sexta-feira, 30 de julho de 2010
POBRE MÃE NATUREZA
Ludmila dos Anjos*
Quando vejo toda devastada
A minha natureza amada
Fico triste e abalada
Não gostaria de ver-te aniquilada.
II
É tão ruim
Ver tudo assim:
Rios secos,
Aves sem vidas,
Terra árida,
Árvores caídas.
III
Não tenho nervos de aço.
Queria dar-te um abraço,
Não na morte, sim, na vida,
Com melancólica despedida.
IV
Para os animais,
Que tristeza!
Tudo está virando pobreza,
Mas os homens,
Que malvadezas!
Estão furtando-te
As riquezas.
V
Oh! Pobre mãe natureza,
Tu precisas de compaixão.
Quem te devasta,
Não tem coração,
Preservar-te é a nossa obrigação,
Dando-te irrestrita contribuição.
Goiânia, 23 de julho de 2005.
*Ludmila Ferreira dos Anjos é aluna do Colégio Prevest, de Goiânia, cursando o 6o Ano ao Pré-Vestibular.
Fonte da ilustração http://ideiasemdesalinho.blogs.sapo.pt/arquivo/Butterfly_Ricardo%20Monteiro_Album%20da%20natureza.jpg
POLICARPO, O SABIDO
Eliezer Penna*
Residia em Goiás e costumava viajar para Mato Grosso. A passar por Barra do Garça fazia uma parada, pois ali apanhava uma agradável companhia para o resto da jornada – uma linda morena cor de canela, longos e escuros cabelos, uns terríveis olhos verdes e aquele corpo!
O caminhão urrava nas subidas, a poeira invadia a cabine, mas a viagem era festa, com Regina – esse era o nome dela – a bela Regina a sorrir-lhe com essa alegria fácil da gente sertaneja.
Lá em Rondonópolis, ele se tornara conhecido, notadamente no hotel, cujo dono sempre lhe encomendava coisas do sudeste goiano. E ela se tornou também logo comentada pela sua beleza agreste, sua simplicidade cabocla, sua saúde impressionante.
Todos gostavam de ver Regina, de ouvir a sua voz cantante, a conversar na sala de espera dos hóspedes.
Noutra ocasião, porém, ao invés dela foi forçado a levar um assessoramento diferente, viajou com a patroa legítima, aquela a quem se unira pelos sagrados e indestrutíveis laços. Era uma dessas matronas feras, de verruga com fio de cabelo no queixo.
Desta vez, ele não parou em Barra do Garças.
Ao chegar ao hotel em Rondonópolis foi recepcionado pelo dono, que ao notar a mulher diferente perguntou ingenuamente:
– Uai, sêo Policarpo, e a Regina?
O homem ficou gelado, mas ainda teve presença de espírito:
Ah! Nunca mais bebi daquela pinga: A última vez que tomei me fez um mal danado...
*Eliezer Penna é jornalista e ex-presidente da Associação Goiana de Imprensa – AGI. Transcrito da revista Hoje-Goiânia-GO.
Fonte da ilustração: http://www.fnva.com.br/viewtopic.php?f=24&t=6449&view=next
quarta-feira, 28 de julho de 2010
LÁZARO, O SOLDADO CAPITÃO
Alaôr dos Anjos
Depois que viemos transferidos do Segundo Batalhão, sediado na cidade de Goiás para Goiânia, a fim de habilitarmos ao curso de cabo que seria ministrado pelo Departamento de Instrução Militar – DIM, unidade do Primeiro Batalhão e, após nossa premiação no exame de seleção, em primeiro lugar, com média 9,5 (nove e meio), cabendo ao colega Paulista o segundo lugar, que além de veterano já havia passado pelas fileiras da Força Pública do Estado de São Paulo. No decorrer do curso, sobressaíram-se os soldados Lázaro, Augusto, Renato, Ubiracy, João Pereira, dentre outros. Com esse grupo, formamos uma nova turma de elite de todo o Batalhão. Passamos então à equipe de porta-bandeira pela maneira de marcharmos garbosamente. O Lázaro era um deles ao lado do Renato que desfilavam em grande estilo e elegância. Éramos alunos aplicados e estimados por todos os nossos superiores hierárquicos, além de disciplinados.
