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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Jason Abrão, radialista vitorioso


Hélio Nascente*

Jason Abrão é radialista desde os 11 anos de idade, tendo começado a labuta ainda no tempo dos alto-falantes. É locutor da Rádio Brasil Central de Goiânia desde 1971, onde apresenta nas manhãs de domingo o programa Goiás Caboclo, muito ouvido e apreciado em todo o Brasil e até no exterior. Natural de Cumari, reside na capital goiana mas acalenta o sonho de um retorno definitivo para sua terra natal. É um dos mais abalizados conhecedores da música sertaneja em todo o Brasil.

Jason Abrão é uma pessoa simples, apesar do enorme prestígio de que desfruta em todo o Brasil, mormente em Goiás, em conseqüência da sua participação em programas de rádio desde a infância. Ele garante ser um prazer enorme registrar as suas origens e se orgulha muito de ser natural da pequenina cidade do sudeste goiano, Cumari. Ele narra que seu pai, José Abrão, era descendente de libaneses. Seu avô habitou na cidade ainda em tenra idade, procedente de Trípoli, no Líbano. Sua mãe, Flora, era goiana de Catalão. A família de Jason Abrão tem uma história, uma afinidade com toda a região do sudeste goiano. Seu pai teve dois irmãos, Pedro Abrão, pai do ex-deputado Pedrinho e Abdalla Abrão, pai da senadora Lúcia Vânia, além de duas filhas mulheres que residem em Goiânia. Todos foram criados juntos, Lúcia e Jason fizeram o curso fundamental em Cumari na mesma época. Pedrinho nasceu em Goiânia. Sua família é pequena, embora existam muitas famílias ‘Abrão’ descendentes de libaneses. O clã de sua mãe é maior, os Silva Belo, de Catalão, tradicional e muito grande, quase todas as pessoas envolvidas com a terra como sitiantes, pequenos agricultores. São pessoas simples, mas benquistas em Catalão, Goiandira, Nova Aurora, Ouvidor e Três Ranchos. Sua mãe faleceu sonhando em voltar para Catalão, de onde saiu com 11 anos. Embora fosse afeiçoada a Cumari, sempre desejou que o marido voltasse para Catalão em virtude dos laços familiares. Essa a razão pela qual o prestigiado radialista gosta tanto dessa cidade e da região, e Catalão atualmente é um município de prestígio e foi muito bem governado nos últimos oito anos por um primo de Jason Abrão, o prefeito Adib Elias, que transformou a cidade com iniciativas audaciosas e progressistas. É sem nenhuma dúvida uma referência em progresso, economia e liderança política, sendo a cidade-pólo da região da Estrada de Ferro. Em Pires do Rio, que Jason faz questão de enfatizar ser sua segunda cidade, ele estudou no antigo Instituto Grambery, de 1957 a 1959. Jason gosta de descrever seus familiares: seus irmãos, Adma, Cleide e Pedro, também estudaram em Pires do Rio, para onde se transferiram em 1953. Ele tem uma grande afinidade por todas as cidades da região, como Pires do Rio, Urutaí, Ipameri, Goiandira, enfim, considera todas as cidades da região como uma grande família – a sua família.

Seus irmãos se encontram em Cumari. A primeira é Adma, advogada, viúva do Dr. Décio, criminalista conhecido e bem conceituado no Triângulo Mineiro. Depois vem Cleide, que foi prefeita da cidade por dois mandatos. O terceiro é o fazendeiro Pedro com o qual seu pai insistiu para que estudasse e se formasse, mas ele preferiu a lida com a terra, atividade a que se dedica até hoje. Jason é o seguinte. Segue-se irmão que é fiscal de rendas da Secretaria Estadual da Fazenda, Jacques. Depois é Jales, advogado e fazendeiro; por fim a caçula, Neide, casada também com um português, a exemplo de Cleide e seu esposo é fazendeiro em Cumari. Só Jason vive em Goiânia, à espera do momento oportuno de retornar para sua terra natal.

A esposa do radialista chama-se Hosana, sendo também natural de Cumari. Eles se conheceram ainda crianças, porque quando se mudaram da fazenda para a cidade, ambas as famílias tornaram-se vizinhas e assim os dois jovens praticamente foram criados juntos. Têm três filhos, sendo o primogênito Luciano, que foi radialista como o pai e hoje é advogado e professor universitário; o segundo é Anderson, piloto comercial nos EUA e a última é Vanessa, que vive com os pais em Goiânia.

No rádio
Com 11 anos Jason já estava nos corredores de uma emissora de rádio. Começou no alto-falante da Dona Chica, limpando discos e anotando os oferecimentos musicais. Ele recorda até hoje que seus colegas radialistas, quase sem exceção, começaram também no alto-falante, entre os quais J. Costa e Jerônimo Rodrigues, que ele considera o maior noticiarista do Brasil. Em seguida entrou efetivamente para o rádio, trabalhando na PRJ-3 de Araguari-MG. Com 11 anos já fazia nas pontas pequenos comerciais e daí para ter um programa próprio foi um passo. Começou muito menino e já completou mais de 30 anos só de Rádio Brasil Central, tendo estreado nessa emissora no dia 6 de setembro de 1971. Embora já tenha tido breves passagens por algumas outras emissoras, em todo esse tempo só esteve na Rádio Brasil Central. Jason Abrão em Goiânia jamais falou em outro microfone que não fosse o da RBC. Esteve antes na Rádio Educadora de Goiandira, juntamente com Geraldo Mariano, na Rádio Xavantes de Ipameri, na Rádio Cultura de Catalão, na PRJ3 de Araguari (MG) e na Rádio Danúbio de Cumari, uma emissora que sua família criou e que o regime militar implantado em 1964 fechou de uma forma arbitrária, violenta e até hoje os prejudicados estão tentando na Justiça reaver o prejuízo, pelo menos para compensar em o desaforo que sofreram com o trauma do fechamento da emissora.

Sempre que fala no assunto, o pensamento de Jason Abrão põe-se a vaguear pelo passado e ele conta que a emissora era uma das mais bem montadas do interior do Brasil, porque foi instalada com carinho, sendo uma propriedade da família, mas foi fechada abusivamente, bruscamente. Contudo, ele não guarda mágoa nem ressentimento pelo malfadado desfecho, porque considera que quando uma porta se fecha, muitas outras se abrem e para ele, em termos profissionais, o fechamento da Rádio Danúbio, que funcionou durante cinco anos, abriu novos horizontes. Fiel aos princípios religiosos, Jason tem consciência de que se devem tirar lições da adversidade e foi o que aconteceu com ele e seus irmãos, que, embora não fossem profissionais do rádio, estavam com ele naquele empreendimento, uma emissora bem montada, bem direcionada, com uma programação moderna.

Hoje Jason conta histórias da Rádio Brasil Central, porque nela ele tem trabalhado com muita gente, tendo começado com Moraes César, tendo sido uma espécie de capataz do célebre apresentador, juntamente com Amélio Alves e Gonçalves Lima; posteriormente trabalhou com Barrinha (da dupla sertaneja Silveira e Barrinha) durante seis anos, no programa Onde cantam os Campeões, embora já estivesse apresentando o programa Goiás Caboclo, que era diário, na onda tropical de 60 metros, direcionada só para o interior, depois passou para os sábados e domingos; posteriormente, há mais de 20 anos, aos domingos, das 7h às 10hs. Ao longo do tempo, Jason Abrão tem sido agraciado com vários prêmios de Melhor Programa Sertanejo do Brasil. Quem escolheu e colocou o nome de Goiás Caboclo nesse programa foi Amélio Alves, que não atua mais no rádio, sendo atualmente um dos advogados trabalhistas de maior credibilidade em Goiás. Amélio trabalhava com Moraes César e Jason apresentava seu próprio programa, No Ponteio da Viola, quando Amélio disse que aquele programa tinha uma cara de Goiás, uma cara de arroz-com-pequi, das coisas simples e por isso não poderia continuar com o nome que tinha, sugerindo então que passasse a se chamar Goiás Caboclo. Jason acatou a sugestão e a partir do dia seguinte fez a mudança, em 1978 e continua até os dias de hoje.

“... sem raiz não há tronco, nem caule, nem flor...”Jason se sente suspeito em falar qual a melhor dupla ou trio sertanejo do Brasil, porque ele defende com unhas e dentes a música sertaneja-raiz, raciocinando que sem raiz não há tronco, nem caule, nem flor e muito menos fruto. Assim ele poderia citar dezenas de duplas e trios que fizeram a música sertaneja no Brasil, como Raul Torres & Florêncio, Mariano & Cobrinha – uma das primeiras duplas a gravar a música sertaneja – Tonico & Tinoco – mais de 70 anos cantando – Zico & Zeca, Liu & Léu (esses são quatro irmãos que fizeram muito pela música sertaneja).

Além dessas tradicionais, verdadeiramente de raiz, Jason – com grande conhecimento de causa – fala de duplas mais modernas, e cita uma que ele considera como o divisor de águas da música sertaneja. Refere-se a Milionário & José Rico. Isto porque, até o aparecimento dessa dupla de sucesso, as pessoas da cidade tinham vergonha de ouvir a música sertaneja, não a ouviam em todo ambiente, nas camionetas de luxo. Só as pessoas mais velhas é que ouviam a música sertaneja, a juventude não ouvia e, quando gostava, ouvia às escondidas. Rapazes desligavam o rádio quando uma garota se aproximava, principalmente quando a música era de raiz. Filhos proibiam os pais de ouvirem, com receio de que vizinhos soubessem, porque o ato de ouvir música sertaneja era “coisa de roceiro”. Mas, com o surgimento da dupla Milionário & José Rico, as pessoas passaram a ouvir música sertaneja descontraidamente, sem preconceito. Muitos sucessos são ainda lembrados, como Estrada da Vida, Jogo do Amor e tantos outros da dupla que passaram a rodar nos veículos, nos bares... Por isso Jason considera a dupla Milionário & José Rico de muito valor, pelo fato de ter restaurado o gosto popular pela música sertaneja, que foi expandido, atingindo a todos, sem distinção de classe e origem social, quebrando preconceitos.

“... nada acontece neste mundo sem uma razão”Jason Abrão pode ser considerado como o maior conhecedor da música sertaneja que pontifica em Goiás. E, do alto desse conhecimento, ele gosta de contar uma história que diz respeito a um casal de irmãos muito querido em Goiás e no Brasil.

Ele conta que a grande maioria das pessoas desconhece a origem da dupla de muito sucesso Sandy & Júnior e a razão pela qual os dois jovens têm esse dom natural de tocar e cantar, de fazer festa, de fazer música, de fazer pagode. Eles são filhos do cantor Xororó, cuja esposa é filha de Mariazinha, que foi esposa e fez dupla com o também cantor Zé do Rancho. Eles são netos de Zé do Rancho & Mariazinha, que formaram o Duo Glacial. Mariazinha é filha de Serrinha, que fez dupla com Caboclinho, o qual tem uma história, foi um dos primeiros artistas a gravar música sertaneja e há uma particularidade muito importante, uma curiosidade. Serrinha tocava todos os instrumentos conhecidos, piano, violino, viola, qualquer que se colocasse em suas mãos. Morreu idoso. Fez mais de dez duplas, mas ficou conhecido nacionalmente cantando com Caboclinho, que era seu irmão. Depois a filha de Serrinha se casou com Zé do Rancho e então ele foi cantar com o genro. Juntos, os dois gravaram vários discos e fizeram shows por todo o Brasil. Por isso Jason afirma que, “na música, como na vida, nada acontece por acaso”, digressando sobre a carga de antecedentes artísticos herdada pelos jovens que encantam o Brasil.

