*Ludmila Ferreira dos Anjos*
A demarcação das terras da Reserva Indígena Roposa, Serra do Sol, realizada pelo atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Roraima, está provo-cando um certo descontentamento dos índios e dos fazendeiros arrozeiros.
Logo após a divulgação da demarcação da Reserva Indígena, dois amigos se en-contram. Seu Pedro, um senhor humilde que cuidava com amor e carinho de sua planta-ção de arroz, conversa com o Tadash Tupiniquim, um índio de coração nobre e com uma idade também já avançada.
– Tadash, e agora, o que será de nós, fazendeiros?
– Não sei, Pedro. A gente vivia tão bem juntos, não era necessário fazer essa demarcação. Você não acha?
– É verdade. Criamos um vínculo de amizade tão forte e agora temos que nos separar. Esse governo brasileiro é muito arcaico, será que eles não sabem “que em time que está ganhando não se mexe?” Nós, fazendeiros, fazíamos parte de 6% do PIB daqui. E o pior é que não será só nós que sairemos no prejuízo, o prejuízo maior mesmo vai ser do Estado de Roraima.
– Pedro, mas eu ouvi falar que o governo estadual vai contestar judicialmente no Supremo Tribunal Federal a legalidade dessa demarcação.
– É. Tomara, Tadash.
– Aí poderemos ser vizinhos de novo, levarmos juntos nossos netos à escola es-tadual e enquanto os pequenos estudam nós podemos jogar damas, como de costume, ou até jogar um truco contra o João e o Paulo, e em seguida tomar um cafezinho e fazer compras no supermercado. O que você acha?
– Eu acho que é um sonho, Tadash, quase impossível. Um dia foi realidade, hoje é só um sonho.
Ao delimitar uma reserva deste tamanho, a Funai achava que nós continuaríamos vivendo como nômades, a exemplo de nossos ancestrais. Mas nós somos totalmente integrados às cidades do entorno. A Funai e o governo federal fizeram a nossa amizade distanciar, acabando uma amizade de tantos anos.
*Ludmila Ferreira dos Anjos é aluna do Colégio Prevest, de Goiânia, cursando o 6.o Ano ao Pré-Vestibular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário