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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

SOBRE A VÍRGULA


Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER !

Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM ....................

Fonte: http://www.vilammo.com/forum/index.php?showtopic=51176

Colaboração: Iracema Dantas – Goiânia-GO


Fonte ilustração: http://chuckcurrie.blogs.com/photos/uncategorized/comma_web.JPG

A INTERNET E O CRISTÃO


Pr. Daniel Carvalho

A Internet, como rede mundial de computadores interconectados, é um privilégio da vida moderna para o homem moderno. É o maior repositório de informações acessíveis a qualquer pessoa que a acesse de qualquer parte do mundo. E o que torna a Internet tão diferente das outras invenções humanas é o insignificante período de tempo em que ela precisou para ser usada por milhões de pessoas. A eletricidade (1873), por exemplo, atingiu 50 milhões de usuários depois de 46 anos de existência. O telefone (1876) levou 35 anos para atingir esta mesma marca. O automóvel (1886), 55 anos. O rádio (1906), 22 anos. A televisão (1926), 26 anos. O forno de microondas (1953), 30 anos. O microcomputador (1975), 16 anos. O celular (1983), 13 anos. A Internet (1995), por sua vez, levou apenas quatro anos para atingir 50 milhões de usuários no mundo.

O crescimento da Internet no mundo é espantoso, são mais de 600 milhões de pessoas ligadas; os brasileiros são 5% deste universo, aproximadamente 30 milhões. A Internet é um mundo virtual muito semelhante ao real, nele encontram-se sites abordando todos os temas possíveis, especialmente: pornografia, sexo e assuntos espiritualistas. Em meio a estas densas trevas a luz do Senhor tem brilhado, dissipando-as; eis que surgem diariamente novos pontos de luz, são sites que procuram honrar e glorificar o nome Santo do Senhor Deus, disponibilizando verdadeiros oásis, com águas puras que restauram vidas. Ao servo, a opção de honrar a Deus, acessando páginas dignas dos santos, ou, a satisfação da carne e suas conseqüências. Irmãos não esqueçam, as más ações, mesmo que virtuais são pecado e como tal, passíveis de condenação eterna. ICo 6.12

"Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos, mas o Senhor sonda os corações." Pv 21.2; Sl 7.9; 17.3; 139.1

"...Eu sou aquele que sonda mente e corações, e vos darei a cada um, segundo as vossas obras." Ap 2.23

NÃO É ACONSELHÁVEL AO SERVO DE DEUS:

1 – ACESSAR SITES ERÓTICOS E PORNOGRÁFICOS.

É preciso que os servos de Deus tenham o devido cuidado com a vida espiritual, não permitindo que a impureza se aloje, afastando-lhes da comunhão verdadeira com o Eterno. Amados, é um engano pensar que o acesso a tais páginas não produz um efeito devassador na vida, é praticamente impossível, não se contaminar com os desejos baixos produzidos pela carne. O Senhor nos deixa uma palavra clara de alerta contra a impureza, sua prática apaga o Espírito de Deus.

"Eles perderam toda a vergonha e se entregaram totalmente aos vícios; eles não têm nenhum controle e fazem todo tipo de coisas indecentes... Vocês fazem parte do povo de Deus; portanto, qualquer tipo de imoralidade sexual, indecência ou cobiça não pode ser nem mesmo assunto de conversa entre vocês." Ef 4.19;5.3



2 - SEXO VIRTUAL (MASTURBAÇÃO OU CONVERSAS SENSUAIS).

Sexo virtual é pecado! Sua pratica envolve masturbação, conversas impuras e baixas. O peso de sua prática assemelha-se ao da fornicação e ou adultério. Os seus praticantes estão destituídos da verdadeira comunhão com Deus e estão debaixo de condenação eterna.

"Vocês fazem parte do povo de Deus; portanto, qualquer tipo de imoralidade sexual, indecência ou cobiça não pode ser nem mesmo assunto de conversa entre vocês." Ef 5.3

"Deus não nos chamou para vivermos na imoralidade, mas para sermos completamente dedicados a ele." 1Ts 4.7 ; Hb 13.4

"Que o casamento seja respeitado por todos, e que os maridos e as esposas sejam fiéis um ao outro. Deus julgará os imorais e os que cometem adultério." Hb 13.4

3 - BATE PAPO / CHAT.

Estas salas de conversação são usadas por muitos para construir amizades e em outros casos, até falarem do amor do Senhor. Infelizmente, nota-se que as designadas aos Cristãos/Evangélicos dos grandes portais, são verdadeiras praças nas quais muitos freqüentadores influenciados por espíritos malignos se portam como filhos das trevas. Lamento a ingenuidade de muitos que insistem em "jogar pérolas aos porcos" (Mt 7.6) expondo ao ridículo a palavra santa do Senhor e, pela vida de muitos crentes que escondido atrás de um "Nickname" mostram suas inclinações pecaminosas, usando expressões baixas e mentiras. A consciência de uma vida santa deve envolver todo o nosso ser, a ponto de produzirmos os frutos do Espírito Santo em todas as situações, inclusive, nas ações numa sala de Chat, nossas palavras devem ser continuamente uma expressão de louvor a Deus. Oh graças!

"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um." Cl 4.6

"De boas palavras transborda o meu coração... nos teus lábios se extravasou a graça; por isso Deus te abençoou para sempre." Sl 45.1,2

"Ordena e ensina... Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, tornar-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza." I Tm 4.11,12

"Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios" Sl 141.3

"E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus." Sl 40:3

"Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações. E tudo que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus." Cl 3.16,17



4 - SITES DO SENHOR.

Mas, em meio a este mar de coisas terríveis, visualizamos ilhas que são verdadeiros paraísos espirituais, nas quais podemos aportar e desfrutar das delicias que nos são apresentadas. Verdadeiro alimento que fortalece a nossa fé e concede-nos disposição para continuarmos firmes e inabaláveis na caminhada em direção à cidade santa. Tais como www.adcampinasgoiania.com.br; www.pazfm.com.br e outros.Estes sites devem ser visitados e ajudados, são pontos de luz em meio às trevas.

Pais, e Irmãos: O Senhor colocou em nossas mãos a responsabilidade pela instrução dos filhos nos caminhos santos ("Guardem sempre no coração as leis que eu lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e quando se levantarem." Dt 6.6,7), procure conhecer qual a vida que eles tem levado na Net, sente-se e os aconselhe, faça-os refletir sobre os perigos da rede, bem como, sobre a necessidade de serem santos em todo o proceder, seja no acesso a site impróprios, em chats e até mesmo na incompatibilidade da prática hacker.

Amados do Senhor estejam atentos e não se deixem enganar pela obra sutil do diabo. Lembre-se, ele anda ao nosso lado à procura de uma brecha, e encontrando-a entra e destrói a vida.

Vamos fazer uso da Internet de uma forma santa e edificante!

Sede santos, porque eu sou santo (1Pe 1.16).

*Pr. Daniel de Carvalho - Coordenador da Regional 02

Fonte: http://www.adcampinasgoiania.com.br/artigos_vis.php?id=000000000000027&idc=00002


Fonte ilustração: https://academictech.doit.wisc.edu/ORFI/otr/creating/internet.png

AS MISÉRIAS DA ADVOCACIA


Ricardo Moreira

Notadamente a advocacia é uma das mais antigas e importantes profissões de que temos conhecimento. Sua origem remonta aos primórdios da civilização humana. Contextualizando para a realidade brasileira, no dia 11 de agosto de 1827, na cidade de São Paulo, foi instituída, no Largo São Francisco, a primeira faculdade de Direito do país. A lei que instituiu o curso dava aos concluintes o título honroso de “doutor”. Indiscutivelmente, ser advogado é (ou pelo menos deveria ser) algo honroso.

Com o passar do tempo esse glamour ao redor da advocacia foi perdendo o brilho, se esmaecendo, até o ponto de encontrarmos advogados procurando emprego de garçom, sem desmerecer a nobre profissão de garçom, é claro. Aliás, encontrarmos advogados, hodiernamente, desempenhando outros ofícios. Não é raro, está se tornando rotineiro.

Mas por que isso tem ocorrido com tanta frequência? Encontrar a resposta para esta pergunta não é nada simples. O problema no mister da advocacia se inicia nas agruras por que passa o Poder Judiciário. O PJ brasileiro não estava preparado para tantas demandas como temos visto hoje em dia. Novas leis como, por exemplo, o Código do Consumidor e a Lei dos Juizados trouxeram para o Judiciário clientes que antes não teriam condições de bancar um processo, muito menos conheciam seus direitos básicos.

Mas o problema é que o Poder Judiciário não se preparou estruturalmente para esta crescente demanda, e talvez nunca consiga equalizar este desequilíbrio entre a quantidade de demandas e pessoal para julgá-las. Por esta razão, os juizes não conseguem entregar o provimento jurisdicional em tempo hábil a todos. O resultado todos nós sabemos. Processos que duram anos e às vezes décadas. Com tudo isso, as pessoas envolvidas nesse espetáculo jurídico foram se desgastando.

E qual é o papel do advogado nesse pano de fundo? Eis a pior notícia. O advogado virou um simples pedinte, um mendigo jurisdicional. A vida de um advogado é suplicar, implorar, desde o balcão da escrivania, até o ultimo fôlego do processo. O advogado tem que mendigar para ser atendido no balcão da escrivania, para encontrarem o processo que sumiu, para tornarem os autos conclusos para a secretaria do juiz, para ser atendido pelo magistrado. E quando, por fim, é atendido, é tratado com certo desdenho.

Corolário, a situação fica cada vez mais trágica. O cliente não entende o motivo pelo qual o processo dele está parado há dois anos, “concluso” na mesa do juiz sem que nada aconteça. O cliente cobra celeridade do advogado, este, por sua vez, não pode cobrar celeridade da justiça por duas razões: a primeira porque o problema nem sempre é do juiz, mas sim da falta de estrutura do Poder Judiciário; em segundo lugar porque se cobrar andamento, pode piorar a situação e ficar mais uns dois anos parado. Quantos advogados nunca ouviram dos serventuários da justiça a seguinte frase: “Doutor, o seu processo está no monte, se tirar do lugar ele vai voltar pro final da fila...”