O cabo Roxinho, de pais incógnitos, era ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira – FEB. Lutou bravamente na II Guerra Mundial na Itália, em defesa da paz, da democracia, contra a discriminação racial. Quando foi promovido a terceiro sargento não queria ser apresentado ao Comando Geral para receber as divisas. Ser sargento não queria. Cabo sim, realmente era o queria ser.
O Suetônio de Souza Guimarães era subtenente almoxarife. E o José Costa sargenteante. Numa discussão entre eles, José Costa lhe disse que um dia seria subtenente também. Suetônio retrucou, incontinenti: “Se um dia você for subtenente, eu sairei no outro dia da Polícia”. Por competência e dedicação denodada à caserna, José Costa teve promoções rápidas, uma após outra, indo em pouco tempo a subtenente. Suetônio ficou indignado com aquele fato. Todavia, não pedia para sair. Anos depois, passou para a reserva remunerada como primeiro tenente e José Costa como capitão.
Voltando a falar da nossa turma, soldados de escol, porta-bandeira de primeira classe, com a convivência cada vez mais próxima e o laço de amizade mais estreito, resolvemos, num pacto, promover anos próprios aos postos de tenente, capitão e coronel. O Renato e eu éramos capitães, o Lázaro tenente, o Augusto e o Ubiracy coronéis. Éramos brincalhões. De todos nós, o Lázaro era o mais engraçado.
Certa feita o major Montefusco quis deter-me por mera brincadeira inocente e inofensiva da minha parte. O cabo Lázaro, sorrindo disse-lhe: “Como se atreve, major, em querer deter o capitão?” Montefusco, esquecendo por instante sua neurose de guerra, também sorriu e, redargüindo, disse ao cabo: “Por acaso tem algum capitão aqui?” “Tem, sim senhor”, replicando o cabo. “O Alaôr é um deles, e eu sou tenente. Tenente mais capitão são superiores a major”.
Fomos os primeiros infantes a pisar o solo de Brasília, por ocasião da colocação da pedra fundamental, em ato solene celebrado pelo ilustre doutor Juscelino Kubitschek de Oliveira, presidente da República. Foi árdua e cansativa a viagem à Nova Cap. Saímos do quartel às três horas, sob muita chuva. Todos os componentes da companhia foram em carrocerias de caminhões, exceto os oficiais que viajaram nas cabines. Os sargentos Joel do Espírito Santo, João Adão, os cabos João do Rancho e Tenório, os soldados Aylan, Mossoró e outros, que eram do piquete de captura, fizeram parte do contingente. Desfilamos primeiramente nas cidades de Anápolis e Corumbá, respectivamente, sob o comando do capitão Silveira, chegando em Brasília por volta das vinte e uma horas. O pessoal do rancho viajou às vinte e duas horas do dia anterior para preparar a comida. Porém, errando a estrada, chegou com atraso no local do acampamento. Logo chegamos também. A comida foi preparada às pressas, arroz, feijão e carne de vaca mal cozida.
Não dormimos nada nessa noite. Fomos acometidos de violenta diarreia, por causa da ingestão dos alimentos, quase crus. Foi um corre-corre danado para o mato, procurando as moitas de capim, a fim de aliviar nossa barriga, indo aos cerrados mesmo em grupos. Defecando ao lado de um capim gordura, o cabo Lázaro, ainda de cócoras distraidamente, apanhou um papel cheio de fezes e colocando-o sobre os ombros, bradou: “Ei, pessoal Fui promovido ao posto de capitão”. Logo em seguida, batendo as mãos, gritou: “Credo, é merda! Ser tenente quero sim, capitão, nunca”.