Música & linguagem sertanejaNo seu programa de grande audiência por todo o Brasil, Jason fala sempre com absoluta convicção que a música e a linguagem sertaneja são universais. Ele entende do assunto com profundidade. Ele entende que as pessoas, independentemente do local onde moram, dos seus costumes, de suas raízes, de suas tradições, gostam da música sertaneja. No Nordeste a música predominante é o forró, no entanto, centenas de milhares de pessoas de toda a região são ouvintes e acompanham o programa Goiás Caboclo durante a vida toda. Têm um extraordinário conhecimento da música sertaneja de raiz e se comunicam permanentemente, assim como ouvintes do Paraguai, da Bolívia, do Uruguai, enfim, de quase todos os países sul-americanos. Embora a Rádio Brasil Central seja sintonizada no mundo inteiro, é nos países de língua espanhola, principalmente nos hispano-americanos, que ela tem uma audiência maciça, admirável.

Jason Abrão considera-se um homem muito feliz e fala isso com uma sinceridade emocionada. Diz mais, que é um abençoado, iluminado, porque faz o que gosta, dirigido para quem ele gosta, para quem o entende. Para ele o seu programa é curto, são três horas que passam com uma grande velocidade. Simultaneamente ele fala com as pessoas, as pessoas falam com outras pessoas. De repente o programa termina e Jason já fica com saudade para só voltar depois de oito dias.

*Hélio Nascente, editor da Anápolis TV Digital.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

ELIEZER PENNA: A ASCENSÃO DE UM PAULISTA EM GOIÁS


Hélio Nascente*

Eliezer Penna: a ascenção de um bandeirante do século XX na vida profissional e política em Goiás. ELIEZER JOSÉ PENNA é filho de José Penna e de Virgília Penna. Nasceu na cidade paulista de Taquari no dia 8 de agosto 1925. Viajou para Goiás em 1949 com o fito de realizar uma reportagem, tomou-se de paixões pela cidade e por uma jovem local. Cravou e fixou raízes e nunca mais deixou a Capital goiana.

Eliezer Penna começou a vida na sua terra natal, cursou o Ginásio (Ensino Fundamental) em Itapeva e em Avaré, cidades vizinhas e melhor servidas de estabelecimentos de ensino, depois buscou o Rio de Janeiro, onde se formou e onde fixou residência por algum tempo; acalentava o desejo de trabalhar no rádio na antiga Capital da República, porém um ano depois preferiu retornar às garoas das suas origens, indo para a Paulicéia, onde passou a residir e trabalhar.

Seu primeiro passo em São Paulo foi desistir do sonho de ser radialista. Dedicou-se à imprensa escrita. E aí sua ambição não foi pequena: desejava trabalhar no jornal Folha da Manhã, mas teve de se contentar em começar numa publicação modesta, órgão politicamente engajado, com orientação esquerdista, o jornal Hoje, dirigido por Joaquim Câmara Ferreira, que anos depois viria participar de movimentos políticos armados, com o cognome de Toledo, durante o período do regime militar implantado em 1964, o que o levou a ser morto sem mesmo ter sido preso. Eliezer considerava seu superior excelente jornalista e tem dele ótimas lembranças. Hoje tinha como chefe de redação o judeu Noé Gertel, e como chefe de reportagem uma pessoa possuidora de ligações familiares em Goiás, de quem Eliezer se lembra apenas do sobrenome Marques.

Deixando seu primeiro trabalho, galgou o segundo degrau da sua longa e profícua vida de jornalista profissional, passando a trabalhar no jornal diário O Dia, pertencente ao grupo político liderado pelo então governador de São Paulo e destacado homem público, Adhemar de Barros. Esse fato não era do conhecimento público, mas os funcionários tinham ciência dele porque, embora o governador Adhemar jamais houvesse ido à empresa jornalística, a orientação política era de apoio incondicional a ele.

Mais tarde Eliezer, como prêmio por sua dedicação e competência profissional, além de ser possuidor de um caráter firme e exemplar, ingressou na Folha da Manhã, alcançando assim um objetivo traçado e buscado com persistência inquebrantável. Até hoje (2008) ele guarda em seu arquivo pessoal matéria política assinada na primeira página, enviada de Goiás.

Mudança e trabalho em Goiás
O jornalista fez sua transferência de São Paulo para Goiás ainda jovem, mudança de vida promovida com audácia, mas com o entusiasmo próprio da juventude e estribado na confiança em sua capacidade profissional. Vivia-se o final da década de 1940, e Eliezer sentia a presença em São Paulo de uma discreta falta de liberdade, principalmente para quem trabalhava na imprensa, porque pouco antes, em 1947, houvera a ruidosa cassação dos mandatos eletivos dos comunistas em todos os níveis – começando pelo senador Luiz Carlos Prestes – e ato contínuo teve início uma repressão contra a esquerda brasileira durante o Governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, e os antigos militantes do Partido Comunista do Brasil (mais tarde Partido Comunista Brasileiro) sentiam velada, porém intensa dificuldade de trabalhar nas empresas jornalísticas.

Eliezer tinha um amigo e conterrâneo, de Avaré, chamado Novaes, que fora deputado federal e era chefe de redação do jornal Correio Paulistano. Em época de calmaria política esse amigo poderia tê-lo convidado para trabalhar, mas a publicação era uma das mais conservadoras de São Paulo, o que impediu que isso acontecesse. O jovem jornalista estava sempre em contato com o velho amigo e um dia este o fez entender que gostaria que Eliezer trabalhasse no jornal, mas em conseqüência do problema político, a direção levava em conta a tendência ideológica do provável colaborador, não vendo com bons olhos a presença de um esquerdista nos seus quadros.

Já trabalhando na Folha da Manhã, surgiu a oportunidade de Eliezer Penna viajar para Goiás a fim de fazer cobertura jornalística da Exposição Agropecuária de Goiânia, que naquele tempo já estava despontava como um dos empreendimentos de vulto nacional. O prazo previsto de permanência do repórter em Goiás era de no máximo uma semana, quando deveria retornar a São Paulo, mas o destino do jovem estava selado. Ele gostou tanto de Goiânia, sentiu nela uma cidade de futuro, tendo apenas 55 mil habitantes, mas com um crescimento acima da média das outras cidades brasileiras. Corria o ano de 1949. Governava o Estado o engenheiro Jerônimo Coimbra Bueno. Eliezer desembarcou na cidade exatamente no dia 18 de junho, e, assim que passou a respirar o ar local, a sentir o clima, a conversar com as pessoas e sentir a hospitalidade da população, começou a pensar se Goiânia não seria a cidade ideal para dar início a uma vida nova, porque ele não era conhecido no local, não era alvo de restrições políticas nem de ordem pessoal. Além disso, estava sendo tratado com muita fidalguia, entabulou amizade com a equipe de funcionários da estalagem em que se hospedara – o Hotel Itajubá, localizado na Praça Antônio Lisita – e imediatamente conheceu uma jovem por quem se enamorou, ambos no ardor da juventude, e assim teve início o namoro.

Com a conjugação de todos esses fatores, tendo acabado de chegar em Goiânia, Eliezer, com apenas 24 anos de idade, rapidamente pensou e foi amadurecendo a idéia de permanecer e não perdeu tempo. Enquanto fazia a cobertura jornalística da Exposição Agropecuária, empreendeu uma visita à redação da Folha de Goiás, o órgão dos Diários Associados, grupo de comunicação com o qual já colaborara em São Paulo, no jornal Diário da Noite, como freelancer.

A visita aos Diários Associados não poderia ter sido em momento mais propício às pretensões de Eliezer, pois ocorreu quando o diretor do diário, Aloísio Sayol de Sá Peixoto, acabara de ter sério desentendimento com o editor, então demitido, surgindo assim uma vaga, que pareceu estar esperando a chegada de Eliezer. Foi como a mão encaixar-se na luva no momento certo. Sá Peixoto perguntou ao moço sentado à sua frente se ele não teria vontade de ficar em Goiás. A resposta foi rápida e fulminante:

– Quem que não tem? Acho que o Brasil todo tem, está caminhando para o Centro-Oeste!

Eliezer lembrou-se instantaneamente da célebre frase do grande estadista brasileiro do Século XX, Getúlio Dornelles Vargas, que a pronunciara pouco tempo antes no sentido de que naquele momento histórico a verdadeira brasilidade era a “Marcha para o Oeste”, pensamento que o jovem paulista assimilara na plenitude. Acrescentou sentir que estava na mesma rota dos bandeirantes antigos.

Tendo a conversa preliminar desaguado nesse ponto positivo, favorável a ambos – ao diretor, que necessitava com urgência de um profissional competente para ocupar a vaga, e ao jornalista, que desejava permanecer em Goiânia – Sá Peixoto indagou de Eliezer, discretamente, se ele gostaria de fazer uma matéria para o jornal, com o que, na realidade, ele desejava testar as qualidades do jovem. Estava programada para acontecer uma importante solenidade no Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual, e assim Eliezer teve como incumbência comparecer ao evento e fazer matéria completa sobre o mesmo.

Missão cumprida à risca. A matéria foi feita nas especificações pedidas e devidamente datilografada. O diretor leu, percebendo que não estava enganado, que o jornalista tinha talento e experiência, propondo-lhe em seguida:

– Você está convidado.

Convite prontamente aceito com incontida euforia, faltava apenas o acerto de salário, sistema de trabalho e outros detalhes, o que foi feito e Eliezer pôde assim dar início ao seu trabalho em Goiás, com imenso entusiasmo, começando uma vida de vitórias em todos os sentidos.

A paga proposta era compensadora. O trabalho, dignificante, porque Eliezer Penna já iniciaria por cima, como radator-chefe. Em São Paulo ele era chefe de reportagem. Em Goiás seria chefe da redação, comandando o setor com uma equipe completa, dos Diários Associados, uma empresa de âmbito nacional, de grande repercussão.Permaneceu na Folha de Goiás por dois anos.

Após oito meses de trabalho, Eliezer deu mais um passo importante na sua ascensão na vida, casando-se com a jovem Aracy Taveira, de grada família oriunda da tradicional cidade de Niquelândia.

Assim, com o encadeamento de diversos fatores, Eliezer Penna fixou-se definitivamente em Goiás. Enraizou-se em profundidade. Sentiu fazer parte de uma tendência de muita gente do sul de se dirigir para o norte, desde o tempo dos bandeirantes, ocupando a hinterlândia brasileira. No início da colonização dos espaços vazios do centro e do norte, os paulistas e mineiros empurravam o gado, que empurrava o índio, por isso os silvícolas foram mais para o mato cada vez mais distante e a população oriunda do sul trouxe o gado para ocupar, povoar e civilizar o centro e o norte.

Concomitantemente com o trabalho na Folha de Goiás, Eliezer acumulou função na assistência noticiosa no Palácio das Esmeraldas, a convite do então governador Jerônimo Coimbra Bueno, que passou para a história como um péssimo administrador, tendo tratado o funcionalismo público estadual com desídia, atrasando o pagamento por meses seguidos e viajando muito, permanecendo pouco à frente do Executivo goiano. Mas Eliezer Penna foi testemunha viva e ressalta um importante ponto positivo na administração a que serviu e faz justiça ao então governador: na questão da pecuária, a grande vocação econômica de Goiás, Jerônimo Coimbra Bueno tomou a iniciativa de implantar uma inovação, que foi muito combatida pela oposição, trazendo gado de Uberaba, chamado Tourinhos VR, denominação derivada de Vicente Rodrigues da Cunha, de quem ele adquiriu e remeteu para o norte do Estado, porque na região existia tão somente o gado curraleiro, de pequeno porte, desprovido de valorização comercial.

