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quarta-feira, 6 de abril de 2011

CEM ANOS DE VIDA MÉDIA

José Morato*

Na Cordilheira dos Andes, no Equador, próximo à fronteira do Peru, vive um povo descendente dos Incas, cuja média de vida é de cem anos. Província de Lojas, Vale de Vilcabamba. La estive por duas vezes, a primeira em 1958, em companhia de três brasileiros, naturais de Ijué-RS, somente para saber as razíes desta longevidade de seus habitantes. Num de seus povoados descemos uma escada para chegar à pequena praça da igreja e, sentado no pilar, na parte baixa da escada, estava um senhor moreno, vestido de brim caqui, a quem eu perguntei quantos anos ele tinha. Respondeu:


- 115 anos. Perguntei mais ainda:


- Mas você sai assim sozinho?


- Sim, ainda estou bem e não preciso de acompanhante aqui, muita gente que anda por aé tem mais de cem anos. Ali mesmo, do lado direito esta aquele senhor que tem 112 anos, em frente outro com 105 e ali o meu compadre Juan com 109 anos, todos meus conhecidos e amigos. - Deve ter mais gente que não sei a idade mas que tenha mais de cem anos.


- Mas o que os ajuda a viver tanto assim? Perguntei.


- Não sei, o clima aqui é muito bom, a agua é uma beleza, tanto assim que os americanos a engarrafam para vender nos Estados Unidos. Não comemos sal, você poderá encontrá-lo aí, mas é de pouco uso; pouca gordura; beber, bebemos bastante. Nossa bebida é feita de milho e se chama Chichia (Titia). Há a chichia amarila, a chichia glicêna e a chichia natural. Poucas pessoas fumam. Em casa e em lugares apropriados, andamos descalço. Não tomamos nada líquido durante as refeições. Quando temos variedades de comida raramente as misturamos. - Nosso costume é comer uma coisa e depois a outra, sem misturar na hora de mastigar. A base de nossa alimentação é o milho e seus derivados. Carne quase só branca. Consideramos que o melhor alimento é a melhor medicina, o suco de limão puro, a maioria da população bebe todos os dias o suco de dois ou três limões duas vezes ao dia, com o estomago vazio. - Vocês fazem muitos exercícios? - NÓs fazemos exercício, quando descemos ou subimos escadas: o fazemos de maneira bem forte de modo que haja vibração em nosso corpo, para descer ou subir uma escada, cada degrau equivale a dez passos de quando se anda ligeiro. Esta vibração é muito boa para as artérias. Nossos músicos que tocavam em nossas igrejas viviam mais porque usavam um instrumento de bambu, vibrando todo o corpo. Nós aprendemos isto e hoje, noventa por cento da população, todos os dias, fica de pé, endurece todos os músculos das pernas, do assento, braços, pescoço, etc., e com as mãos na altura da cintura, vibramos as mãos e os braços fortemente, para cima e para baixo, pelo menos trezentas vezes. Todo dia. Esta vibração desentope as artérias e as veias; nós desentupimos com massagem superficial. - O senhor quase não tem rugas, apesar de sua idade, e quase todos que vivem aqui têm esta boa aparência. Por que? - Nossos pais nos ensinam desde crianças que a saúde é a maior riqueza. Se determinada coisa nos agride, nos aborrece ou nos preocupa, fazemos um exame: se o problema que nos aborrece tem solução, mesmo demorando e nos dando muito trabalho, afastamos esta preocupação porque sabemos que o problema tem solução. Ora, se tem solução, mesmo dando muito trabalho, não vou me preocupar. Mas se a dedução é a de que o problema não tem solução, aprendemos que, em tais casos, não devemos nos preocupar porque não tem solução. Meu querido pai veio a falecer. Eu senti muito, chorei, mas não vou ficar sempre com a sua morte, porque não adianta, ela é irreversével. Assim, afastando as preocupações e consequentemente os seus efeitos (stress), não forçamos a musculatura facial e as rugas não aparecem tanto. *José Morato é advogado em Goiânia


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