Por fim, após longos anos de processo, o juiz prolata uma sentença, e, se favorável, fixa honorários de R$ 300,00. Isso mesmo, o advogado trabalhou durante anos, se humilhou mendigando aquilo que é um direito seu, e recebe míseros R$ 300,00 de honorários de sucumbência.

Certamente esta não é a resposta definitiva para a questão posta acima, mas, seguramente é um dos fatores da degradação dessa profissão tão maravilhosa que é a de lutar pelo direito do próximo. Se o respeito e a dignidade a este profissional não forem retomados urgentemente, a sociedade poderá perder grandes profissionais que trabalham por amor e paixão na defesa dos direitos do cidadão.

Ricardo Moreira é advogado, consultor tributário em Goiânia, militante do Direito Tributário no contencioso administrativo e judicial em todas as instâncias

Fonte: Diário da Manhã
http://www.dm.com.br/materias/show/t/as_miserias_da_advocacia

FOME ZERO NO PRESÍDIO

Irmã Petra Silvia Pfaller*

Assistimos a cada dia a violência que nos rodeia, a guerra longe, no Iraque e Israel, a guerra das drogas bem em frente à porta de nossa casa. As pessoas nas ruas pedindo a paz no mundo inteiro. A questão da impunidade sendo questionada a todo o momento e, infelizmente, a maioria da sociedade confunde o sentimento de vingança com a justiça. Muitos pedem que todos sejam colocados atrás das grades e poucos se preocupam com o mundo nos porões da humanidade: as prisões. Hoje, em Goiânia, são mais ou menos 2.600 presos e presas na Agência Prisional, que vivem nas celas superlotadas, com falta de tudo, abandonados pelo Estado e pela Sociedade. Como é sabido, não há realmente condições para que a pessoa dentro do presídio possa ser realmente re-socializada. Na verdade o Estado, ou seja, a Sociedade não é capaz de cuidar dos seus presos/as, aliás, nem sequer existe o conselho da comunidade que deveria representar a Sociedade dentro do sistema penitenciário.

Em Goiânia chegamos ao ponto absurdo de faltar comida para os presidiários/as. Sem café da manhã e sem pão. Os conteúdos das marmitas, almoço e janta são meio vazios, o cardápio diário é um pouco de arroz, feijão e pedacinho de "carne de soja". Quem não tem família ou dinheiro passa fome. É interessante que, justamente logo após as eleições de 2006, acabou a verba da Agência Prisional e começaram os cortes em todos os cantos dentro desta instituição. É um absurdo que o Estado tenha o poder de punir o cidadão por qualquer infração cometida, colocando-o muitas vezes por bagatelas atrás das grades. Mas, este mesmo Estado não dá conta de cumprir com as suas obrigações fundamentais, como, por exemplo, fornecer comida para os presidiários e presidiárias (art. 12, Lei da Execução penal). Este Estado, ao meu ver não tem legitimidade e moralidade de penalizar as pessoas, pois nem ele consegue cumprir a lei. Não há comida e nem sequer segurança atrás dos muros dos presídios, como se pode comprovar pelas últimas mortes dentro do Núcleo de Custódia, a chamada prisão de segurança máxima... Como numa situação desta pode-se falar em reeducação? Como se pode reclamar que muitos presidiários do regime semi-aberto cometam novos crimes. Que resultado a sociedade espera, já que o ambiente dentro dos presídios não oferece realmente nenhuma proposta diferente?

Está na hora da sociedade se mobilizar e pelo menos implantar o conselho da comunidade, assumindo assim a sua obrigação de cuidar dos seus presos e suas presas.

*Irmã Petra Silvia Pfaller mc - OAB 17.120 - Membro da Coordenação da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Goiânia e Coordenadora Estadual de Goiás da Pastoral Carcerária - mcpetra@netgo.com.br

CADÊ TERESA?


Iracema Dantas

Teresa de Azevedo Dantas (nome de solteira), nasceu em Picuí, na Paraíba, no início dos anos 20. É filha única de José Paulino Dantas, que tinha um jeito sisudo pra disfarçar uma alma grandiosa. Era conhecido por parente e chamado de Coronel. Exportador de couro e algodão e proprietário de uma rua inteira de grandes armazéns, pra guardar mercadoria. Mantinha também um seringal em Sena Madureira, no Amazonas, pra onde pretendia mandar quem se atrevesse a “tocar” na maior riqueza da vida dele – sua única filha, em quem ele investia todos os seus sonhos.

Teresa fez o curso de Guarda-Livros (hoje Contabilidade). Uma inovação tratando-se de uma mulher, praquela época. Falava inglês, francês, freqüentava as melhores festas, esbanjava beleza e charme. Freqüentou a renomada Escola Doméstica de Natal, onde aprendeu a preparar banquetes... Contadora da firma que representava no Nordeste a multinacional Eli Lilly and Company. Aluna da irmã Aquinata Eibel, filha de conde da Áustria. Na escola era chamada por Teresão e em casa, carinhosamente, por Teca.

Aos 27 anos, Teresa foi rendida pelo charme e os olhos azuis de um agricultor simples, sem pedigree. E os dois planejaram voar pra longe, em busca de um paraíso onde pudessem viver um amor eterno. No primeiro passo Teresa definiu a vida dela e de quem mais chegasse. Uma fotografia com a seguinte dedicatória foi o pivô de tudo: “Luiz, você concretiza o meu ideal na vida. Meu amor por você será eterno. E o resto você compreenderá no silêncio eloqüente desta fotografia e na expressão sincera do meu olhar.”

Num navio, Teresa e Luiz partiram às escondidas da cidade de Natal, rumo ao porto de Santos, com um enxoval completo, todo bordado à mão, feito com carinho, pra guardar por toda a vida. Em Santos, o cunhado (irmão de Luiz) aguardava os pombinhos. Já tinha reservado igreja, contratado padre, alugado vestido, sapato, dama de honra, fotógrafo (uma foto vale mais do que mil palavras). Tudo que um casamento de verdade merece. Até o cartório estava de plantão.

E o coronel? Ele ficou a ver navios. Morreu de desgosto, mas antes perdeu toda sua fortuna em jogos de baralho.

Enquanto isso, Teresa e Luiz foram morar num acampamento, em plena mata virgem, no Paraná – maior exportador de café do mundo. Um estado que precisava abrir estradas pra escoar sua riqueza e por isso eles foram pra lá.

Essa simbiose de amor começou a dar galhos. Desses galhos nasceram frutos e não pára mais de dar flores.

Luiz, a partir de 31 de março de 1992, é morador do céu. E Teresa resume assim o pedacinho de vida que teve ao lado dele:

“Falar de Luiz Pereira de Araújo, com quem fui casada durante pouco mais de 41 anos, traz-me à memória a imagem do marido, pai e avô coruja. Figura múltipla que dedicava à família um carinho especial.

Homem simples que viveu da Terra. Um amante da Natureza. Autodidata que se atrevia a orientar consertos em trator por telefone, tamanha era sua afinidade e segurança profissional como mecânico. O melhor do mundo.

Todos o conheciam. Afinal, Xico Barbudo, apelido herdado nos anos 50, estava sempre cercado de amigos. Andava feliz num Jeep sem capota, escoltado pelo fiel Vencedor, cão que o acompanhou até morrer de velho.

Por detrás de seus olhos azuis morava um homem humilde, honesto e sensível.

Um nordestino adotado por Jaraguá, Lendária Terra.

Uma conversa amiga, bondade e desprendimento material acompanhavam a disposição para o trabalho. Dar a mão, ajudar os outros era o que importava, a qualquer hora do dia ou da noite.

Sua marca registrada tinha a troca como pagamento. Nunca conseguiu dar valor monetário a seu trabalho.”

Mas, cadê Teresa?

Teresa está em Jaraguá, guardada por dois de seus filhos, que não arredam o pé de perto dela. Feito uma rainha, só sendo paparicada, dando ordens pra todo mundo. O diploma de Guarda-Livros está na parede, assim como fotografias que registram só momentos bons. A máquina de datilografia manual está guardada debaixo de sete chaves. Bem ao centro da sala, em lugar de destaque, um diploma onde se lê: “Goianidade não é condição. É sentimento. Nascido aqui ou não, quem escolheu Goiás para viver é goiano pelo coração.”

Iracema Dantasechiquefalarportugues@hotmail.com

UNS IGUAIS A OUTROS

Ludmila Ferreira dos Anjos*

Muitas vezes, infringimos leis, não acatamos regras pelo simples fato de querermos ser beneficiados no que fazemos. Quantas vezes não vemos pessoas sem deficiência pegar vagas destinada aos deficientes? Deficientes relatam na mídia, constantemente, agressões indiretas sofridas por eles. Agressões essas que ferem os Direitos humanos.
Deficientes de todas as idades sofrem em seu dia-a-dia. Certa feita um deficiente visual foi impedido de entrar num trem por estar acompanhado de seu cão. Episódio esse, ocorrido em São Paulo e que rapidamente foi parar no Conade (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Humana Portadora de Deficiência), órgão criado para acompanhar o desenvolvimento de uma política nacional para a inclusão da pessoa com deficiência; teve também uma grande repercussão na imprensa. Após esse triste fato, foi imposto em âmbito nacional que os deficientes visuais podem transitar livremente em todos os lugares acompanhados do seu cão-guia, se o tiverem. Para a lei mudar, infelizmente, deve haver um inocente pagando atos cruéis. Pena que nem todos os deficientes exponham as discriminações ou retalhamentos (de direitos) pelos quais passam.
Em Goiânia, uma adolescente de grande dom intelectual desejou ir a um teatro, mas não pôde. Ela teve glaucoma e tem menos de 20% de vista de ambos os olhos. A jovem só teria condições de ver o teatro se se sentasse na primeira fila, entretanto ela foi impedida de seu direito, sendo informada que os lugares estavam reservados.
Enquanto persistir essa impunidade, cerca de 24,6 milhões de pessoas que possuem algum tipo de deficiência ou incapacidade, segundo dados do IBGE, serão suprimidas de seus direitos.
Temos de conviver com as diferenças, sem ter dó nem piedade. Aonde irão aqueles que necessitam de nossa ajuda? E acima de tudo lembramos que somos todos iguais e livres para fazer qualquer tipo de escolha.