No jornal O Popular
Ao final de dois anos de trabalho na Folha de Goiás, Eliezer recebeu convite do jornalista e empresário Jaime Câmara para prestar serviços ao jornal O Popular. Achando a proposta tentadora, aceitou de pronto, embora o jornal fosse bi-semanário, mas ele, com sua contumaz audácia, afirmou ao empresário que seria bom que transformasse o jornal em diário. Câmara conhecia muito bem a experiência de Eliezer na Folha de Goiás, e estava ciente de que ele trabalhava com uma absoluta estabilidade, capacidade e com resultados, que já exercera chefia de reportagem no jornal Hoje, em São Paulo, no comando de 16 repórteres. O empresário, para surpresa do jornalista, disse que era exatamente para isso que desejava que Eliezer fosse trabalhar com ele, isto é, para fazer com que O Popular saísse diariamente.

Essa mudança de Eliezer Penna para o jornal O Popular e sua conseqüente transformação em diário ocorreu em 1952. O jornalista, nas suas memórias, não se esquece de fazer justiça a dois nomes que o auxiliaram com loquaz colaboração, viabilizando a nova periodicidade do jornal: Isorico Barbosa de Godoy e seu irmão Eurico Calixto de Godoy, que ele considera pessoas de relevo na história de Goiás.

Mas as inovações implantadas no jornal O Popular por Eliezer não ficaram só na sua transformação em diário. Ele conseguiu implantar outras melhorias revolucionárias na imprensa goiana. A primeira fotografia colorida publicada num jornal de Goiás foi em O Popular, a imagem de uma mulher de maiô, Marta Rocha, a miss Goiás e miss Brasil que fora segunda colocada no concurso de miss Universo. Ela só não foi a primeira porque deveria ter perdido umas duas polegadas, apesar de ser um tipo de beleza original, morena de olhos azuis, filha de um alemão com uma mulata da Bahia.

Mas o fato é que, quando tomou conhecimento da matéria com uma mulher de maiô na primeira página do seu jornal, Jaime Câmara quase teve um faniquito, lembra Eliezer, porque o órgão era conservador, porta-voz de uma sociedade conservadora! Mas a foto foi um sucesso pleno e a sociedade aplaudiu a novidade. O diretor, que tinha certas restrições à modernidade que Eliezer estava introduzindo no jornal, passou a dar-lhe incondicional apoio e é por isso O Popular é, nos dias de hoje, o mais importante jornal de Goiás.

Por essa época o jornal era impresso numa máquina gráfica transferida juntamente com a empresa para a nova Capital muito tempo antes, já que o jornal surgiu ainda em Goiás, a velha capital do Estado (Goiânia fora inaugurada em 1935).

Eliezer Penna, jovem, idealista, dinâmico e modernizador, sentiu então, com o jornal sendo diário, a necessidade da modernização do parque gráfico, para o que se fazia mister a compra de uma nova e moderna impressora e a oportunidade surgiu quando chegou a Goiânia um vendedor de máquinas gráficas. Eliezer dirigiu-se ao empresário Jaime Câmara, explicando a necessidade de uma máquina nova e reivindicando a aquisição da Fokhentar, importada da Alemanha, porque a existente estava superada, imprimia de duas em duas páginas, mas Jaime Câmara achou que a máquina era muito dispendiosa e declinou da compra.

Porém o tal vendedor visitou o jornal O Social, cujo proprietário era José Ludovico de Almeida, conhecido como Juca e futuro governador do Estado, o qual adquiriu a dita máquina. Sabedor da transação do concorrente, Eliezer relatou o fato a Joaquim Câmara Filho, lembrando que O Social iria dar um salto de qualidade, porque, embora fosse um jornal semanal, não deixava de ser um concorrente, e também porque era o porta-voz do Partido Social Democrático. Câmara Filho, irmão mais velho do diretor e dono de uma grande visão jornalística, demonstrou interesse na aquisição e então houve uma reunião entre os três irmãos, Joaquim, Jaime e Tasso Câmara, e eles deliberaram imediatamente a realização da compra. O vendedor foi procurado no hotel em que estava hospedado e disse a Jaime Câmara que a máquina, no dia anterior custando 250 mil cruzeiros, no dia seguinte já valia 400 mil, isto em conseqüência de problemas de importação, mas Jaime quis assim mesmo e fez a encomenda. Essa máquina se encontra até hoje nas oficinas do jornal, em operação. Diz-se que O Popular é um dos jornais que têm os melhores equipamentos do País, que poucos jornais possuem estrutura igual.

Nesse período o jornalista teve a oportunidade de participar de incontáveis eventos que depois ficariam marcados para sempre nos anais da história de Goiás e do Brasil e cita como exemplo um fato que jamais será olvidado, porque está registrado na imprensa e em fotografia existente no arquivo do Congresso Nacional. Foi quando o recém-empossado presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira aterrizou no sítio onde viria a ser construída a nova capital da República. No momento em que o presidente desceu a escada do avião, Eliezer estava lá e foi assim o primeiro jornalista a entrevistar Juscelino quando ele pisou no solo da futura Brasília, exatamente no dia 2 de outubro de 1956. Eliezer estava acompanhado pelo fotógrafo Hélio de Oliveira, o legendário profissional goiano que fez as fotos para o importante registro histórico.

Eliezer permaneceu no jornal O Popular de 1952 a 1958, quando José Feliciano o convidou para coordenar sua campanha ao Governo do Estado. Solicitou licença ao jornal e dedicou-se ao desempenho da nova e diferente tarefa, que iria abrir-lhe novos e vastos horizontes na vida.

A célebre entrevista com Juscelino
Um dos trabalhos jornalísticos que mais consagraram Eliezer Penna foi sem dúvida a entrevista com o presidente Juscelino Kubitschek, realizada no dia 2 de outubro de 1956 em pleno cerrado onde seria construída a nova capital da República e publicada no jornal O Popular nos dias 3 e 4 do mesmo mês.

O jornalista saiu de Goiânia de automóvel, acompanhado do fotógrafo Hélio de Oliveira com destino ao sítio às 19h30 da véspera e viajou a noite toda por estradas de terra e teve peixe frito como primeira refeição num posto do Dergo, antigo Departamento de Estradas de Rodagem de Goiás. Às 11 horas já estava a postos no aeroporto improvisado construído pelo engenheiro Bernardo Sayão.

JK chegou de avião precisamente às 12 horas, antes da aeronave que transportava os repórteres da imprensa nacional e por isso, ao se apresentar para a entrevista, Eliezer ouviu de JK a espantada expressão:

– Tem jornalista aqui, já?

A comitiva do presidente era composta de cerca de 30 pessoas, entre as quais o ministro da Guerra, marechal Henrique Duffles Teixeira Lott, o presidente da Novacap, Israel Pinheiro e o arquiteto Oscar Niemayer. Estavam presentes também o governador de Goiás, José Ludovico de Almeida, o presidente da Comissão de Desapropriação, Altamiro de Moura Pacheco e outras autoridades.

À sombra da estação improvisada do aeroporto, coberta por folhas de bacuri, teve início a entrevista, com Eliezer perguntando ao presidente qual foi a sua impressão do local onde seria edificada a nova capital, visto do avião. A resposta foi exatamente:

– Uma vasta planície, deserta e solitária!

Acompanhando o presidente durante as quatro horas seguintes, Eliezer foi testemunha de fatos interessantes, como a assinatura do decreto substituindo o ministro da Saúde e o insólito pedido de um cacique político do Sudoeste de Goiás, pedindo a Juscelino que transferisse um médico da cidade para outro lugar, porque era seu desafeto político. Se o pedido foi ou não atendido, não se sabe.

Episódio de 5 de março de 1959
Em 1959 aconteceu uma crise que abalou o Governo José Feliciano, assunto nunca mais esquecido, sobretudo pelos meios estudantis e políticos de Goiás. Foi por causa da data do ocorrido que surgiu o jornal com o nome de Cinco de Março. Eliezer se encontrava no Rio de Janeiro, quando recebeu a notícia por meio de um telefonema, do que seria um fato grave, mas posteriormente o tempo foi esclarecendo. Não houve uma luta. Os estudantes da Capital queriam fazer um comício e a Polícia não permitiu e interferiu. Os jovens enfrentaram e a Polícia atirou. A única bala que teve endereço certo raspou a cabeça do estudante João Gualberto. O fato estava sendo muito explorado pelos adversários do Governo, e por isso Eliezer levou o jovem para ser funcionário da Secretaria, deu-lhe uma bicicleta para realizar serviços externos, mas ele fugiu com o pequeno veículo. Queriam prendê-lo, mas Eliezer ponderou o contrário, entendendo que, enquanto estivesse com a bicicleta, ele não retornaria. Foi a única vítima do qüiproquó. Como o episódio ocorreu no dia 5 de março e a União Democrática Nacional, o principal partido de oposição, estava fazendo enorme barulho para explorar o fato politicamente, surgiu o jornal com esse nome.

Vida pública
Assim, de profissional exclusivamente dedicado ao jornalismo, Eliezer Penna passou a ser o principal coordenador da campanha eleitoral de um candidato a governador, trabalho que foi coroado de êxito, já que José Feliciano foi eleito e formulou-lhe de chofre a pergunta:

– O que você quer no Governo?

Eliezer não teve resposta para dar. Como não respondeu, foi nomeado secretário da Justiça. Não foi sem grande surpresa que recebeu a notícia, sendo uma pessoa que tinha chegado ao Estado havia apenas sete anos, ascender tão rapidamente ao cargo de secretário de Estado da Justiça! Foi uma grande vitória que Eliezer capitalizou literalmente, permanecendo no cargo durante os dois anos de mandato de José Feliciano. Em 1960 o ex-governador assumiu a presidência do Banco do Estado de Goiás, na gestão do governador Mauro Borges e Eliezer passou a ser assessor do presidente da instituição bancária.

A campanha de JK ao Senado
Em 1961, estando o ex-presidente Juscelino Kubitschek sem mandato – entregara o cargo de presidente para Jânio Quadros – houve um clamor para que o grande mineiro fosse eleito senador por Goiás, como um preito de gratidão por ele ter edificado Brasília em solo goiano, beneficiando imensuravelmente todo o Estado. Uma vez candidato, foi aberto o comitê eleitoral. Mais uma vez Eliezer Penna foi convocado a cumprir importante missão, a de coordenador da campanha. A eleição era para eleger o ex-presidente e isso só foi possível com a renúncia do senador Taciano Gomes de Melo, um médico potiguar que migrara para Pires do Rio nos anos 20 e onde fizera vitoriosa carreira política, alçando-se a cargos de relevância no Estado de Goiás, tendo sido presidente da Assembléia Legislativa e da Assembléia Estadual Constituinte, em 1947. Mas não bastava a renúncia do titular da cadeira, era necessário o afastamento do suplente, que também era uma das eminências políticas de Pires do Rio, Péricles Pedro da Silva, que desistiu de assumir o mandato. Com isso ficou vaga uma das três representações goianas na Câmara Alta e a Justiça Eleitoral convocou essa eleição “solteira”. O candidato a suplente de JK foi o ex-governador José Feliciano Ferreira, que, em 1962, foi também eleito senador. Houve um acordo entre os grandes partidos políticos no Estado para que a eleição de Juscelino fosse pacífica.

