quarta-feira, 4 de agosto de 2010
SUMIRAM COM O ÁRBITRO
Teodoro de Castro Lino*
Pouca gente sabe o que é uma verdadeira briga de gigantes nos bastidores com influência política e um grande jogo de interesse para a escolha do árbitro que vai apitar uma final.
Na final da copa de 1930, Uruguai e Argentina. Os argentinos que tinham ligações comerciais com os ingleses através do famoso empresário Jorge Romero, fizeram o contato com os dirigentes da Fifa e indicaram Mr. George Reader para apitar a grande e histórica final do primeiro mundial.
Mr. George Reader foi comunicado no hotel em que estava na manhã do dia 30 de julho de 1930. Apareceu no hotel Alcazar, onde o famoso árbitro inglês estava, uma visita do conde Fernandes com um comunicado que, para ser preservado, deveria mudar de hotel, onde ficaria até 3 horas antes do jogo, quando dois funcionários da Fifa iriam buscá-lo para levar ao Estádio Centenário para a grande final.
George Reader trocou de roupa e foi para o Hotel Village Center. No horário combinado apareceram os dois senhores de terno e gravata para levá-lo ao estádio. O carro circulou durante 4 horas por vários bairros de Montevidéo. O inglês foi ficando nervoso, xingando os dois agentes da Fifa. O motorista e os agentes alegaram que o estádio era longe e que não entendiam inglês. Quando chegaram finalmente ao estádio, o jogo já estava no início do segundo tempo.
O árbitro que estava no estádio era o Sr. John Langenus, belga. Tudo não passou de uma armação política bem orquestrada pelo treinador do Uruguai que não queria árbitro inglês muito rigoroso, queria o belga mais diplomático que aceitava reclamações e pontapés à vontade.
Os agentes da Fifa eram dois ex-jogadores do Peñarol. O inglês só soube da armação quando voltou para a Inglaterra. Os uruguaios foram campeões na bola e no apito e o belga que apitou ficou duas semanas no Uruguai junto às comemorações. E o conde Fernandes, que tinha um pequeno jornal, La Pelota, deu uma pequena nota num canto de página no dia seguinte: SUMIRAM COM O ÁRBITRO INGLÊS.
*Teodoro de Castro Lino é comentarista de arbitragem na TV Anhanguera de Goiânia-Goiás, diretor da empresa Tecidos Tita e escritor.
Matéria transcrita da Revista Goiás de Norte a Sul – Goiânia-GO, edição n° 2, junho/2010.
Fonte da imagem: http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&source=imghp&biw=1020&bih=596&q=bola&gbv=2&aq=f&aqi=g10&aql=&oq=&gs_rfai=
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