*Ludmila Ferreira dos Anjos é aluna do Colégio Prevest, de Goiânia, cursando o 6º Ano ao Pré-Vestibular.

POEMA DO DUQUE DE CAXIAS


O duque de Caxias, militar austero e carrancudo, foi, contudo, picado um dia pela inevitável mosca do amor; apaixonou-se por uma linda e fidalga brasileira da então Província Cisplatina. Não se casaram, porém. Ele uniu-se a sua esposa no Rio de Janeiro, e sua paixão sulista casou-se também, com um uruguaio, nascendo-lhe uma filha, linda, tal qual a mãe. Em conhecendo a jovem, muitos anos depois, Caxias fez este terno poema a ambas, mãe e filha:

“Lindo botão, deves ter... por nasceres de uma rosa...”

O grande marechal do Império, herói de guerras, duque, ministro, portador dos mais cobiçados lauréis, nunca, entretanto, olvidou o grande amor da sua juventude.

Os versos de Caxias:

Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina, um tanto de mulher.

Lindo botão, bem conheço
A rosa de onde procedes;
Olha... e verás que inda hoje
Em beleza não na excedes.

No Pantanoso eu a vi
Inda tão bela e viçosa,
Hoje o Pampeiro da vida
Dobra-lhe a fronte formosa.

Não importa, inda eu a vejo
Com toda a nobreza e graça,
Que só o sepulcro extingue
Beldades que são de raça.

Lindo botão, deves ter
Justo desvanecimento
Por nasceres de uma rosa
De tanto merecimento.

Saberás que as flores têm
Sucessiva Dinastia,
E pertenceu sempre a rosa
À mais nobre Hierarquia.

Os espinhos que te cercam
Não são para te ferir
Simbolizam as virtudes
Que deves sempre seguir.

Servem para defender
Tua angélica beleza
Da ímpia mão que pretenda
Manchar a tua pureza.

Mergulhado na Guerra do Paraguai, encontrou inspiração e tempo ainda, na aspereza da sua barraca de campanha, para dedicar esses simples versos de ternura para a esposa distante, Ana Luíza Carneiro Viana – Anica:

Eu tenho o coração maior que o mundo. Tu bem o sabes. Onde mesma cabes!

Que te parece? Até estou poeta!

Já avançado em idade, Luiz Alves de Lima e Silva viu o mundo faltar-lhe de debaixo dos pés, com o falecimento da amada, que era mais jovem do que ele 14 anos. Escreveu:

Vivo agora muito triste depois do golpe que sofri com a morte de minha Duquesa, a quem eu amava muito e só hoje desejo ir para onde Deus a levou.

Versos transcritos de Caxias, de Affonso de Carvalho – Biblioteca do Exército – 1976.

GRAÇAS A DEUS, UMA CULTURA, PORTUGUESA...


Dr.José César de Castro Barreto*

Por muitos anos, firmou-se uma lenda, entre nós brasileiros, de que a colonização portuguesa foi péssima, por serem esses colonizadores estúpidos, atrasados, etc. Deveríamos ser colonizados, para ser uma nação melhor desenvolvida, pelos franceses, que aqui aportaram no Rio, no século 16, ou pelos holandeses, que dominaram por um bom tempo o Nordeste do Brasil. São frases, que pela repetição contínua, tomam ares de verdade inquestionável.

Em 1970 estagiamos em Houston-Texas-EEUU, aprendendo Anestesia em cirurgia cardíaca a fim de iniciarmos, em Goiânia, no final daquele ano, a cirurgia cardíaca em nosso Estado. Nas folgas de sábados e domingos, passávamos quase todo o dia visitando museus ou indo a bibliotecas.

Aprendemos assim na história do Texas, que ele era um estado mexicano, desde quando o México tornou-se independente da Espanha. Os exércitos mexicanos iam àquela província, para cobrar impostos devidos ao "Gobierno Central". Contrariava uma norma, da cobrança de impostos herdados da Inglaterra, que desde 1666, o parlamento inglês tinha tirado o poder do rei, que assim o fizesse. Era o povo, por seus representantes, que taxava livremente o que a comunidade deveria pagar. Essa regra democrática econômica foi transmitida naturalmente às colônias inglesas da época. Os exércitos mexicanos chegavam a desapropriar até 50% da safra do texano, como dívida de um imposto. Revoltaram-se contra isso, formou-se um exército para combater essa espoliação imposta à força pelos mexicanos. Nesse exército havia várias nacionalidades européias que lá viviam, como também muitos mexicanos lá residentes havia muito tempo. Foram batalhas sangrentas vencidas pelos mexicanos. Não faziam prisioneiros. Afinal os texanos venceram na batalha de San Jacinto, perto de Houston, tornando-se uma nação independente. No Museu de San Jacinto, há uma frase do general texano vencedor que disse: “Aqui houve prisioneiros inimigos, junto com os heróis mortos, texanos, com suas diversas origens”. O Texas tem esse orgulho, mantém uma estrela solitária em sua bandeira, porque por nove anos seguidos foi uma nação independente. Foi uma outra batalha política, para tornar-se um estado americano. Os nortistas, anti-escravagistas não queriam, por ser um estado do Sul, que iria aumentar os votos sulistas escravagistas. Os sulistas não queriam um estado onde não havia escravidão.

Nessa mesma biblioteca, encontramos outro livro fascinante: A História das Colonizações nas Américas. Situava as colonizações em relação à colonização inglesa, com suas famílias, cujo objetivo final a ser alcançado era fixação na nova terra, com princípios religiosos, firmados na liberdade de crença (na Europa não existia). Com princípios políticos de liberdade. Com a tradição inglesa nas cobranças de impostos e na nova terra teria livre oportunidade de trabalho. Estes princípios básicos da colonização inglesa foram o motivo principal do México ter perdido sua província – Texas, que na época já tinha absorvido essa cultura britânica. Os espanhóis foram predadores. Chegaram em busca de riquezas. De modo autoritário, escravagista, punham seus exércitos à procura da prata, com a finalidade de voltarem ricos para a Europa. Não tiveram, como a colonização inglesa, o objetivo final de criar uma outra civilização. Os reis espanhóis doavam pedaços de terra nas Américas, com o fim do donatário explorar as riquezas da região e levá-las para a Espanha. Tiveram a oportunidade ímpar, quando descobriram e tomaram posse, duas civilizações americanas, em muitos aspectos, superiores à da Europa. No México, os aztecas, e no Peru, os incas. Tinham agricultura avançada, com curvas de níveis antierosão do solo; o milho híbrido; os saneamentos básicos, com drenagens de águas e esgotos; uma medicina superior à européia, onde faziam até trepanações¹; o conhecimento da astronomia e da astrofísica. Não conheciam a pólvora nem o cavalo. Foram dizimados, mortos, escravizados e roubados em sua grande riqueza de ouro e prata. Seus prédios e casas foram destruídos, sendo hoje ruínas. Esse livro enfatiza que a colonização hispânica, que iria desde o Colorado até a Patagônia, na Argentina, seria o maior país das Américas, se seguisse os princípios da colonização inglesa.

Igualmente o livro realça que a colonização francesa tinha o mesmo objetivo de rapina. As colônias erguidas nas Américas pelos franceses, foram vendidas para os americanos, quando estes já eram independentes. Ficou somente um quisto dessa colonização no Canadá. Com os holandeses aconteceu igual aos espanhóis e franceses, com a mentalidade de extrair o máximo nas novas terras e depois voltar para Europa. Nova York foi vendida para os ingleses. Restaram somente algumas ilhas no Caribe e o Suriname, antiga Guiana Holandesa no norte da América do Sul. Não se fixaram nem tentaram expandir-se.

Já era tarde de domingo. Paramos com a leitura do livro, adiando para o sábado seguinte a leitura da colonização portuguesa. Ficamos deduzindo que seriam terríveis verdades, iguais às que já tínhamos lido, de outras colonizações em relação à inglesa. Como teria sido nossa colonização pelos portugueses? Essa apreensão durou uma semana. Foi surpreendente, ao depararmos logo no início, quando afirmavam que foi uma colonização de fixação, ao tomarem posse da nova terra e com o objetivo de também se expandirem, como na colonização inglesa. Portugal já tinha uma enorme experiência de colonizações, nas ilhas atlânticas, na África e no Extremo Oriente. Antes da descoberta do Brasil, já tinha firmado o Tratado de Tordesilhas com a Espanha, os dois países mais ricos daquela época, com o aval do papa, assinado em Roma. Já era então de seu conhecimento e o “descobrimento” seria logo um fato consumado. Tomaram posse da nova terra, firmando seus marcos de posse para a coroa de Portugal. Trouxeram a fé cristã, com o objetivo de levar aos indígenas a salvação da alma. Portugal, um reinado autoritário com uma imensa e madura experiência de colonizações, trouxe para o Brasil um poder hierarquicamente ligado ao rei, por intermédio de um governador-geral. Esse tinha treze substitutos já destacados pelo rei, na falta por óbito do governador. Devido à extensão territorial, foi a colônia dividida em doze capitanias e todas com representantes do rei. Depois, com o surgimento da exploração do plantio da cana-de-açúcar, a colônia foi dividida em dois governadores. Mais tarde voltou a ter somente um governador-geral. Esses fatos explicam a determinação de Portugal de se fixar e com a certeza, de um dia, como os espanhóis, no oeste, achassem o ouro. Inicialmente, o principal fator econômico foi a exportação, para a Europa, do pau-brasil, uma madeira de lei que tinha a propriedade também de fazer uma tinta. Essa madeira mudou o nome da colônia de Terra de Santa Cruz, para simplesmente Brazil. Depois veio o ciclo econômico da exploração da cana-de-açúcar. Portugal, por oitenta anos, foi o maior produtor mundial de açúcar e monopolizava também sua distribuição, por intermédio de sua grande frota de navios mercantes. Essa riqueza levou o rei de Portugal a ser mais rígido com a administração no Nordeste e deixar mais livre o Sul da colônia. Com isso surgiram os bandeirantes em São Paulo, que foram incentivados a deixar caduco o tratado de Tordesilhas, indo atrás das esmeraldas, ouro e outras riquezas. Levaram as bandeiras, desde o Sul, pelo Centro-Oeste, chegando até a Amazônia. Ficavam nesses lugares os marcos de posse da coroa de Portugal. Cresceu a colônia três vezes seu tamanho territorial e acharam o ouro, duzentos anos após o “descobrimento” em lugares de difícil acesso, mas de fácil defesa. Como nos EEUU, foi um motivo de grande expansão territorial.