A campanha estava se desenvolvendo muito mal no início, porque o ex-presidente importara de Minas Gerais assessores alheios à realidade, às minúcias políticas de Goiás, e, num dia em que ele estava almoçando no Hotel Bandeirante, a hospedaria mais importante na época, ele perguntou ao deputado Paulo Roberto, de Ceres, e a Ulysses Jayme, seu advogado particular em Goiás, como estava se desenvolvendo a campanha, momento em que o deputado respondeu que iria falar a verdade e afirmou que os trabalhos não estavam bem orientados, que o comitê estava cheio de “picaretas” à cata de tomar dinheiro, enquanto os verdadeiros líderes políticos estavam marginalizados, eram na sua maioria pessoas muito simples, humildes e até tímidas. A solução apontada era colocar alguém de Goiás à frente da campanha e Ulysses Jayme indicou o nome de Eliezer Penna, dizendo que ele seria capaz de conduzir a campanha a contento, argumentando como prova o vitorioso pleito de José Feliciano em 1958, que fora coordenado pelo jornalista. Naquele momento um assessor de Juscelino, Sinval Siqueira, disse que já tinha ouvido falar naquele nome, mas que ele se encontrava ausente, tendo viajado para São Paulo em virtude da doença de seu pai.

Assim que retornou recebeu recado de JK e se dirigiu incontinenti ao Hotel Bandeirantes, encontrando o ex-presidente deitado com uma coberta a cobrir-lhe o ventre e formulou-lhe o convite para que comandasse sua campanha. Entusiasmado diante de mais essa importante perspectiva, de mais esse desafio, Eliezer se pôs à disposição e Juscelino encarregou o assessor Sinval de, a partir do dia seguinte, entregar ao novo chefe da campanha a cadeira do comitê, determinando que se fizesse tudo como Eliezer desejasse. Assim, o jornalista tomou posse no comitê, com o cuidado de não melindrar as pessoas que já se encontravam lá e deu início imediato ao trabalho.

Surgiu, porém, um imprevisto. A eleição deveria ter Juscelino como candidato único, mas surgiu outro postulante, uma outra chapa, tendo como candidato a senador Wagner Estelita Campos e como suplente Waldir de Castro Quinta, sem a menor perspectiva de vitória, registrada pelo minúsculo Partido Democrata Cristão. As expectativas se confirmaram com a eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira para um mandato tampão de curta duração, que se expiraria em 1966, já que o senador renunciante fora eleito em 1958, para cumprir oito anos. Mais tarde, com o golpe militar de 1964, Juscelino teve seu mandato cassado pelo chefe da Junta Militar, Castello Branco, e Goiás ficou com apenas dois representantes no Senado até a realização da eleição regulamentar, em 1966, quando foi eleito João Abrão para completar o tempo. JK foi eleito e no dia 29 de dezembro de 1961 com o apoio de todos os partidos políticos, grandes e pequenos, com exceção do PDC.

O último ato como assessor na importante missão foi quando, após a apuração dos votos, com JK já na condição de senador eleito, telefonou a Eliezer do Rio de Janeiro dizendo-lhe que fizesse uma nota à imprensa, agradecendo o eleitorado goiano que o elegera e mais duas notas agradecendo os líderes políticos e os motoristas de um modo geral, o que foi feito imediatamente. O então diretor do jornal O Popular, Jaime Câmara, nada cobrou pela publicação, afirmando ser impossível cobrar do ex-presidente da República.

Eleito deputado
Em seguida, no ano de 1962, quando haveria eleições para a renovação das assembléias legislativas, da Câmara dos Deputados e dois terços do Senado, além das câmaras municipais, Eliezer candidatou-se a deputado estadual e foi eleito, tendo feito sua campanha com o apoio político de Feliciano, porém sozinho. Nesse período o governador de Goiás era Mauro Borges, da mesma grei política do deputado, que, entretanto, pertencia ao grupo do ex-governador Feliciano e assim não era considerado de dentro do grupo Mauro, embora tivesse perfeito entrosamento com o senador Pedro Ludovico, pai do governador e principal líder político de Goiás. Além disso, Eliezer via em Dr. Pedro uma personalidade de grande valor, respeitava-o por sua cultura e conversavam muito, freqüentava regularmente a sede do PSD, do qual o senador era presidente regional e assim tinham uma convivência estreita e cordial.

Superintendente do Cerne
O momento histórico era de conturbação em todo o Brasil, advindo daí a chamada revolução de 1964, que passou para a história como golpe militar. Logo após esse acontecimento, o mandato de senador de Juscelino Kubitschek foi cassado e ele teve seus direitos políticos suspensos por dez anos, assim como os ex-presidentes João Goulart e Jânio Quadros e inúmeros líderes políticos de todas as tendências, porque os militares pretendiam governar sozinhos.

Na visão do então deputado Eliezer Penna, o Governo Mauro Borges se caracterizou pela criação de muitos órgãos de grande valor histórico, cuja importância foi a de catapultar o Estado da situação de marasmo para a condição de estrela brilhante entre as demais unidades da Federação. Ele cita a Indústria Química de Goiás – Iquego – o Consórcio Rodoviário Intermunicipal – Crisa – e muitos outros. Eliezer tem uma lembrança particular do Cerne, o importante órgão de comunicação estadual criado pelo governador Mauro Borges, porque mais tarde veio a dirigi-lo. O órgão era constituído pela Rádio Brasil Central, Gráfica de Goiás, jornal Diário de Goiás, Agência Goiana de Propaganda, Diário Oficial do Estado, além de outras empresas que formaram o Consórcio Estadual de Radiodifusão e Notícias do Estado de Goiás.

Após o movimento militar, o líder do grupo político a que pertencia Eliezer, senador José Feliciano, convidou os companheiros e disse que aquele movimento não fora desencadeado para durar pouco tempo e, caso eles desejassem continuar com Mauro Borges, ficavam livres para fazê-lo e comunicou que ele próprio iria fazer parte da Arena, o partido destinado a dar respaldo aos atos dos militares. Assim, fiel ao governador a quem servira no passado, o deputado tomou a decisão de acompanhar Feliciano e não hostilizar o governo militar, abster-se nas votações decisivas, já que o governador Mauro Borges, nessas alturas havia sido deposto.

Em 1965 foi eleito Otávio Lage para o Governo e Eliezer foi convidado para assumir a Secretaria de Imprensa, tendo desempenhado a missão com competência e profissionalismo.

Em 1967 expirou o mandato de deputado de Eliezer e ele serviu ao Governo Otávio Lage até 1971, quando assumiu o novo governador, Leonino Caiado, que o convidou para o cargo de superintendente do Cerne, missão que cumpriu também com galhardia durante seis meses, quando o governador o convocou para comandar três assessorias no Palácio das Esmeraldas: de Imprensa, de Relações Públicas e uma econômica, relacionada com o setor de imprensa. Lá novamente ele prestou bons serviços, guardando na lembrança o fato de que Leonino fez um governo pacífico, que não perseguiu nem hostilizou ninguém e produziu muito, foi realizador. Para ele, Leonino Caiado é uma pessoa de temperamento calmo e na época do seu Governo ele tinha a preocupação de manter um bom relacionamento com a imprensa.

A morte de Juscelino
Eliezer foi o primeiro jornalista a noticiar a morte de Juscelino Kubitschek. Ele estava na chefia de redação do jornal semanário Cinco de Março, quando recebeu a notícia do acidente e que JK havia falecido. E como o jornal circulava às segundas-feiras, enquanto os diários brasileiros só circulavam até domingo, foi o semanário goiano o primeiro jornal do País a divulgar a notícia. O acidente ocorreu num domingo, às 23h30 do dia 22 de setembro de 1976.

Família
O grande profissional da imprensa tem orgulho e sua expressão se descontrai ao falar de sua família. Ele conta ter chegado em Goiânia no dia 18 de junho de 1949 e repete sempre ter conhecido de imediato a musa da sua vida, casando-se poucos meses depois. O casal teve quatro filhos que se multiplicaram, e hoje a família Penna é formada de mais onze netos, além de genros e noras, concluindo que o casamento foi uma união abençoada por Deus e que frutificou.

O patriarca tranqüilo narra uma coincidência interessante sobre sua família, fato que ele faz que questão de frisar. Trata-se do fato de que ele chegou em Goiânia no dia 18 de junho de 1949, exatamente no dia em que vinha ao mundo, em Uberaba-MG, um garoto que mais tarde viria para Goiânia, ficaria conhecendo uma sua filha e com ela se casaria, sendo hoje seu genro e pai de seus netos!

Pirituba, a terra natal
Eliezer fala também com muito entusiasmo e saudosismo sobre sua terra natal e seus pais. Ele disse que seu pai, José Penna, era natural da pequena cidade paulista de São Pedro, próxima a Piracicaba. Recebendo o diploma de farmacêutico em Itu, foi viver na comunidade de Taquari, onde conheceu a filha do líder político local, Virgília, com quem se casou. Seus avós foram os fundadores do pequeno povoado e seu pai, herdando as influências políticas do sogro e aplicando seus dotes de liderança – era farmacêutico e fazia as vezes de médico – fez amizade com o líder político da região nos idos da República Velha, Ataliba Leonel, e a uma certa altura comunicou-lhe que desejava a emancipação política do povoado. Foi prontamente atendido, recebendo apenas a incumbência de formalizar o processo e o pedido, de conformidade com a lei vigente, o que José Penna providenciou imediatamente. Ao levar o processo para o senador encaminhar na Capital paulista, este folheou os papéis, achou tudo conforme, mas disse que faltavam duas fotografias da cidade, sem o que não seria possível encaminhar o processo. Nesse instante José Penna, triste, disse ao senador que, caso incluísse as fotografias a emancipação não poderia ser aprovada, já que a cidade era muito pequena, tinha apenas duas ruas. O matreiro líder político Ataliba Leonel o tranqüilizou, dizendo que tal detalhe não seria empecilho e sugeriu ao interessado que tirasse as fotografias na própria cidade do senador, Piraju, não do centro, mas de ruas novas. Assim foi feito e a emancipação foi aprovada sem a menor dificuldade. Mais tarde o nome da cidade foi mudado para Taquarituba, que significa na linguagem indígena "taquara pequena e doce". José Penna foi nomeado primeiro prefeito e posteriormente eleito para mais um período. Faleceu em 1966.

Eliezer faz questão de narrar que o município onde nasceu tem relevância como produtor agrícola, já chegou a ser o maior produtor de milho do interior de São Paulo e de lá saiu até o milho de que é fabricado o uísque Drurys, com fábrica em Sorocaba e atualmente produzido também em Barra do Garças-MT.

Literatura
Além de vitoriosa carreira profissional como jornalista em Goiás e da intensa participação na vida pública como assessor, secretário de Estado, dirigente de órgão público e deputado, Eliezer Penna enveredou com brilhantismo pelas sendas da literatura, atingindo o ápice como integrante da mais alta e grada entidade representativa dos escritores do Estado. É membro da Academia Goiana de Letras, onde ocupa a cadeira de número 5, tendo sucedido ao escritor Xavier de Almeida. Tem dois livros publicados e mais três “no forno”, sendo um sobre sua terra natal, um sobre fatos políticos de Goiás e o último que aborda assuntos gerais. Foi presidente e é membro do Conselho Deliberativo da Associação Goiana de Imprensa-AGI; em 2007 foi reeleito presidente da entidade, para um mandato de dois anos. Considera-se "pioneiro de Goiânia e de Brasília". É religioso, freqüentando regularmente a Igreja Batista.

Conceito
O octogenário patriarca Eliezer Penna é extremamente preocupado com a situação do Brasil de hoje e particularmente com a cidade onde vive com sua família. Para ele, Goiânia, pela sua posição geográfica, sendo uma cidade com mais de um milhão de habitantes, está atraindo milhares e milhares de pessoas de estados mais pobres, sobretudo do Nordeste, em parte em conseqüência da campanha realizada pelo ex-governador Maguito Vilela de dar comida, pão e leite. Essas pessoas convergiram para a cidade na ilusão de que teriam pelo menos a alimentação, mas na realidade todos necessitam não só de alimentação, mas também de emprego duradouro.

“O que dá dignidade ao trabalhador é o trabalho,
é ter o pão de cada dia, ganho por ele”.
(Eliezer Penna).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

RODRIGO MACHADO, MOÇO E VIRTUOSO, TROCA DE IDADE

Moço e virtuoso. Assim pode ser definido com justeza e com justiça o aniversariante de hoje das cidades de Vianópolis e Anápolis, Rodrigo Machado. De Vianópolis, porque essa é sua terra natal, sua pequena mas ardente pátria, onde nasceu, passou a infância, onde tem seus familiares e os amigos primeiros... Vianópolis é uma terra venturosa, e venturoso é Rodrigo Machado por ter nascido ali, naquele torrão feliz, lugar de gente boa e de mulheres bonitas, virtuosas.

Mas Rodrigo pertence também a Anápolis, porque esta é a cidade aonde ele vai diuturnamente, de segunda a sexta-feira, em busca de mais saber. Especificamente à Faculdade de Direito Raízes, onde cursa o terceiro período, sendo aluno destacado não só pelas boas notas, mas pelo comportamento. E também pela facilidade de construir amizades sólidas e duradouras.

Porque Rodrigo Machado é um amigo.

Solteiro, não sabe o que fazer de tantas moças admiradoras, fãs, pretendentes à sua mão...

Enfim, um grande camarada.

Parabéns, Rodrigo, pelo transcorrer do seu anversário.

Tenha um “niver” feliz, mais um ano profícuo ao lado das pessoas que você ama.

*Virtuoso,
Que possui e cultiva qualidades de virtude ('moral, religiosa, social etc.')
Ex.: <é um monge v.>

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

UM BREVE RETRATO DE RODRIGO LUIZ JAYME: delegado de Polícia, tocador de violão e cantador!


Dr. Rodrigo Luiz Jayme em atuação na Delegacia Especializada; permanência exigida por 34 entidades de defesa dos interesses da mulher na Capital goiana!

Hélio Nascente*

"Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás".
(Ernesto Guevara de la Serna)

Nasceu em Goiânia a 9 de junho de 1968, aprendeu as primeiras letras no Instituto Araguaia, a partir de 1972. Guarda boas recordações das aulas educativas do professor Múcio, proprietário e diretor da escola. Teve uma in-fância feliz, mudou-se com os pais para Anápolis em 1974, aos seis anos de idade, onde estudou no Educandário Independência, da conceituada educado-ra Tia Neuza, permanecendo na cidade até 1978. De volta a Goiânia, freqüen-tou os bancos escolares dos seguintes estabelecimentos de ensino: Externato São José (dirigido pela Irmã Colomba), Farnese Maciel e Agostiniano e cursou o Segundo Grau no Colégio Objetivo. Rodrigo guarda boas lembranças dessa escola, referindo-se com saudades dos professores Silvão, Domingão, Soni-nha, e de outro que se tornou seu grande amigo, Carlos Augusto Mazzoni Filho – Carlão – falecido em 1987.
Paralelamente aos estudos, o jovem Rodrigo Luiz Jayme desenvolvia outras atividades. Por diletantismo, aprendeu a tocar violão, instrumento que executa com maestria, considerando a música como principal fonte de lazer. Ainda hoje, nas horas de folga, sempre compõe uma dupla com sua irmã Dori-ana.
Concluídos com brilhantismo os cursos fundamental e secundário, Ro-drigo tomou a decisão de seguir a carreira profissional do pai. Assim, iniciou o curso de Direito no segundo semestre de 1987, na cidade de Ribeirão Preto-SP, permanecendo ali por seis meses, quando foi submetido a um exame de seleção, e, sendo aprovado, foi transferido para a Universidade Católica de Goiás, onde bacharelou no ano de 1992.
Com o diploma na mão, o recém-formado advogado passou a exercer o ofício, militando no foro por aproximadamente três anos, até 1996, período de aprendizado prático em que teve por espelho e esteio seu próprio pai, a estrela que o guiava em todos os caminhos. Para ele, Luiz Jayme será sempre seu inspirador, não só na vida profissional, mas também em todas as sendas por onde pisar, já que considera que seu progenitor portou-se na vida com brilhan-tismo e com uma inteligência invejável.
Mesmo estando com o futuro garantido na profissão de advogado, Ro-drigo viu a oportunidade de prestar serviços ao Estado, quando surgiu um con-curso para delegado de Polícia. Fez os estudos preparatórios, ainda que traba-lhando ininterruptamente na Advocacia e logrou aprovação destacada para o cargo de Delegado de Polícia de 3.ª Classe em 1995, vindo a tomar posse em 19 de março de 1997, aos 29 anos de idade. Ele não se cessa de dar graças a Deus pela vitória alcançada, mas também não olvida jamais o apoio recebido de seus pais, que custearam seus estudos em todas as fases. Só em último lugar se lembra que também teve o mérito do seu esforço pessoal.
Rodrigo iniciou sua carreira como Delegado de Plantão, na cidade de Planaltina, localizada no Entorno de Brasília, de onde se transferiu Goianésia, onde já assumiu a Delegacia como titular. Ainda em suas etapas e peregrina-ções pelo interior, prestou serviços em Inhumas e foi transferido para a Capital, onde assumiu a Divisão de Apoio da Polícia Civil no Fórum de Goiânia; retor-nou para Goianésia e logo após assumiu as delegacias das cidades de Corum-bá de Goiás e Pirenópolis, e, finalmente, assumiu um plantão no 20.º Distrito Policial de Goiânia, e finalmente foi transferido para a Delegacia da Mulher.
Os méritos de Rodrigo como delegado não são poucos, como testemu-nham muitos dos que acompanharam de perto sua atuação nas diversas uni-dades policiais por onde passou. Ele se lembra de algumas atuações que mar-caram sua carreira, citando com perfeita lembrança um caso ocorrido em Goia-nésia:
– Foi feita a maior apreensão de maconha daquela época. A investiga-ção teve início através de um menor usuário, culminando na apreensão de a-proximadamente 40kg da droga procedente do Paraguai;
Outro trabalho de destaque foi a prisão e apreensão de vários jovens, por força de mandado judicial. A quadrilha era conhecida como a “Turma do Funk”, e seus integrantes eram praticantes de assaltos, consumo de drogas e vandalismo por toda a cidade de Goianésia. Foram presos aproximadamente 40 jovens. No presídio passaram por uma higienização, cortes de cabelo, visi-tas, palestras, etc. Em Goianésia pôde contar com o apoio e a amizade do Dr. Átila, juiz daquela cidade, e a partir de então se tornaram grandes amigos e um saudável sentimento de fraternidade os une perenemente.
Outro fato marcante na carreira do delegado Rodrigo Luiz Jayme ocor-reu na Delegacia da Mulher em Goiânia. Ele e seu colega, Dr. Divino Godinho, foram surpreendidos com uma Portaria assinada pelo Diretor Geral da Polícia Civil, removendo-os do Plantão da Especializada sem motivo aparente. Foi ventilado pela administração que não estaria correto delegado do sexo mascu-lino servir na Delegacia da Mulher, e que tal observação teria partido do Cevam – Centro de Valorização da Mulher – célebre e respeitada entidade de defesa dos direitos femininos em Goiânia.
Para surpresa do delegado, na data em que iria assumir o Plantão do 20.º Distrito Policial, ele recebeu a feliz notícia da revogação da referida Porta-ria. Graças ao Cevam, ao Conem e à titular da Delegacia da Mulher formou-se enorme corrente, tendo sido elaborado um abaixo-assinado com 34 assinaturas de entidades de defesa dos direitos da mulher, exigindo a permanência dos dois na Delegacia da Mulher.
Esse acontecimento foi único naquela Delegacia Especializada e tanto Rodrigo como Divino registraram com admiração a decisão e a força dos mo-vimentos femininos na luta e valorização da mulher, que ousaram ir pessoal-mente ao Diretor-Geral e exigir a sua permanência no cargo.
Rodrigo sentiu extremamente valorizado o seu trabalho, passando a contar com o irrestrito e imprescindível apoio do Cevam e de inúmeras outras entidades similares.
Segundo afirmação do delegado, houve ultimamente substancial avanço na atuação da Especializada, com diversos pedidos de prisões em casos de reincidência de atos violentos contra a mulher, pelo fato da aplicação das pe-nas alternativas se tornarem inócuas e obsoletas e nesse sentido ele está sa-tisfeito com o apoio e a atuação do Poder Judiciário e do Ministério Público.
Rodrigo é integrante de uma família pouco numerosa, mas fraterna e fe-liz. Seu pai, Luiz Amorim Jayme, falecido aos 60 anos no início de 2005, foi e continua sendo seu inspirador; sua mãe, Rosa Alzira Mendonça, é a pessoa que ele mais ama, ao lado de seu irmão e das irmãs queridas, com quem tem uma convivência que pode ser rotulada de perfeita fraternidade. São unidos não só pelos laços sangüíneos, mas também pela amizade e pela afinidade na arte musical. Aliás, a música está na raiz das origens da família Jayme, pireno-polina de antiga tradição, que já forneceu inúmeros músicos que cintilam na constelação artística brasileira.
Seus irmãos são Ricardo Luiz Jayme, Doriana Cláudia Mendonça Jayme e Luciana Mendonça Jayme. O primeiro é economista, agropecuarista e asses-sor do governo estadual. Suas irmãs, são, respectivamente, zootecnista e fisio-terapeuta. Sua mãe é empresária do ramo de chocolates, doces e festas, de-sempenhando papel de destaque profissional no Brasil e no exterior.
Rodrigo é solteiro, católico, considera-se simples, amigo solidário e cari-nhoso com quem ama.
Tendo ao seu lado a juventude e, conseqüentemente, um longo futuro a percorrer, seus projetos se resumem em constituir sua própria família e se de-dicar a cursos de especialização e mestrado em Ciência Penais e, finalmente, sua ambição mais ousada: conquistar o ingresso na Magistratura e no Magisté-rio na área jurídica.

*Hélio Nascente, editor da Anápolis TV Digital e acadêmico de Direito na Faculdade Raízes em Anápolis.

*Transcrito de AnápolisTV Digital
www.anapolis.tv

quarta-feira, 30 de julho de 2008

ANDRESSA RODRIGUES: BELA JOVEM ANAPOLINA


Hélio Nascente

Andressa é a garota destaque que faz a alegria em Anápolis


A jovem da foto é minha colega de aula, acadêmica de Direito na Faculdade Raízes (UniEvangélica), de Anápolis. É a caçula da turma (3.º período noturno), muito querida e mimada por colegas e mestres. Inteligente, aplicada, só tira notas altas e jamais "mata" aula. Andressa Rodrigues é o orgulho de seus pais e de sua família e vai ser uma advogada especialista em defesa dos direitos da mulher.

