteiros e uma grande maioria deles não mora mais por ali, alguns se perderam e outros se acharam na vida.
A amável Nair ofereceu-nos um delicioso café com pão e manteiga, o chão de vermelhão da sua casa ainda é o mesmo do tempo da “vendinha”, a velha geladeira “general Eletric” ainda ostenta o glamour dos anos oitenta, lá dentro ainda pude ver as vasilhas de sobremesa com gelatinas de abacaxi, como nos velhos tempos de criança em que ganhávamos de brinde a gostosa gelatina. Disse a ela que a rua não era mais a mesma e que tudo estava diferente, ela sorriu e me disse: “Giovani, tudo nessa vida passa, só não passa uma grande amizade como a nossa, que continua a mesma depois de mais de trinta anos .
(Giovani Ribeiro Alves, filósofo, professor de Filosofia e de Sociologia na rede pública estadual em Goiânia, escritor, membro da Associação Goiana de Imprensa e articulista do Diário da Manhã. giovaniribeiro42@gmail.com)
Fonte: Jornal Diário da Manhã