Essa corrida para o Oeste teve um importante detalhe. Quando os americanos descobriram o ouro, já era um país independente, ficaram com o ouro. O Brasil continuava colônia de Portugal. Apesar de ter extraído cinco vezes mais ouro do que os EEUU, nunca foi beneficiado por essa riqueza, pois esse ouro foi para Portugal, depois imigrado, por intolerância religiosa, para a Inglaterra, onde foi o principal fator do início da revolução industrial da daquele país. Veio influenciar também a industrialização do norte da América. Outro fato fantástico, revelado nesse livro, foi a influência decisiva de Napoleão na Independência do Brasil!

Quando os franceses invadiram a Península Ibérica, a corte portuguesa fugiu toda para o Brasil. Trouxe D. João VI a abertura dos portos, a fundação do Banco do Brasil, fundou escolas universitárias, o Jardim Botânico, etc. Quando voltou a corte para Portugal, com a derrota de Napoleão em Waterloo, D. João VI deixou seu filho como regente, dizendo-lhe, que em dúvida, “coloque em sua cabeça a coroa imperial, antes que algum aventureiro assim o faça”. Esses benefícios trazidos por D. João VI levaram o país a lutar por sua independência, principalmente para uma imprensa livre, proclamando D.Pedro I em 1822, a Independência do Brasil. Tornando-se um império, o quinto país do mundo em extensão territorial, falando a mesma língua, sem separação de raças, sem discriminações religiosas. Graças a Deus, uma cultura tipicamente portuguesa.

¹Técnica cirúrgica que consiste em perfurar um orifício em um osso, especialmente do crânio.
*Dr. José César Barreto é médico-anestesista em Goiânia. Por seus inúmeros cursos e congressos médicos de que participa no mundo todo, e suas teses apresentadas, é considerado cientista de destaque no campo da Medicina. Como livre pensador, manifesta preocupações com os problemas dos nossos dias, apresentando soluções lúcidas e admiráveis.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

PERSONA ALEXÂNIA-GO/Joventino Carlos Rabelo


Hélio Nascente

Juventino Carlos Rabelo é um exemplo de cidadania

Nasceu em Corumbaíba-GO e aportou em Alexânia, para ficar definitivamente, no dia 9 de março de 1978. É aposentado, casado com dona Aleide Maria dos Reis, tem cinco filhos e sete netos. Reside em uma chácara localizada no perímetro urbano da cidade, com um bosque, cujas umbrosas árvores foram plantadas com suas próprias mãos, onde os pássaros formam verdadeira orquestra com seus maviosos cantos, transformando o amanhecer e o crepúsculo em momentos de grande enlevação para ele e os seus que ali vivem ou visitam. Uma das atividades de lazer do ilustre habitante de Alexânia é tratar dos pássaros e de outros animais silvestres que, nos horários apropriados, achegam-se ao local para se alimentar com o “trato” que ele põe à disposição dos pequenos visitantes.

Joventino vivia em Uruaçu, onde se dedicava à atividade de produtor rural, mas viajava muito para Brasília, onde tinha familiares e assim passava sempre por Alexânia, cidade de que se afeiçoou por causa do clima e da receptividade do povo. Por esses motivos e pelo fato de que a cidade ficava localizada num ponto estratégico do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, tomou a decisão de transferir seu domicílio para o local, a partir do momento em que seus filhos atingiram a idade escolar em que Uruaçu não poderia suprir suas necessidades por falta de cursos superiores.

Em 1982 foi eleito prefeito do Município seu amigo José de Fontes Leal, que o convidou para assumir como titular da Secretaria de Estradas de Rodagem, já no ano seguinte. Foi sua primeira investida no rumo da vida pública. Tendo realizado administração profícua, que agradou aos líderes da comuna e ao povo, Joventino alçou vôo mais alto, candidatando-se a um cargo de vereador à Câmara Municipal de Alexânia em 1992, tendo sido eleito com expressiva votação e exercendo por dois anos o cargo de presidente do Legislativo.

A ascensão na vida profissional de Joventino em Alexânia foi um exemplo de velocidade e eficiência. Em 1985 foi aprovado em concurso público para exercer as funções de funcionário do Detran-GO, tendo sua atuação honesta e profícua chamado a atenção do juiz titular da Comarca, que incontinente o invitou para ocupar o cargo de juiz de paz, convite aceito por ele, permanecendo por nove anos consecutivos.

DELEGADO

Mas, provavelmente, a passagem da vida que marcou definitivamente para a posteridade a presença de Joventino Rabelo em Alexânia foi sua curta passagem pela atividade policial, como delegado, o que ocorreu em dezembro de 1985, tendo permanecido no cargo até fevereiro de 1987.

Sua atuação nesse cargo de suma importância para a comunidade foi marcante, não só pela demonstração de coragem pessoal, de dedicação plena, como pela honestidade demonstrada, o que granjeou-lhe a estima dos companheiros de Polícia, o respeito e a admiração de toda a comunidade alexaniense.

Inúmeros casos difíceis foram enfrentados pelo delegado Joventino, contando com o apoio indispensável do então cabo Pereira, ainda hoje na ativa, como sargento-PM; mas, o fato que ficou gravado com tinta indelével, para conhecimento da história de Alexânia e de Goiás, foi o desmantelamento de uma quadrilha que atuava na BR-060, nas imediações da cidade. Um meliante filho de Alexânia chamado Juarez e seus comparsas desenvolviam a sorrateira atividade de roubar motoristas de caminhão e de outros veículos que transitavam pelo local, causando transtornos, sobressaltos e preocupações aos viajantes.

Durante uma das tentativas de ataque a um caminhão, entretanto, o bando deu-se mal, tendo o chefe da quadrilha sido atingido na coluna vertebral pela bala de uma garrucha utilizada por um vigia que dormia na cabine do caminhão atacado. Os demais cúmplices fugiram e o chefe foi preso e levado para o hospital da cidade, ficando, a mando do delegado Joventino, guardado permanentemente por dois policiais. A partir da notícia da prisão do meliante, começaram a aparecer as inúmeras vítimas, muitas das quais recuperaram seus pertences, uma vez que o prisioneiro revelara o local onde eram guardados os produtos dos roubos.

Até que apareceu um cidadão de formosa que fora assaltado por Juarez. O delegado Joventino acompanhou a vítima ao hospital, tendo o assaltante reconhecido o assaltado e confessado lembrar-se ter tomado do mesmo um cordão de ouro com crucifixo italiano e um par de alianças que pertenceram ao avô da vítima. Tratava-se, portanto, de objetos de valor incalculável para seu proprietário, porque, além do valor de pecuniário, havia o valor de estimação, que, naturalmente, não pode ser avaliado em termos financeiros.

Embora reconhecendo a vítima e confessando o roubo daquelas jóias, o preso disse não ser mais portador das peças, que teriam ficado com um colega de crimes no momento da divisão do butim. Não restou outra coisa à vítima a não ser voltar tristemente para Formosa sem os seus caros objetos de ouro. Mas o delegado suspeitou de que o elemento hospitalizado não falara a verdade. O médico responsável pelo atendimento a Juarez afirmara ainda que, mesmo que ele sobrevivesse, ficaria totalmente paraplégico, o que levou o delegado a insistir com o mesmo, fazendo-o ver que seria melhor ele devolver os objetos de estimação de valor incalculável para a sua vítima, porque assim, pelo menos junto a Deus ele estaria redimido dos seus crimes. Mas ele continuou insistindo na conversa de que não estava de posse das jóias.

Dias depois, já fora do horário de expediente, o telefone da residência do delegado Joventino tocou e era uma enfermeira plantonista do hospital que ligara para dizer que o paciente-preso queria falar com ele com urgência. Chegando ao hospital, ouviu de Juarez que ele realmente estava de posse das jóias e que decidira entregá-las para o legítimo dono, o que fez de imediato, revelando ao delegado que elas estavam ocultas dentro do colchão do hospital. Joventino levou as jóias para sua residência, tendo passado uma noite de apreensão, devido ao valor das mesmas e com receio de que algum outro ladrão soubesse da história e fosse tentar resgatá-las à força. Mas nada houve e no dia seguinte ele telefonou para Formosa, convidando a vítima a vir a Alexânia.

Ocorre que ainda de manhã, poucas horas depois de confessar o crime, Juarez não resistiu aos ferimentos e, conforme previsão do Dr. Mário – médico e proprietário do hospital na época, veio a óbito, ficando o delegado Joventino de posse das jóias sem que ninguém mais soubesse.