Andressa é um ótimo exemplo de jovem moderna, que sabe conciliar a convivência com a modernidade, sem perder a responsabilidade, sem se envolver com futilidades autodestrutíveis, aproveitando seu tempo com sabedoria e espargindo amizade e amor para os que têm a felicidade de conviver com ela no dia-a-dia.

ALAOR DOS ANJOS: ASCENSÃO DE UM VITORIOSO


Hélio Nascente*
Alaor dos Anjos: Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu.

Nascido em Goiás, nos últimos momentos em que a antiga Vila Boa foi Capital do Estado, teve como lema para vencer na vida “jamais desistir” de qualquer causa que abraçasse. Policial, agente de Saúde Pública, advogado, professor. Levou de roldão todos os obstáculos e venceu. Casado três vezes, tem três filhos, todos motivo de felicidade para um pai zeloso. Aposentado, continua lutando, mas em benefício dos seus, principalmente, não faltando com uma sábia palavra de aconselhamento nos momentos de dúvidas; de paz nos momentos de agitação; de incentivo nos momentos de fraqueza. Alaor dos Anjos é um amigo. Não só dos seus filhos, mas de todos que o conhecem e têm a ventura de privar da sua amizade. Septuagenário, não aparenta, já que tem um espírito jovem, empreendedor, espargindo otimismo para todos os lados.

Nasceu em família humilde, de poucos recursos, na cidade de Goiás no dia 21 de outubro de 1933. Seus pais foram Amaral Ramos de Souza e Maria dos Anjos Alcântara de Souza. Eram seis filhos, sendo que dois – Ubiratan e Joaquim dos Anjos Souza – são falecidos. Alaor é o segundo; Benedito Ramos é o primeiro (Tenente da reserva remunerada da PM-GO); a quarta é Divina e a caçula é Rosa.

Alaor dos Anjos foi enviado para a escola aos sete anos de idade, tendo o privilégio de estudar no célebre Grupo Escolar Mestra Nnhola, onde pontificavam as mestras/professoras Noêmia de Brito, Diva Camargo, Izolina – diretora – Zu e muitas outras. De todas elas, a que mais se sobressaiu, na memória do aluno Alaor, a que mais o influenciou ao longo da vida, de quem ele guarda as lembranças mais fortes, foi Noêmia de Brito.

Maria dos Anjos Alcântara de Souza, a diligente progenitora, colocou os filhos na escola no tempo exato, já que naquela época a criança só podia começar a freqüência regular ao Grupo Escolar aos sete anos de idade e foi justamente aí que Alaor deu início à sua longa e brilhante carreira de estudante, epilogada somente 34 anos depois, quando recebeu o merecido diploma de bacharel em Direito, das mãos do reitor da Universidade Federal de Goiás, Paulo de Bastos Perillo, no dia 17 de junho de 1974. A vida estudantil do infante Alaor não teve uma seqüência normal, tendo sofrido interrupções conseqüentes das dificuldades econômicas da sua mãe e dele próprio mais tarde. Na velha capital ele só concluiu os dois primeiros anos curriculares, quando a família transferiu residência para a nova capital do Estado, que ainda estava dando os primeiros passos, em 1942. Foi uma época de penúria para sua mãe, que passava por uma crise financeira muito difícil, dificílima mesmo. Ela enviuvara pouco antes do sargento do Exército Nacional e estava lutando em busca dos seus direitos à pensão militar. Somando-se a esses percalços, adveio a grave doença do filho Benedito, que contraiu leucemia e só conseguiu a cura espiritual. Pela conjugação de todos esses fatores, ela não pôde mais manter os filhos nos estudos, os quais se viram repentinamente na contingência de arrumar emprego, mesmo em tenra idade, para colaborar na sobrevivência da família.

Alaor, portanto, desde menino, lutou muito. Trabalhou como aprendiz de carpinteiro, servente de pedreiro; conseguiu um serviço ótimo, na Livraria e Papelaria Vanguarda, onde ficou, entretanto, por pouco tempo, indo trabalhar no Jóquei Clube de Goiânia, permanecendo durante três anos e sete meses. Em seguida foi para o Exército, servir a Pátria no 6.º BC (Batalhão de Caçadores) em Ipameri, dando baixa após um ano e meio de cumprimento do dever, o que fez com muito prazer e considera que foi uma experiência ímpar na sua vida, tendo aprendido não só o ofício da convivência cívica, mas viu reforçado o senso do dever e o cultivo à Ética. Retornando de Ipameri, inclui-se na Polícia Militar de Goiás, decisão formalizada no dia 25 de outubro de 1955, na cidade de Goiás, sua terra natal, onde era sediado o 2.º Batalhão de Infantaria. Permaneceu no posto de soldado durante dois anos, transferindo-se então para Goiânia, com o objetivo precípuo de fazer cursos de carreira militar. Infelizmente para ele, porém, essa carreira foi muito curta e ele deu baixa como cabo.

Tendo sido obrigado a interromper os estudos anteriormente, só quando estava servindo na Polícia em Goiás é que teve condições de retornar aos bancos escolares e dar prosseguimento ao seu objetivo de alcançar um diploma de nível superior. Tendo concluído até então apenas o 2.º ano da 1.ª fase do Ensino Fundamental, partiu para fazer o então existente curso de Admissão ao Ginásio na Escola da Mestra Colombia Caiado de Castro. Isto em 1956. No ano seguinte transferiu-se para Goiânia, a fim de fazer o curso de cabo, ficando durante mais três anos na Polícia, requerendo então sua baixa, passando a trabalhar na Secretaria de Estado da Saúde como auxiliar de Polícia Sanitária, com o ordenado de 4 mil cruzeiros, um ótimo provento – um cabo-PM ganhava Cr$ 2.100.

Ficou na Secretaria da Saúde durante muitos anos, e a partir daí não parou mais de estudar, um ano sim, outro não, porque para Alaor tudo erá difícil, tinha de empreender viagens a serviço. Uma dessas viagens foi demorada, tendo ido fazer o curso de auxiliar de saneamento em Uruaçu, pela extinta Fundação Sesp - Serviço Especial de Saúde Pública - órgão do Governo Federal, de outubro de 1961 a janeiro de 1962.

Mas voltou como auxiliar de saneamento, quando teve a oportunidade de fundar a primeira seção de Saneamento em Goiás e logo foi convidado pelo governo do Estado, na época do grande coronel Mauro Borges Teixeira, para fazer curso no Rio de Janeiro – curso de Inspetor de Saúde Pública em 1963, voltando em 1965 com o certificado de inspetor de saúde Pública nas mãos, sendo aí enquadrado como inspetor de saúde. Nessa função pontificou com eficiência durante muitos anos, período em que teve a oportunidade de demonstrar sua eficácia, seu interesse em dar ao serviço público uma autêntica dimensão social; fundou ou coadjuvou a fundação de vários serviços, tais como: seções, divisões e departamentos, ao lado do dinâmico e afamado Juarez Barbosa. Criou a Seção de Higiene Alimentar, posteriormente transformada em Divisão de Saúde do Ambiente e muitos outros serviços. Foi professor de Saúde Pública, ministrando aulas até para médicos, farmacêuticos, dentistas e enfermeiros; foi o denominado Curso Polivalente de Saúde Pública. Foi supervisor de turma e trabalhou na Chefia-Geral; na Vigilância Sanitária exerceu com maestria durante o longo período superior a oito anos o cargo de chefe-geral. Trabalhou por mais de 27 anos só na Vigilância Sanitária e mais nove anos como advogado, emprestado pela Assessoria Jurídica ao Departamento de Pessoal. Foi aí que Alaor completou os seus 35 anos de trabalho e requereu a sua devida e merecida aposentadoria, em 1994. Foram 35 anos de um servidor autêntico, que pôs, ininterruptamente, diuturnamente, todos os seus esforços, a serviço da eficiência, com a visão solidária de que o serviço público deve existir para beneficiar, para servir o povo; jamais, em nenhum momento demonstrou desídia no cumprimento diário do seu dever, sempre cultivando na prática a altruística visão de que servir é o objetivo do funcionário público, que é, nada mais nada menos, que um servidor do povo. A aposentadoria de Alaor dos Anjos, portanto, após longos 35 anos de serviços prestados com ética, foi muito merecida e justa. Significou o autêntico repouso do guerreiro.

Família
Alaor dos Anjos contraiu núpcias com Maria Camaizar Martins em 1963 e nesse mesmo ano deixou sua família para fazer curso de saúde no Rio de Janeiro, indo a esposa pacientemente para a casa dos pais em Jaraguá, a fim de aguardar o retorno no esposo – ela compreendera bem – de uma atividade que certamente iria significar a melhoria do padrão de vida do casal. Dessa união resultou o filho Péricles Martins dos Anjos, hoje servindo como cabo da briosa Polícia Militar do Estado de Goiás. O casal Alaor/Maria conviveu durante 15 anos e depois as circunstâncias forçou a uma separação judicial, que depois se tornou em divórcio. Mas Alaor não perdeu tempo e logo já estava com outra companheira, esta com o nome de Leonor Cabral Icassatti, que é mãe da segunda filha de Alaor, Cárita Icassatti dos Anjos, formada em engenharia civil. Com esta a convivência foi de apenas pouco mais de cinco anos, e por força do destino viram-se separados. Em seguida Alaor amargou praticamente seis anos sozinho, até que apareceu uma nova companheira, a jovem Eusder Ferreira de Carvalho, com quem convive até hoje, isto já há 20 anos. O casal tem uma filha, Ludmila Ferreira dos Anjos, a felicidade de ambos, sendo uma jovem, mesmo ainda em formação, dona de uma visão de mundo surpreendentemente clara, consciente, futurista, além de possuir uma inteligência rara e privilegiada.

Alaor professa a religião espírita, sendo membro do Coral do Prof. Evaldo, do Centro Espírita Irmã Scheilla, em Goiânia.

Numa visão retrospectiva de toda a sua vida, desde os primeiros momentos, em que, aos sete anos de idade foi mandado para a escola na cidade de Goiás, Alaor atribui principalmente à sua progenitora – falecida há muitos anos – todas as suas vitórias, pelo exemplo que ela deu aos filhos e pelo incentivo que não lhes negou em nenhum momento, mesmo nos mais difíceis e de aparente sem-solução. Ele, por sua vez, adotou um pensamento de nunca retroceder, e sempre foi avante. Desde o momento em que começou a estudar, ele nunca mais pensou em parar. Inspirou-se num pensamento, ao qual se agarrou por toda a vida, o qual o impulsionou muito sempre para a frente e para cima:

Aquele que se decide a parar até que as coisas melhorem, verificará mais tarde que aquele que não parou e colaborou com o tempo, está tão adiante, que jamais poderá ser alcançado.

Foi esse um dos seus lemas de vida: não parar nunca. Mas Alaor cultiva com persistência estóica outro lema, que todos os seus amigos e companheiros de todas as jornadas são testemunhas de que ele jamais foge dessa senda:

Viver honestamente, não lesar a ninguém, dar a cada um o que é seu.