Chegando a Alexânia, o viajante de Formosa ficou tão satisfeito com a recuperação do seu pequeno tesouro, que ameaçou de preencher um cheque para presentear o delegado pela sua atitude honesta e leal para com ele, mas o ilibado funcionário recusou de pronto, dizendo que já ganhava mensalmente seus proventos para cumprir com tais obrigações.

Nasceu em Corumbaíba-GO e aportou em Alexânia, para ficar definitivamente, no dia 9 de março de 1978. É aposentado, casado com dona Aleide Maria dos Reis, tem cinco filhos e sete netos. Reside em uma chácara localizada no perímetro urbano da cidade, com um bosque, cujas umbrosas árvores foram plantadas com suas próprias mãos, onde os pássaros formam verdadeira orquestra com seus maviosos cantos, transformando o amanhecer e o crepúsculo em momentos de grande enlevação para ele e os seus que ali vivem ou visitam. Uma das atividades de lazer do ilustre habitante de Alexânia é tratar dos pássaros e de outros animais silvestres que, nos horários apropriados, achegam-se ao local para se alimentar com o “trato” que ele põe à disposição dos pequenos visitantes.

Joventino vivia em Uruaçu, onde se dedicava à atividade de produtor rural, mas viajava muito para Brasília, onde tinha familiares e assim passava sempre por Alexânia, cidade de que se afeiçoou por causa do clima e da receptividade do povo. Por esses motivos e pelo fato de que a cidade ficava localizada num ponto estratégico do eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, tomou a decisão de transferir seu domicílio para o local, a partir do momento em que seus filhos atingiram a idade escolar em que Uruaçu não poderia suprir suas necessidades por falta de cursos superiores.

Em 1982 foi eleito prefeito do Município seu amigo José de Fontes Leal, que o convidou para assumir como titular da Secretaria de Estradas de Rodagem, já no ano seguinte. Foi sua primeira investida no rumo da vida pública. Tendo realizado administração profícua, que agradou aos líderes da comuna e ao povo, Joventino alçou vôo mais alto, candidatando-se a um cargo de vereador à Câmara Municipal de Alexânia em 1992, tendo sido eleito com expressiva votação e exercendo por dois anos o cargo de presidente do Legislativo.

A ascensão na vida profissional de Joventino em Alexânia foi um exemplo de velocidade e eficiência. Em 1985 foi aprovado em concurso público para exercer as funções de funcionário do Detran-GO, tendo sua atuação honesta e profícua chamado a atenção do juiz titular da Comarca, que incontinente o invitou para ocupar o cargo de juiz de paz, convite aceito por ele, permanecendo por nove anos consecutivos.

DELEGADO

Mas, provavelmente, a passagem da vida que marcou definitivamente para a posteridade a presença de Joventino Rabelo em Alexânia foi sua curta passagem pela atividade policial, como delegado, o que ocorreu em dezembro de 1985, tendo permanecido no cargo até fevereiro de 1987.

Sua atuação nesse cargo de suma importância para a comunidade foi marcante, não só pela demonstração de coragem pessoal, de dedicação plena, como pela honestidade demonstrada, o que granjeou-lhe a estima dos companheiros de Polícia, o respeito e a admiração de toda a comunidade alexaniense.

Inúmeros casos difíceis foram enfrentados pelo delegado Joventino, contando com o apoio indispensável do então cabo Pereira, ainda hoje na ativa, como sargento-PM; mas, o fato que ficou gravado com tinta indelével, para conhecimento da história de Alexânia e de Goiás, foi o desmantelamento de uma quadrilha que atuava na BR-060, nas imediações da cidade. Um meliante filho de Alexânia chamado Juarez e seus comparsas desenvolviam a sorrateira atividade de roubar motoristas de caminhão e de outros veículos que transitavam pelo local, causando transtornos, sobressaltos e preocupações aos viajantes.

Durante uma das tentativas de ataque a um caminhão, entretanto, o bando deu-se mal, tendo o chefe da quadrilha sido atingido na coluna vertebral pela bala de uma garrucha utilizada por um vigia que dormia na cabine do caminhão atacado. Os demais cúmplices fugiram e o chefe foi preso e levado para o hospital da cidade, ficando, a mando do delegado Joventino, guardado permanentemente por dois policiais. A partir da notícia da prisão do meliante, começaram a aparecer as inúmeras vítimas, muitas das quais recuperaram seus pertences, uma vez que o prisioneiro revelara o local onde eram guardados os produtos dos roubos.

Até que apareceu um cidadão de formosa que fora assaltado por Juarez. O delegado Joventino acompanhou a vítima ao hospital, tendo o assaltante reconhecido o assaltado e confessado lembrar-se ter tomado do mesmo um cordão de ouro com crucifixo italiano e um par de alianças que pertenceram ao avô da vítima. Tratava-se, portanto, de objetos de valor incalculável para seu proprietário, porque, além do valor de pecuniário, havia o valor de estimação, que, naturalmente, não pode ser avaliado em termos financeiros.

Embora reconhecendo a vítima e confessando o roubo daquelas jóias, o preso disse não ser mais portador das peças, que teriam ficado com um colega de crimes no momento da divisão do butim. Não restou outra coisa à vítima a não ser voltar tristemente para Formosa sem os seus caros objetos de ouro. Mas o delegado suspeitou de que o elemento hospitalizado não falara a verdade. O médico responsável pelo atendimento a Juarez afirmara ainda que, mesmo que ele sobrevivesse, ficaria totalmente paraplégico, o que levou o delegado a insistir com o mesmo, fazendo-o ver que seria melhor ele devolver os objetos de estimação de valor incalculável para a sua vítima, porque assim, pelo menos junto a Deus ele estaria redimido dos seus crimes. Mas ele continuou insistindo na conversa de que não estava de posse das jóias.

Dias depois, já fora do horário de expediente, o telefone da residência do delegado Joventino tocou e era uma enfermeira plantonista do hospital que ligara para dizer que o paciente-preso queria falar com ele com urgência. Chegando ao hospital, ouviu de Juarez que ele realmente estava de posse das jóias e que decidira entregá-las para o legítimo dono, o que fez de imediato, revelando ao delegado que elas estavam ocultas dentro do colchão do hospital. Joventino levou as jóias para sua residência, tendo passado uma noite de apreensão, devido ao valor das mesmas e com receio de que algum outro ladrão soubesse da história e fosse tentar resgatá-las à força. Mas nada houve e no dia seguinte ele telefonou para Formosa, convidando a vítima a vir a Alexânia.

Ocorre que ainda de manhã, poucas horas depois de confessar o crime, Juarez não resistiu aos ferimentos e, conforme previsão do Dr. Mário – médico e proprietário do hospital na época, veio a óbito, ficando o delegado Joventino de posse das jóias sem que ninguém mais soubesse.

Chegando a Alexânia, o viajante de Formosa ficou tão satisfeito com a recuperação do seu pequeno tesouro, que ameaçou de preencher um cheque para presentear o delegado pela sua atitude honesta e leal para com ele, mas o ilibado funcionário recusou de pronto, dizendo que já ganhava mensalmente seus proventos para cumprir com tais obrigações.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ODE À AMIZADE


José Bonifácio*
Ó doce paz: sagrada liberdade;
Únicos bens do sábio!
Os ídolos da terra não vos conhecem?
Vós dormis tranqüilos
No seio da amizade.

* José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, foi também poeta!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SOBRE A MOÇA DA SAIA CURTA


Triste época ! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito (Albert Einstein).

Quando surgiu a mini saia eu era adolescente, há cerca de 40 anos. Mas só agora, já entrado o século XXI, assiste-se a essa brutal, medievalesca e cavernosa manifestação de preconceito contra uma jovem portadora de saia curta. Atitude de pasmar, principalmente partindo de jovens, e de jovens estudantes universitários, habitantes da maior cidade do País! Preconceito, inveja, despeito... Sentimentos que já deveriam estar banidos do vocabulário dessa comunidade, mas que, infelizmente, ainda persistem em povoar a mente doentia, do tempo das fogueiras humanas da “santa” Inquisição. Sim, porque se dependesse dos agressores da jovem Geyse Arruda, e se a Polícia não chegasse a tempo, ela teria sido colocada na fogueira mesmo, pelo crime de usar uma saia curta, coisa comum há mais de 40 anos no mundo inteiro, além do mais recente topless, normal e até salutar, sem necessidade de vis agressões.

Quanto à expulsão da jovem pela dita Universidade Bandeirante, a atitude foi abominável sob todos os aspectos, principalmente pelo lado legal, tanto que a revogação foi imediata, diante do clamor nacional. Além desse péssimo exemplo, o que será mais que a dita universidade ensina aos seus alunos?

Triste época, mesmo!

Hélio Nascente
Alexânia-GO

Comentário publicado no Diário da Manhã = http://www.dm.com.br/materias/show/t/por_que_nao_bolsaclivro

Foto Geyse Arruda: http://www.moginews.com.br/materia.aspx?id=47402

sábado, 4 de julho de 2009

REALIDADE – Maceió de Goyaz Leite*


Ando pela rua
vejo tanta gente
tantos rostos diferentes.

Fecho os olhos e penso:
Vejo tantas pessoas mas
em nenhuma delas posso
confiar, pois não sei quem são
ou o que pensam.

Olho outra vez e penso:
Tanta gente que sofre
E tanta que é infeliz.

Olho outra vez e penso:
tanta gente boa e tanta
gente ruim.

Olho outra vez e penso:
tantos sonhos e tantas desilusões

Olho outra vez e penso:
Por que esse mundo é assim?