Títulos

Curso Ginasial – Ginásio Municipal de Goiânia – 1963;

Técnico de Contabilidade – Colégio Comercial “5 de Julho” – Goiânia-GO – 1968;

Bacharelado em Direito – Universidade Federal de Goiás – 29/DEZ/1973

Especialização em Direito Civil – UFG - 31/MAI/1978;

Curso de Direito Agrário – UFG – 05 a 09/ABR/1976;

Certificado de participação à Palestra do Dr. José Carlos Moreira Alves sobre o tema Cognitio Extraordinaria – UCG – 26/JUL/1976;

Certificado de participação à Palestra do Dr. Rogério Lauriat Tucci sobre o tema Direito Processual Civil – UCG – 10/SET/1976;

Certificado de participação à Palestra da Dra. Altir de Souza Maia – UCG – 20/NOV/1976;

Curso de Atualização em Direito Penal e Direito Processual Penal (“com bom nível de aproveitamento”) – UCG – de 18 a 21/AGO/1976;

Participante do II Forum Nacional de Debates sobre Ciências Jurídicas e Sociais – Clube dos Advogados do DF, OAB-DF, IAB-DF – 08 a 12/AGO/1977;

Curso de Direito do Trabalho – OAB-GO e Instituto dos Advogados do Estado de Goiás – 29-30/AGO/1979;

Direito Penal (Extensão) – OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás - 30/MAI a 1.º /JUN/1979;

Participação no Encontro Nacional de Advogados – Goiânia-GO – 03 a 06/SET/1979;

Curso de Processo Civil Comparado - OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás – 24/27/1980;

Curso de A Ordem e a Realidade Jurídica Nacional - OAB-GO e Instituto de Advogados do Estado de Goiás – 29-30/MAI/1980;

Participação (“com assiduidade”) do I Seminário Brasileiro de Responsabilidade Civil (Extensão) – 11-13/JUN/1980;

Pós-graduado em Direito Penal e Direito Processual Penal – Superintendência da Academia de Polícia-GO – 08/DEZ/1994;

Curso de Técnica de Comunicação e Oratória – Centro Acadêmico XI de Maio-UFG – 1.º semestre de 1971;

Curso de Habeas Corpus – Sociedade Brasileira de Direito Criminal – São Paulo – 18/JUN/1972;

Curso sobre Títulos de Crédito – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” –UCG-04/08/1972;

Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-18-19/AGO/1972;

Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-22-23/SET/1972;

Curso de Direito Penal – Prof. Paulo José da Costa Júnior – UCG – 13-14/OUT/1972;

Curso de Direito Penal – Prof. Heleno Cláudio Fragoso – UCG – 18-19/OUT/1972;

Curso de Direito Penal – Prof. Joaquim Canuto Mendes de Almeida – UCG – 27-28/OUT/1972;

Curso de Direito Penal – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-31/MAR/1973;

Curso de Direito Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua” – UCG-04-05/MAI/1973;

Curso de Direito Penal – Prof. Fábio Dean-Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 21/MAI/1973;

Curso de Processo Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua”-UCG-1.º-02/JUN/1973;

Curso de Direito Civil – Diretório Acadêmico “Clóvis Bevilácqua”-UCG/Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 24-25/AGO/1973;

Código de Processo Civil Brasileiro – OAB-GO/Faculdades de Direito do Estado de Goiás – 2.º semestre de 1973;

Curso de Direito Penal – Prof. Luiz Vicente Cernicchiaro/UCG-Sociedade de Criminologia e Medicina Legal de Goiás – 30/MAR/1974;

III Congresso do Sindicato do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás – 29/31/MAI/1998;

Curso de Especialização em Saúde Pública – Universidade de Ribeirão Preto-SP/Associação Médica de Goiás – 07/ABR/1990 a 12/JAN/1991;

Conferência – AIDS: Análise Crítica da Situação no Brasil – Prof. Dr. Ricardo Veronesi – 28/JUL/1990;

Participante do I Seminário de Relações Trabalhistas – Sindicato do Comércio Varejista de Gênero Alimentícios no Estado de Goiás – 14/OUT/1988

Participante do Curso de Previdência Social para Empresas – Previdência Social – Goiânia-GO – 25/SET/1985;

Treinamento de Fiscalização Sanitária – Instrutor e Coordenador – Secretaria da Saúde-GO – 05-17/12/1983;

Honra ao Mérito do Colégio Cruzeiro do Sul-Goiânia-GO – Educador Sanitário da Osego (Organização de Saúde do Estado de Goiás) – 31/MAR/1973;

Curso de Treinamentos dos Agentes da Reforma Administrativa – Ministério do Planejamento e Coordenação Geral-Goiânia-GO – 30/OUT/1970;

Curso de Inspetor de Saneamento – Escola Nacional de Saúde Pública – 08/FEV/1965;

Curso de Auxiliar de Saneamento – Fundação Serviço Especial de Saúde Pública-Goiânia-GO – 16/OUT/1961 a 16/JAN/1962;

Honra ao Mérito – Professor substituto de Português e Literatura – Escola Técnica de Comércio Dom Bosco – Uruaçu-GO – 09/OUT/1978.

Cargos exercidos como funcionário público

Policial da PM-GO – Incluído: 20/JUN/1959, excluído em 20/JUN/1959;

Auxiliar de Polícia Sanitária – Secretaria de Saúde e Assistência do Estado de Goiás – Admissão: 13/FEV/1960.
Hélio Nascente – editor da Anápolis TV Digital

terça-feira, 29 de julho de 2008

GLÁUCIA SOUZA: uma dádiva de Anápolis



Por Hélio Nascente*

Gláucia Souza, bela e cheia de outras qualidades, é um exemplar de jovem moderna, dinâmica, atualizada, inteligente e de visão. Ela é Acadêmica de Direito, estuda na Faculdade Raízes de Anápolis, trabalha como secretária, tem vida independente. Gláucia nasceu em Anápolis, cidade que ama acima de tudo, segundo suas próprias palavras. Ama demais seus pais: Pedro Bernardes de Souza e Maria Dolores de Souza. Menina simples, ela está sempre à procura de aumentar seus conhecimentos em todas as áreas. Professa a religião católica, coloca Deus à frente dos seus empreendimentos; sua cristã solidariedade para com as pessoas de todos os níveis, principalmente as mais carentes é natural, adquirida no berço, fruto do exemplo de seus pais.
No exercício da Advocacia, ela irá – de acordo com seus sonhos – unir o útil ao agradável, não desprezando o idealismo de defender a mulher marginalizada, perseguida, maltratada, discriminada, atuando na área do Direito de Família. Outro objetivo de Gláucia é defender o consumidor, que, na visão dela, é indefeso diante da ganância dos poderosos, mas tem leis a seu favor, necessitando apenas do advogado consciente para exigir a justa aplicação. A Faculdade Raízes, instituição que a jovem acadêmica ama, porque faz parte da sua vida, é um degrau na sua ascensão profissional e social, da qual sempre irá se lembrar com carinho, ao longo de toda sua vida. Os colegas e os mestres de Faculdade de Gláucia Souza vêm nela uma garota agradável, inteligente, bondosa e muito jovial.

Publicado na coluna SOCIAIS de Anápolis TV Digital em 10.06.2008 ANÁPOLIS/GAROTA DESTAQUE
Fonte:
www.anapolis.tv

CÉLIA SIQUEIRA ARANTES, em prosa ou em versos: escreve para o futuro

Por Hélio Nascente

Célia Siqueira. Arantes, anapolina de coração: poesia fundindo realidade e sonho num só estado de espírito.

A escritora e poeta Célia Siqueira Arantes é natural de Buriti Alegre-GO, onde nasceu a 8 de dezembro de 1928, sendo seus pais Galdino de Paula Siqueira e Emerenciana de Vasconcellos Siqueira. Na época da fundação de Goiânia, a família transferiu domicílio para a nova Capital, onde a infante Célia realizou os primerios estudos e concluiu o Curso Normal (Magistério). Sempre em busca de mais sber, a jovem fez também o curso de Contabilidade no Colégio Santo Agostinho. Contraiu núpcias em 1952 com Alexs Batista Arantes, passando a residir por nove anos em Ceres-GO, transferindo-se então para Anápolis, onde viveu intensamente e proficuamente durante três décadas.

Célia participou da fundação e foi presidente da Academia Anapolina de Ciências e Letras, na qual ocupa a Cadeira n.º 7, cujo patrono é João Luiz de Oliveira. Foi presidente da Sociedade Amigos da Biblioteca, quando fundou a Biblioteca da Apae em Anápolis; coordenou a Casa do Artesanato de Anápolis e foi gerente do Centro de Aprendizagem e Produção em tecelagem; presidiu por dois mandatos consecutivos o Clube das Mães do Bairro Jundiaí; ocupou como titular a Secretaria Municipal de Cultura de Anápolis pelo período de quatro anos.

A passagem de Célia Arantes por todas essas entidades e pela Secretaria da Cultura foi memorável, deixando sua marca indelével, com marcantes serviços em prol da comunidade, com iniciativas revolucionárias. Voltando a residir na Capital do Estado em 1977, deixou profundas raízes fincadas em Anápolis, legião de amigos e admiradores.

Além de membro da Academia Anapolina, integra com presença sempre marcante, amável e dinâmica: a União Brasileira de Escritores – Seção de Goiás – (UBE-GO), da qual já foi vice-presidente, tendo sido, por várias gestões, membro do Conselho Consultivo; a Academia Feminina de Letras e Artes do Estado de Goiás (Aflag), onde ocupa a Cadeira n.º 45; o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás; a Associação Goiana de Imprensa – AGI; a Comissão Goiana do Folclore e a Associação Cultural Lavourartes. Também é sócia correspondente da Alcai – Academia de Letras, Ciências e Artes de Inhumas. É colaboradora das revistas do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás.

Depois de publicar Chão Livre, a escritora lançou em 1998 Fios da Memória (Contos – Editora Kelps), que recebeu o “Prêmio Alejandro J. Cabassa” concedido pela União Brasileira de Escritores-Rio de Janeiro e entregue no Auditório “R. Magalhães Jr.” da Academia Brasileira de Letras – ABL. Inédito: “Rumos” (Crônicas). Seu nome consta do Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, publicado em São Paulo por Nelly Novaes Coelho, Editora Escrituras; da Antologia Poética Brasil, Chile e Peru, organizada por Ubirajara Galli (Goiânia). Em 2005 fez parte das antologias: Goiânia em Poesia, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e Antologia 2005, da Academia Feminina de Letras e Artes do Estado de Goiás (Aflag). Recebeu da Prefeitura da Capital o diploma de Pioneira de Goiânia, oportunidade em que seu pai, Galdino de Paula Siqueira, in memoriam, foi agraciado com a mesma distinção.

Célia recebeu justas homenagens ao longo da sua vida, possuindo vários diplomas, medalhas e outras distinções que lhe foram conferidos, como o de Personalidade Cultural do Ano 1996 pelo Conselho Estadual de Cultura, em Goiânia e a Medalha Bernardo Sayão, em Brasília.

É verbete do Dicionário do Escritor Goiano, de José Mendonça Teles e do Dicionário Biobibliográfico de Goiás, de Mário Ribeiro Martins. Homenageada pelos escritores Luiz Contart no livro Diálogo Poético (1995) e por Conceição Cunha em Labor Literário (2000).

Cursou a Universidade Aberta da Terceira Idade na UCG – Universidade Católica de Goiás. A feliz Célia Siqueira Arantes é avó de 14 netos e bisavó três vezes.

Obras:

Chão Livre (poesias)-1991-1º edição

Fios da Memória (contos/crônicas)-1998. Ed. Kelps-Goiânia-GO.

Chão Livre – 2006 – 2.º edição. Ed. Kelps-Goiânia-GO

Disseram dela e de sua obra literária:

Cidade de Goiás, 14 de abril de 1980.