*Maceió de Goyaz Leite escreveu estes versos aos 13 anos de idade.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

NOSTALGIA - Iracema Dantas



Sigo em frente!
Vejo um sinal.
Uma nostalgia!
Fico nela,
Indefinidamente valsando.
Arrastando o sonho,
Me despojo,
Me resguardo,
Me inebrio...
Para mim não há ontem.
Não haverá amanhã.
Há,
Apenas o momento.
Apenas o agora!
Sigo,
Prossigo,
Persisto.
Amo!

terça-feira, 30 de junho de 2009

ELY CAMARGO, A DOCE CANTORA DE GOIÁS – Hélio Nascente


Cantora de grande talento, com inúmeras e eternas gravações, como Noites Goianas e Balada Goiana, é filha do compositor, maestro, professor de música e violinista Joaquim Édison Camargo e de Elcima Veiga de Camargo (neta de Veiga Vale, o mais famoso escultor de Goiás). Iniciou carreira como cantora profissional em 1962, em São Paulo, onde gravou inúmeros discos. Atualmente reside em Goiânia.

Ely Camargo é uma artista autêntica, idealista, feliz com a vida. Em seu apartamento no Setor Oeste, na aprazível capital goiana, respira o ar puro do bosque do Horto Florestal, localizado nas proximidades. Ela tem uma ascendência artística admirável, não sendo por acaso seus fortes e marcantes pendores para a arte musical desde a primeira infância. Ela conta que, pelo seu lado materno, houve no passado muitos músicos de talento, assim como compositores e também escultores, citando o maior de todos, o destacado Veiga Vale, pintor de renome nacional. Pelo lado paterno, seus familiares sempre lidaram com a música, o ambiente doméstico era todo musical; seu pai tocava violino, ensaiava com sua orquestra dentro de casa, e assim os filhos cresceram ouvindo o progenitor a tocar violino, a irmã Elcy Camargo a tocar piano, de forma que a música naquele lar era um acontecimento natural que fazia parte do dia-a-dia da família. Pertencendo a dois clãs de artistas de destaque, tendo nas veias a correr a mistura desses dois sangues de artistas, não é de se admirar que Ely Camargo tenha começado a cantar desde a primeira infância. Na residência de sua avó paterna, na cidade de Goiás, desde os três ou quatro anos de idade, sua tia Maria Camargo – famosa professora – a vestia de anjo para se apresentar na Igreja, desde que cantasse, porque os anjos tinham de cantar. Foi naturalmente um incentivo muito grande, ela foi uma pessoa trabalhada para cantar, embora nunca tenha estudado canto, sendo dona de uma voz natural.

Ainda na infância, Ely sentiu a sensação da mudança da família da antiga para a nova Capital, em 1938, já que seu pai era servidor do Liceu de Goiás e foi transferido para a nova Goiânia. Ela conta ter conhecido a cidade quando tudo era empoeirado, cheio de mato, quando a avenida Goiás estava sendo construída. Um fato histórico de que ela guarda viva lembrança é a visita do presidente Getúlio Vargas Goiânia, quando ela era ainda criança. Ela se lembra também de que conheceu o Dr. Pedro Ludovico naquela época, que ele estava sempre perto do povo, porque naquele tempo não existia um distanciamento entre os governantes e o povo, havia muita fraternidade entre as pessoas, as famílias se encontravam na rua, as crianças brincavam à vontade. Foi assim, nesse clima de liberdade e fraternidade que nasceu a nova Capital e Ely Camargo tem na memória essas lembranças vivas.

Sobre seus estudos, a cantora conta que estudou no Liceu de Goiânia, onde concluiu o Segundo Grau e depois estudou Farmácia na Santa Casa de Misericórdia. No Liceu ela foi colega do professor Nion Albernaz – posteriormente prefeito de Goiânia por vários mandatos –, que era muito estudioso e tinha em sua casa uma sala, onde ensinava Matemática e, como Ely tinha muita dificuldade nessa matéria, nas épocas de provas ela e mais quatro colegas pediam a ele 'pelo amor de Deus’ para ajudá-las com umas aulas de reforço, para que não fossem fatalmente reprovadas. E Nion convidava as colegas para sua sala e explicava, de maneira que Ely afirma que ele era um ‘colosso’ para dar aula de Matemática, todos acabavam aprendendo e tirando notas boas.

Os professores do Liceu de Goiânia na sua época de estudante, lembra Ely, eram ‘excelentes’, acontecendo que muitos alunos concluíam o curso e iam prestar vestibular nas universidades de São Paulo, sendo aprovados, por isso afirma sentir muito orgulho de ter convivido com tanta gente importante e boa na sua juventude.

Joaquim Edson Camargo
Ely Camargo é filha de um músico brilhante, apreciador, compositor e intérprete. Ela se recorda com muita saudade que seu pai, durante toda a vida gostou de música, foi professor, fazia famosas serenatas em Vila Boa com os amigos da família Alencastro Veiga, que eram músicos. Existiam orquestras que tocavam no cinema, ainda no tempo dos filmes mudos, uma das quais era chamada Orquestra Ideal, que tocava enquanto os filmes eram apresentados. Joaquim Edson era violinista e compositor, escrevia música assim como escrevia carta. Compôs muito. Por volta de 2001 Ely teve a oportunidade de gravar um CD com o nome de Lembrança de Goiás, só com as músicas escritas pelo próprio pai, entre as quais diversas inéditas. Ele foi a primeira pessoa a fundar uma orquestra em Goiânia, ensaiava no salão de casa, tocava nos bailes, no Jóquei Clube, no rádio, gostava muito de rádio, tendo sido diretor da Rádio Clube de Goiânia, a primeira emissora da cidade. O chefe da família tocava violino, uma filha acompanhava ao piano, enquanto Ely e sua irmã Elvane formavam a dupla Irmãs Camargo e cantavam. Joaquim Edson numca teve a oportunidade de fazer apresentações fora de Goiânia, mas Ely Camargo tem até hoje a felicidade de ter dado ao pai muita alegria quando ela foi para São Paulo em 1962, depois de ter cantado em todas as emissoras de rádio de Goiânia, fazer uns testes para ver se conseguia cantar na capital paulista, que já naquele tempo era um grande centro irradiador de cultura. Lá ela teve a oportunidade de gravar, foi contratada pela Rádio Tupy, apresentando o mesmo programa que apresentava em Goiânia, Canções de minha Terra, em horário nobre, depois do Grande Jornal Falado Tupy, aos domingos. Por isso seu pai ficou muito feliz porque ele se projetou nela, já que ele próprio jamais teve oportunidade, ficando feliz e se sentindo realizado, entretanto, vendo a filha fazer muito sucesso, não só no rádio, mas também com o disco que ela gravou logo que chegou em São Paulo. Foi um LP, coisa que era muito difícil de acontecer, porque as pessoas gravavam um disco 78 rotações, ou um compacto simples ou duplo, mas ela gravou um LP, gravando também as composições do próprio pai. Nesse período em São Paulo ela gravei 12 LPs e uma série de discos compactos nas gravadoras Chantecler, RCA Victor e Comep (comunicação Edições Paulinas), tendo lançado suas gravaçõles também em Portugal, na África do Sul e no México. Durante muitos anos teve programas exclusivos de rádio, intitulados Canções de minha Terra em diversas emissoras de São Paulo, tais como Tupy, Record e Nove de Julho.

Folclore
Ely Camargo dedicou-se também a pesquisas sobre o folclore brasileiro e ganhou todos os troféus como melhor intérprete outorgados pela imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, dentre os quais o troféu Euterpe, da Secretaria de Educação e Cultura da Guanabara e jornal Correio da Manhã, troféu Imprensa de São Paulo, troféu São Paulo na TV, troféu Guarani e outros.
Viajou por todo o Brasil gravando, fotografando e filmando, recolhendo, assim, vasto repertório. Nos seus programas de rádio ela ainda cantou e divulgou muitas músicas de Goiás. Depois o então governador Mauro Borges ficou interessado em gravar um LP com músicas de compositores goianos e encarregou a jovem artista da missão. Por tudo isso ela conserva a alegria de saber que foi a primeira a cantar e gravar as celebrizadas canções Noites Goianas, Balada Goiana, Canção do Araguaia e outras músicas que fizeram e continuam fazendo tanto sucesso, já que são excelentes composições, de uma beleza indescritível. Noites Goianas é de autoria de Joaquim Bonifácio e Joaquim Santana enquanto que Balada Goiana foi escrita pelo juiz e depois desembargador Manoel Amorim Félix de Souza. Ambas homenageiam a cidade de Goiás e foram imortalizadas pela voz de Ely Camargo.

Rádio Brasil Central
A cantora se recorda com inescondível saudade dos seus primeiros dias como cantora de rádio em Goiânia. Ela fez apresentações aos microfones de todas as emissoras da Capital goiana antes de ir para São Paulo. Com relação à Rádio Brasil Central, ela explica que cantava sozinha, mas gostava de fazer dupla ou trio, assim cantava com sua irmã, formando a dupla Irmãs Camargo, desfeita com o casamento da segunda participante, mas em seguida fez dupla com Honorina Barra (tia do cantor Marcelo Barra), quando tiveram a oportunidade de ir a São Paulo, onde gravaram na gravadora Columbia dois discos de 78 rotações com músicas escritas pelo irmão de Honorina, Barra, pai de Marcelo e composições de outros autores.

Retornando para Goiás a dupla em breve se desfez e mais tarde Ely formou o Trio Guairá, com seu irmão Elman Camargo, Luiz Antônio, um nordestino que chamavam de Pau-de-Arara que ela conheceu na Rádio Brasil Central. Foi nessa emissora que Ely Camargo cantou durante mais tempo, havia programas de auditório, foi um tempo muito bom para ela e os demais cantores e músicos, tinham um repertório excelente. Mas até que seu irmão também tomou a decisão de se casar e aí, pronto, lá se foi mais um conjunto e a partir daí Ely Camargo passou a cantar solitária.