Célia, querida, sua Mensagem maravilhosa é de janeiro deste ano. Já vão 4 meses de recebida e nem um pequeno obrigado de quem a recebeu. Escuso-me de razões, tão frágeis todas. Receba estas linhas tardias e não pergunte o porquê da demora. Coisas da vida, saúde, coisinhas que não esmiúço. Meu agradecimento demorado, mas sincero e sem tamanho.
Minha poetisa, todo o coração da velha escriba para você.

Cora Coralina.
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A poesia e a prosa de Célia se acumulam no cérebro, rompem a fronteira, se transbordam e escorrem em palavras melodiosas, enxutas, precisas, tudo próprio de quem tem talento e sabe colocá-lo em prática.

Bariani Ortêncio (Escritor, folclorista, membro da Academia Goiana de Letras-Goiânia).
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“... será um livro de crônicas ou de contos? Já que se torna difícil diferenciar posso dizer que a autora trabalha perfeitamente com os dois gêneros, e se sai muito bem na empreitada de contar os causos...”

Consideração do escritor José Mendonça Teles ao prefaciar Fios da Memória.
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Tenho em lugar protegido e guardo com ciúmes duas obras dessa escriba que escreve com a pena na mão da alma: os versos Chão Livre e os contos/crônicas Fios da Memória. Duas vertentes literárias agradáveis e que prendem o leitor às páginas quase como que num transe hipnótico, fundindo realidade e sonho num só estado de espírito.

Os contos/crônicas narram sua própria vivência, mormente um retrato do nascimento de Ceres e Rialma, nos pioneiros tempos da Colônia Agrícola criada pelo presidente Getúlio Vargas e competentemente gerenciada desbravador Bernardo Sayão; Alexs Batista Arantes – agrimensor – ali laborou, dando sua contribuição para o progresso do Vale do São Patrício, e Célia o acompanhou, esposa/companheira leal, cúmplice na vida rude, corajosa mas esperançosa, buliçosa de tempos efervescentes e alegres com a chegada dos filhos.

A partir de agora, Célia Siqueira Arantes passa a integrar o seleto quadro de colaboradores da Anápolis TV Digital, o que a coloca novamente no coração da cidade onde passou os anos mais profícuos da sua vida ao lado do seu porto-seguro Alexs Batista Arantes, vendo os filhos crescerem e se realizarem, fazendo e administrando cultura, levando o nome da antiga Santana das Antas a todos os quadrantes do País.

Hélio Nascente (Editor da Anápolis TV Digital).

sexta-feira, 14 de março de 2008

OS IANOMAMI E A SEGURANÇA NACIONAL

Hélio Nascente

Mais de duas semanas após a bombástica notícia do possível assassinato de alguns índios Ianomami, descobre-se que o triste evento acontecido foi em território venezuelano. E, o que é pior: quem deu a pista foi um estudioso estrangeiro, o que leva à conclusão de que, nem os governos do Brasil e da Venezuela sabem da real localização das fronteiras enquanto um simples cidadão alienígena a conhece muito bem.

Massacre ou não, praticado por brasileiros ou não, o que importa é a questão que, com a notícia, veio à tona, da segurança nacional.

Quem poderá, no futuro, beneficiar-se com o extermínio, hoje, de índios amazônicos? Aqueles que deitam, há séculos, olhares de cobiça sobre toda a região.

Há muito que o interesse dos países desenvolvidos pela Amazônia vem se manifestando, sob o aspecto de ajuda humanitária, curiosidade pela fauna e flora, cristianização de silvícolas, expedições científicas, proteção ambiental, etc. Pouco importa o pretexto: os alienígenas estão sempre ali, rondando. Lamentavelmente, os sucessivos governos brasileiros, com a única exceção do presidente Getúlio Vargas, não demostraram preocupação alguma com a ameaça à soberania nacional.

Estranho, até, a súbita preocupação de países desenvolvidos, como os EUA e a Inglaterra, pela sorte dos ameríndios do sul, já que os próprios índios e outras etnias norte-americanas e os irlandeses do Ulster não têm merecido ao longo dos séculos tanta benevolência! Esse interesse constitui-se, na realidade, em transparente máscara dos verdadeiros interesses dos sete grandes (com os Estados Unidos à frente), pelo domínio do enorme manancial de matérias-primas estratégicas ali existentes. No futuro, quem detiver o depósito desses materiais deterá incontestavelmente o poder de gendarme do planeta. Esse o pacto dos países mais ricos.

O Brasil precisa acordar. Ainda é tempo. Mas não com um governo frágil como o atual, pleno de boas intenções, mas frágil, vacilante como um barco sem leme no meio da tempestade. Ao governo Itamar Franco falta apenas a força, atado que está pelas amarras de um Congresso dominado por interesses subalternos, impatrióticos e criminosos, até.

É preciso, urgente, que o Brasil ocupe efetivamente a Amazônia, mostrando ao mundo que "esta terra tem dono". Mas, para tanto, é preciso colocar a economia nacional no rumo certo. É preciso fortalecer, modernizando, as Forças Armadas. É despachar, ordenadamente, as populações desocupadas do Nordeste, lideradas pelo capital e pela capacidade tecnológica do Sul, para proceder à ocupação humana e o aproveitamento das potencialidades do Norte. O Brasil pode, é só querer.

*Publicado no Jornal da Imprensa-Goiânia, 01/15/set/1993.

REMINISCÊNCIA DE UMA VOCAÇÃO



Quando os padres franciscanos vieram dos Estados Unidos para Goiás – sediados em Anápolis – trouxeram na mala o objetivo de aqui formar padres para a continuação do ministério. Em Pires do Rio vários jovens abraçaram a causa de fé e seguiram a caminhada franciscana. Entre eles, talvez o primeiro, um que foi mais longe: elevado a bispo, assumiu a diocese de Cristalândia (hoje localizada no Tocantins), onde cumpriu sua missão até Deus chamá-lo. Seu nome: Frei Olívio Obalhe Teodoro, OFM.

Não o conheci em Pires do Rio, mas, em 1989, durante o curto período em que residi na pequena cidade de Nova Rosalândia, integrante da prelazia de Cristalândia, tive a oportunidade de ouvir missa celebrada por ele. Conheci bem seu irmão Olavo, que era muito amigo de meu irmão João Carvalho (Joãozinho), nos tempos em que pertenciam à Congregação Mariana e depois, já em Goiânia, uma sua irmã foi minha colega de aula.

Localizei nos guardados de minha mãe – falecida em 1995, este convite/programa para a ordenação de Frei Olívo em Pires do Rio, infelizmente sem data, mas provavelmente ocorrida no idos de 1960. Vai aí reproduzido, para lembrança de quem o conheceu.

Hélio Nascente

sábado, 26 de janeiro de 2008

ANIVERSÁRIOS EM PIRES DO RIO: 1949

A NOSSA FOLHA, de Pires do Rio, anunciava no dia 25 de dezembro de 1949 na coluna social, que aniversariou no dia 19:

“... o peralta Francisco Ildefonso, querido filhinho do distindo casal Wilson Souza Lobo e dona Jacinta Faleiro Barbosa Lobo. Ao ensejo o Príncipe dos Poetas Goianos, Leo Lynce, dedicou-lhe o soneto abaixo”:

FRANCISCO ILDEFONSO

FRANCISCO – nome feliz
Nome do belo avô!
Eis o que a menina diz:
– É com este que eu vou.

FRANCISCO – maior dos santos,
o grande santo de Assis,
que proclama os quatro cantos:
– Mas... só quem ama é feliz.

Chiquinho Lobo moderno
O neto da Dorcelina,
Enfiado num belo terno,
conquista qualquer menina.

Bem gerado e bem nascido,
Eu não sei o que mais queres!
Tu serás o bem querido
de mil e tantas mulheres.

Sabemos por informação de amigos que esse aniversariante (que mereceu tão alvissareiros augúrios do grande poeta goiano), é médico e vive em Goiânia.

Na mesma edição, o jornal NOSSA FOLHA anunciava a mudança de data dos piresinos: Cileneu Nunes Nogueira, Jonas Fausto Ferreira, Tirza Félix de Souza, Nice Laborão, Antônio Cassimiro de Souza, Antônio Pereira Gomes, Euclides Lobo, Heládio Sandoval Batista, Prof. Luiz Ângelo Milazzo*, José Mariano de Faria e Hermínia Calzada Monteiro.

*Foi deputado estadual eleito em 1954; tornamo-nos amigos em Goiânia a partir de 1979, quando organizávamos o PDT com Leonel Brizola. Faleceu em 2005.

FALECIMENTO – Na mesma coluna, o jornal comunicou o falecimento no dia 19/12/1949, “o passamento da senhorita Maria Escremim, filha da sra dona Valentina Possana Escremim”.

HOMENAGEM A JUVENTINO DE LIMA


Viveu em Pires do Rio, onde foi um dos fundadores do jornal NOSSA FOLHA. Faleceu prematuramente. Seu filho (que nasceu após sua morte), é meu amigo desde a adolescência, há mais de 40 anos: Hugo Sérgio de Lima.

No transcurso do primeiro aniversário de seu falecimento, em 1950, sua filha Raflézia prestou-lhe sentida homenagem póstuma, publicada em uma página da NOSSA FOLHA.

Aí está. Homenagem justa para quem deixou como legado para os pósteros um bom nome. Um bom nome que é marca registrada também de todos os seus filhos e filhas. Quem o conheceu fala: foi uma pessoa inteligente, progressista e dono de enorme bondade para com todos que o reodeavam.

A meu pai...
Raflézia Arnold de Lima*

Meu pai! Quantas saudades sentimos de ti. De ouvir a tua meiga voz e o teu olhar triste.

Nossos corações, vivem em dor e tristeza, em pensar e sentir, que aquele que trabalhou tanto, para vencer nesta vida de lutas, nesta vida que todos sofrem, deixou-nos neste mundo ingrato.

Mas um dia, encontraremos a felicidade, e estaremos juntos outra vez.

Paizinho!... Sinto que estais perto de mim: ouvindo a minha voz e a tristeza de meu coração...

Tenho tantas saudades de pronunciar este nome sagrado: Meu Pai!

A vida é assim mesmo!...

Para mim e para todos os teus, o dia mais triste do ano é: 24 de fevereiro...

Paizinho, desejo que o Senhor, tenha paz no céu, e que dês a nós, o consolo, neste vale de lágrimas...

Abençoai a tua filha, que te estima, e nunca te esquecerá, porque as saudades de seu coração atravessam os céus, e vão pousar junto a ti, beijando docemente a tua face Divina!...

*Publidado na NOSSA FOLHA, Pires do Rio-GO, edição de 19 de fevereiro de 1950.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

PIRES DO RIO: nasceu um “robusto garoto”

Saiu sensacional notícia na edição de 24 de abril de 1949, do jornal NOSSA FOLHA, editado por Jucelino Siqueira, em Pires do Rio-GO.

Nascimento:

A viúva do nosso saudoso diretor Juventino de Lima, exma. sra. D. Maria Godoi de Lima, teve sua feliz “delivrance” no dia 12 do corrente com o nascimento de um robusto garoto que na pia batismal receberá o nome de Hugo Sérgio de Lima.
Auguramos ao garoto uma feliz existência e a sua mãe os nossos sinceros parabéns.

Está aí o “garoto” Hugo Sérgio, nosso amigo há mais de 40 anos. Depois de viver durante muitos anos em outras paragens (Belo Horizonte e Goiânia), aposentou-se e retornou para a terrinha, onde vive vida feliz, cumprindo-se assim os bons augúrios da NOSSA FOLHA há quase 60 anos!

Parabéns a D. Maria Godoi de Lima pelo grande filho, gente de bem, amigo leal e sincero.