Ely fala ainda hoje, décadas depois daqueles acontecimentos alegres e descontraídos na RBC, que a equipe da emissora era muito boa, competente e conta que lá que ela trabalhou por mais tempo. O apresentador do programa de auditório era Luiz Carlos Pimenta, mas Ely busca na memória e encontra muitos nomes importantes, citando Sílvio Medeiros e sua esposa Norma Alencar, Geraldo Amaral e muitos outros.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Josenália Gomes de Souza, pérola de solidariedade cristã - Hélio Nascente


Josenália Gomes de Souza é membro da Sociedade de São Vicente de Paulo em Goiânia há muitos anos. Vicentina dedicada, solidária com os mais necessitados, fidelíssima aos princípios cristãos, Josenália é também secretária do Conselho Central de Campinas da entidade, prestando serviços diariamente na sede. Ela é uma mulher feliz, que, pela sua bondade e espírito solidário, conquistou uma legião de amigos e amigas, círculo que continua a expandir-se interminavelmente.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

PRESERVAÇÃO DAS MATAS CILIARES EM ALEXANIA


Hélio Nascente*

Erosão em Olhos d’Água, Alexânia: origem em uma estrada de carros-de-bois há 60 anos

O Município de Alexânia, localizado na região do Planalto, no leste de Goiás, é abrangido por terras de cerrado, o que significa existir uma fragilidade para a preservação de suas condições originais, criando facilidade de escorrimento da camada superior do solo por ação da intensa pluviosidade sazonal, que vai de setembro a abril, durando, portanto, cerca de oito meses por ano.

Em conseqüência, há uma forte tendência do aparecimento de erosões de grande vulto, principalmente em decorrência da ação e da omissão humanas, com o desmatamento e outras atividades econômico-sociais que expõem o solo nu à ação das enxurradas, que descola a camada superior de terras, levando-a para os cursos d’água, provocando enormes depressões, denominadas de erosões e conseqüentemente o assoreamento dos córregos, o que resulta no fatal desequilíbrio do ecossistema, em prejuízo das gerações vindouras.

A principal ação humana que causa esses danos ao ambiente é a destruição das matas ciliares com fins econômicos imediatistas, o que é prejudicial a longo prazo. Por isso, em muitos casos tardiamente, o Poder Público, por meio do Legislador, criou mecanismos legais destinados à prevenção dessas ações nocivas, com a cominação de penas para seus atores diretos.

Foi o caso da erosão surgida nas proximidades do povoado de Olhos D’Água (fotos anexas), chamado pela população de buracão e que já custou a vida de algumas pessoas ao longo da sua existência, além de incontáveis acidentes não fatais, mas causadores de algum tipo de prejuízo às vítimas.

Disse o morador de Olhos D’Água, Elcy Queiroz, de 72 anos – que viu o surgimento da erosão desde o primeiro momento, uma vez que o local situa-se na antiga fazenda de seu progenitor, onde foi criado – textualmente: “A erosão começou com a enxurrada sendo canalizada dentro do sulco de uma estrada de carros-de-bois e aos poucos foi aumentando até virar o que é hoje”. De fato, percorrendo-se o terreno acima do início da erosão, vê-se claramente a existência de vestígios da antiga estrada carreira coberta pelo capim e onde há novos inícios de deterioração do terreno. Segundo a informação da testemunha, o início, os primeiros sulcos da erosão ocorreu há 60 anos, quando ele, menino de 12 anos, exercia a atividade de candeeiro de bois para seu pai e transitava regulamente pela dita estrada, até que essa ficou intransitável em conseqüência das chuvas.

A Lei Orgânica do Município de Alexânia, que entrou em vigor em 2005, diz no capítulo referente ao meio ambiente:

Art. 203. Todos têm direito ao ambiente saudável e ecologicamente equilibrado, bem do uso comum do povo e essencial à adequada qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público Municipal e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para o benefício da atual e das futuras gerações.

§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas.

Art. 210.São áreas de proteção permanente:

I – as de nascentes dos rios e os mananciais;

IV – Os fundos de vales e encostas.

Lei Orgânica do Município de Alexânia-GO).

O parágrafo primeiro e seu complemento do texto legal municipal coincide ipsis litteris com o que reza a Constituição da República Federativa do Brasil, cujo artigo 225 trata do assunto.

Só a atual administração municipal de Alexânia, tendo em vista a gravidade da situação causada pela erosão, tomou providências concretas com a finalidade de conter o avanço dos estragos causados na região, conseguindo a aprovação de um projeto que visa à solução do problema, com a participação da Administração Federal, o qual será implementado em 2009. Consta simplesmente da revitalização do local, por intermédio do plantio de vegetais adequados que irão evitar a continuação do desmoronamento da terra, inibindo, assim, o avanço da erosão.

Outra atitude da atual administração municipal de Alexânia foi a implementação de fiscalização visando cumprir o dispositivo legal, que diz:

Art. 206. As condutas e atividades lesivas ao ambiente, bem como a sua reincidência, sujeitarão os infratores a sanções administrativas e a multas, na forma da lei, independentemente da obrigação de restaurá-lo às suas expensas.

Lei Orgânica do Município de Alexânia-GO).

Diante desses textos legais federal e do Município de Alexânia, nota-se a existência de uma legislação ambiental que pode ser considerada como uma das mais avançadas do mundo, porém, a criação e instituição de normas que disciplinam o uso indiscriminado dos recursos naturais disponíveis, parecem não ter aplicação adequada, devido à falta de comprometimento e necessidade de manutenção dos recursos propriamente ditos.

Mas, apesar das pressões políticas de grupos econômicos hegemônicos, a administração municipal de Alexânia, mesmo timidamente, está dando mostras de que a preocupação com a preservação do meio ambiente não é letra morta. A revitalização da erosão de Olhos D’Água, providência postergada durante seis décadas pelo Poder Público, só agora encontra uma solução, com a iniciativa municipal em parceria com o Governo Federal, sendo que a este caberá a liberação de recursos orçamentários que viabilizem a implementação da importante obra.

Com essa atitude positiva, a administração visa dar cumprimento à lei que a norteia: “... restaurar os processos ecológicos essenciais...”. E, mais adiante, com a fiscalização sobre as ações de possíveis agentes (ou atores) da degradação ambiental, cumpre outra parte da legislação: “...preservar (...) os processos ecológicos essenciais...”

Assim, Alexânia dá ao País um exemplo de como agir em defesa da proteção ao meio ambiente, preservando as matas ciliares e as nascentes dos rios, e transformando a letra da lei em coisa viva, praticando o que está escrito e não, como acontece em todas as regiões, permanecendo a lei como letra morta. Só assim se poderá cumprir o que diz a Magna Carta brasileira:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Vade Mecum RT 2008. Constituição da República Federativa do Brasil. 2ª ed. São Paulo: RT, 2008, p. 29 a 95).

*Hélio Nascente, autor: Projeto de Pesquisa apresentado no final do segundo período do curso de Direito. Faculdade Raízes – Anápolis-GO. Junho/2008 – Orientadora: Prof.ª Sandra Lopes.

ANTÔNIO PARREIRA – IDEALISMO ACIMA DE TUDO


Hélio Nascente*

Antônio Parreira soprando velinhas no seu “niver”


Antônio Parreira, falecido em setembro de 2007, viveu durante décadas em Alexânia-GO, sempre dedicando seu talento, sua cultura, sua inteligência brilhante em prol da imprensa local. Deixou grande número de amigos na cidade. Em novembro de 2001, o Jornal da AGI, de Goiânia, por iniciativa do então presidente da entidade, Walter Menezes, homenageou Parreira com a pequena biografia abaixo transcrita. Hélio Nascente, então redator do Jornal da AGI, colheu os dados com o ilustre homenageado e redigiu o texto. Hoje vive em Alexânia, tendo chegado à cidade três meses antes do passamento do amigo Parreira.


Nasceu em Guaxupé, Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 1926, onde estudou na Escola de Comércio, concluindo o curso de Perito Contador, com a duração de seis anos, posteriormente equiparado a curso superior. Com pouco mais de 30 anos de idade, em 1954, buscou horizontes maiores, transferindo-se para a Capital mineira, onde já tinha contatos políticos com líderes como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e com o veterano Arthur Bernardes, ex-presidente da República.


Em Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que militava nas lides políticas, trabalhava e continuava os estudos, tendo feito o curso de Economia, profissão que adotou efetivamente, vindo depois a dedicar-se ao Jornalismo, misturando profissão com idealismo, com o gosto de escrever.


Trabalhou no jornal O Debate, depois chegou a ser membro do Conselho do Diário de Minas, órgão pertencente ao grupo político liderado por Negrão de Lima, que posteriormente veio a ser governador do Estado da Guanabara. A partir daí passou a se dedicar à profissão de jornalista.


Criou em Belo Horizonte o semanário Gazeta de Minas Gerais, que chegou a ter a surpreendente circulação de 50 mil exemplares.


Em 1962 transferiu-se para Goiás, estabelecendo-se na pequena e promissora Alexânia, tornando-se sócio do fundador da cidade, Alex, no empreendimento imobiliário que deu origem à cidade.


Em 1964 promoveu um comício de desagravo a favor do governador Mauro Borges Teixeira, fato que o fez ir para Buenos Aires, onde viveu durante três anos, num exílio voluntário, por não concordar com os rumos políticos tomados na época pelo governo militar. Foi para a Argentina espontaneamente.


Retornou para Belo Horizonte para continuar com o jornal Gazeta de Minas Gerais e ao mesmo tempo ingressou nas atividades políticas ao lado de Tancredo Neves. Depois instalou-se definitivamente em Alexânia, onde vive até hoje.


Resultados


Parreira fala francamente que o jornal Gazeta Regional é para ele mais o cumprimento de um idealismo, já que não dá resultados financeiros nem econômicos substanciais, rendendo apenas o suficiente para seu sustento.


Para ele, o grande resultado do jornal é o crescimento da educação da comunidade por meio da comunicação e constata que o Município cresceu muito nesse setor e que a grande maioria da população lê o jornal, diferentemente dos tempos de outrora, quando quase ninguém lia e chegaram a existir três jornais, mas com a duração de apenas alguns meses. Segundo Antônio Parreira, o jornal Gazeta Regional hoje faz parte da cidade, influindo diretamente até mesmo na maneira de ser da juventude. Uma pesquisa realizada em Alexânia verificou que 87% da população lê o jornal e o aprova.


Conselho para os jovens


Instado a dar um conselho para os jovens, para as novas gerações, o valoroso jornalista Antônio Parreira, do alto dos seus 70 anos, afirmou:


“Eu diria para o jovem de hoje colocar a cabeça no lugar, ser mais religioso, ter mais princípios, abandonar a droga, a bebida alcoólica, o fumo e viver em paz, dentro dos princípios religiosos, dos princípios humanos, cultivando o amor fraternal, o amor ao próximo de um modo geral, fazendo as orações quotidianas, porque só a oração faz com que tenhamos paz”.


E deu um exemplo: “No nosso tempo de jovens, no curso primário, antes de entrar para a sala de aula cantávamos o Hino Nacional e antes de se iniciar a aula fazíamos orações. Na minha opinião, desde que foi eliminada a obrigatoriedade da religião nas escolas, o ensino foi se deteriorando e não há mais seriedade, os alunos não sentem mis obrigação. No dia sete de setembro, ao mesmo tempo em que é executado o Hino Nacional, muitos jovens estão dançando, não acompanham, não sabem cantar, porque não aprenderam, porque a escola não ensina, a escola não é mais aquela”.


Finalizando, Parreira fez uma crítica ao ensino moderno, afirmando que “os professores de hoje pensam só no salário, esquecem o sacerdócio que deveria ser o ensino, porque é ensinando com amor que o aluno aprende e o pensamento hoje é só ganhar dinheiro, fazer greves e o verdadeiro ensinamento não importa”.


*Publicado no Jornal da AGI – Associação Goiana de Imprensa, Goiânia, edição de novembro de 2001.

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

A FELICIDADE DE ANA PAULLA VIEIRA


Ana Paulla com sua mãe, Selma Vieira e sua maninha Danielle, felizes nas festividades das bodas do casal Dayse/Harrisson.

Todo mundo tem sua amizade "número um"! Essa amizade "número um" pode significar simultaneamente muitas pessoas. No caso da jovem de Alexânia Ana Paulla Vieira, ela tem, com seu imenso coração puro e bondoso, várias amizades "número um", uma das quais é sua amiga de infância e de colégio, Dayse, que se casou no dia 11 deste mês. Ana Paulla ficou muito feliz ao ver a felicidade da sua amiga querida.

sábado, 28 de março de 2009

GOIATINS... UM ÉDEM INEXPLORADO – Lázaro Reis*



Plantada na margem esquerda do rio Manoel Alves, na divisa com o Maranhão, encontramos a cidade de Goiatins: bonita, romântica e de gente humilde e hospitaleira.

Lá, eu e meu companheiro de viagem José Cruz, ficamos hospedados na residência do casal Domingos “Dentista” e D. Anita, que nos receberam com muita atenção e carinho.

Também fomos muito bem recebidos na residência do Sr. Deurival Coelho Soares – o mais jovem prefeito do Estado do Tocantins (35 anos) -, pessoa gentil e educada, que se colocou à nossa disposição.

Visitamos a localidade de Santa Maria, antiga Craolândia, a sessenta quilômetros de Goiatins, terras dos últimos remanescentes dos índios craôs em todo o Brasil.

Deliciamo-nos da carne seca com farinha de puba de D. Dalila, com os melões do “seu” Leo, as leitoas assadas do José Américo e das pescarias na companhia do Valteni; quando tive a satisfação (e susto) de fisgar uma enorme arraia de fogo, cujo ferrão trouxe para mostrar aos amigos. Tudo isso sem contar a aventura de ter que percorrer, por estradas ruins e sobre rios sem pontes, na famosa “marinete” do Salmeron, uma raridade de pessoa.

Sem dúvida, conhecer Goiatins foi uma experiência inesquecível.

À gente boa de Goiatins, a homenagem desta revista.

*Lázaro Reis, diretor da revista Alexânia News – 1989.

Post scriptum:

Hélio Nascente, do blogdoelius.blogspot.com.br, e www.anapolis.tv também conheceu Goiatins, em 1987, quando residia em Goiânia, no Jardim Vila Boa, e fazia diários de viagem. Eis as anotações referentes à ida àquela cidade, então norte de Goiás.

Estando percorrendo cidades do norte de Goiás, a serviço do jornal O Estado do Tocantins, órgão de imprensa que lutava pela criação da nova unidade de Federação, recebeu a incumbência de um amigo de Goiânia, médico Alberico Borges de Carvalho Júnior, de retirar nos cartórios de Filadélfia e Goiatins cópias das escrituras de terras, com os respectivos registros. Estando em Araguaína, viajou para essas cidades a fim de angariar matérias jornalísticas e anúncios comerciais para o jornal e ao mesmo tempo atender à necessidade do amigo médico e de seu sócio Luiz de Carvalho. Assim dizem trechos dos diários:

09.11.1987

05:11hs, na rodoviária de Araguaína, aguardando o ônibus das 05:30hs para Filadélfia. Na vinda de Goiânia para cá, saímos às 14:00hs do dia 7 (...), às 08:00 do dia 8 entramos em Araguaína. Logo em seguida encontrei-me com o Walter Menezes e o Antônio Barros (1), almoçamos e fui dormir num hotel em frente à Rodoviária.

Mais tarde fiquei conhecendo uma garota chamada E., com a qual copulei à noite, no hotel e ela deu-me de presente uma pasta para carregar documentos (2).

O Walter e eu conversamos com o Barros e o Hélio Araújo sobre o jornal O Estado do Tocantins (...).

Vim para Filadélfia hoje, saindo de Araguaína às 05:25hs e chegando aqui às 08:04hs, debaixo de uma tremenda chuva, tendo ficado escondido no Fórum até a chuva passar. A seguir, localizei o Sr. Zebedeu José de Souza, o qual disse que a despesa do Dr. Alberico e do Luiz de Carvalho ficaria em Cz$ 3.000,00 (três mil cruzados) cada, mais Cz$ 300,00 cada em Goiatins (3).

A seguir fui à Telegoiás (4) e liguei para o Dr. Alberico no Inamps e ele não disse se iria remeter o dinheiro hoje.

Logo a seguir almocei numa pensão e fui a Carolina-MA, onde aportei às 12:25 hs, mas fiquei lá até a Caixa Econômica Federal fechar e a OP (Ordem de Pagamento) não chegou.

Ao voltar para o porto, houve uma grande coincidência, que foi o encontro com a Custódia, mãe da Luciene, uma garota que mora em frente à minha casa. Fiquei lá um pouco e vim para a pensão, onde me hospedei e amanhã às 08:00 irei telefonar para o Dr. Alberico novamente.

10.11.1987

Levantei-me cedo e telefonei para a casa do Dr. Alberico e ele me disse que havia remetido o dinheiro no dia 9 à tarde.

Fui para Carolina e fiquei lá indo à CEF frequentemente, até às 14:00hs (quando os bancos fecham-se aqui) e o dinheiro não chegou.

Voltei para cá e telefonei para o Rubens de Lima pedindo a ele que entrasse em contato com o Dr. Alberico para ele cobrar da CEF-Goiânia a remessa da OP.

Em seguida fui tomar banho no rio Tocantins. Estava muito bom, só que eu estava sozinho numa imensidão de praia, diferente de quando estava em Miracema do Norte, junto com muita gente.

Vim para o Hotel da Dona Joana eram já 19:00hs, tomei banho, assisti a missa, depois jantei, assisti o Jornal Nacional. Depois dei uma volta pela cidade, estive na casa do Sr. Joaquim, carpinteiro, que mora na saída para Araguaína.

Fui dormir ainda cedo.

11.11.1987.

Numa pensão em Goiatins, às 21:23hs.

Levantei-me em Filadélfia às 07:00hs e fui à CEF-Carolina sem pressa, para dar tempo do dinheiro chegar.

Quando entrei na CEF eram 09:45hs e um funcionário, ao me ver e sabendo da minha intenção, levantou os braços e disse “chegou!”

Recebi e comprei passagem para cá para o ônibus das 15:00hs. Passei pela casa da Custódia, e fui para Filadélfia, mas lá chegando o cartório estava fechado. Fiquei lá, almocei e só às 13:00hs é que acertei com o Sr. Zebedeu e voltei para Carolina.

Saí às 15:00hs e cheguei aqui exatamente às 17:00hs.

Chegando aqui em Goiatins, imediatamente encaminhei no Cartório os papéis, os quais ficarão prontos amanhã de manhã.

Esta é uma cidade isolada e desprezada pelos poderes públicos. A energia elétrica é um motor que funciona até as 23:30hs. Não existe rua calçada e os meios de transporte são precários.

(Aqui só fui anotar no diário no dia 10.12.1987)

22:53hs. No Minas Hotel, em Gurupi.

Quando estive em Goiatins resolvi no dia 12 o que tinha ido fazer lá e tomei o ônibus às 09:00hs para Araguaína. No caminho, ao cruzar o rio Tocantins, havia uma balsa avariada, por isso atravessamos de canoa motorizada e aguardamos a chegada do ônibus, que ia em sentido contrário para fazermos a baldeação.

Cheguei em Araguaína às 14:50hs.

(1) Os proprietários do jornal O Estado do Tocantins, juntamente com Hélio Ribeiro.

(2) Essa pasta troquei posteriormente em Goiânia com meu amigo Rubens de Lima por uma máquina fotográfica.

(3) Aproximadamente R$ 700,00.

(4) Hoje Brasil Telecom.

Ilustração Fórum de Goiatins
http://www.tjto.jus.br/imprensa/imagens/inaug_goiatins4.jpg

Postado no site www.anapolis.tv