Goiânia, 16 de outubro de 2004.
* Alaôr dos Anjos é colaborador do Jornal da Cultura Goiana. Crônica publicada no Jornal da AGI, Órgão Oficial da Associação Goiana de Imprensa, ano VI, n° 39, outubro/2004, página 26, segundo caderno.
Fonte da ilustração: http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&source=imghp&biw=1020&bih=596&q=policial+militar+go&btnG=Pesquisar+imagens&gbv=2&aq=f&aqi=&aql=&oq=&gs_rfai=
segunda-feira, 26 de julho de 2010
BIOGRAFIA DO DUQUE DE CAXIAS – O Patrono do Exército
Luis Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, nasceu em 25 agosto de 1803, na fazenda de São Paulo, no Taquaru, Vila de Porto da Estrela, na Capitania do Rio de Janeiro quando o Brasil era Vice Reino de Portugal. Hoje, é o local do Parque Histórico Duque de Caxias, no município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.
Filho do Marechal-de-Campo Francisco de Lima e Silva e de D. Mariana Cândida de Oliveira Belo. Ao seu pai, Vereador da Imperatriz Leopoldina, coube a honra de apresentar em seus braços à Corte, no dia 2 de dezembro de 1825, no Paço de São Cristóvão, o recém-nascido que, mais tarde, viria a ser o Imperador D. Pedro II.
Em 22 novembro de 1808, época em que a Família Real Portuguesa transfere-se para o Brasil, Luis Alves é titulado Cadete de 1ª Classe, aos cinco anos de idade.
Pouco se sabe da infância de Caxias. Pelos almanaques do Rio de Janeiro da época e publicados pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, os quais davam o nome das ruas em que moravam às autoridades governamentais, sabe-se que seu pai, desde capitão, em 1811, residia na rua das Violas, atual rua Teófilo Otoni. Esta rua das Violas, onde existiam fabricantes de violas e violões e onde se reuniam trovadores e compositores, foi o cenário principal da infância de Caxias. Sabe-se que estudou no convento São Joaquim, onde hoje se localiza o Colégio D.Pedro II, e próximo do Quartel do Campo de Santana que ele viu ser construído e que hoje é o Palácio Duque de Caxias, onde está instalado o Comando Militar do Leste.
Em 1818, aos quinze anos de idade, matriculou-se na Academia Real Militar, de onde egressou, promovido a Tenente, em 1821, para servir no 1º Batalhão de Fuzileiros, unidade de elite do Exército do Rei.
O retorno da família real e as conseqüências que daí advieram, concorreram para a almejada emancipação do País. D. Pedro proclama a independência do Brasil e organiza, ele próprio, em outubro de 1822, no Campo de Sant'Ana, a Imperial Guarda de Honra e o Batalhão do Imperador, integrado por 800 guapos militares, tipos atléticos e oficiais de valor excepcional, escolhidos da tropa estendida à sua frente. Coube ao Tenente Luis Alves de Lima e Silva receber, na Capela Imperial, a 10 de novembro de 1822, das mãos do Imperador D. Pedro I, a bandeira do Império recém-criada.
No dia 3 de junho de 1823, o jovem militar tem seu batismo de fogo, quando o Batalhão do Imperador foi destacado para a Bahia, onde pacificaria movimento contra a independência comandando pelo General Madeira de Melo. No retorno dessa campanha, recebeu o título que mais prezou durante a sua vida - o de Veterano da Independência.
Em 1825 iniciou-se a campanha da Cisplatina e o então Capitão Luis Alves desloca-se para os pampas, junto com o Batalhão do Imperador. Sua bravura e competência como comandante e líder o fazem merecedor de várias condecorações e comandos sucessivos, retornando da campanha no posto de Major.
A 6 de janeiro de 1833, no Rio de Janeiro, o Major Luis Alves casava-se com a senhorita Ana Luisa de Loreto Carneiro Viana que contava, na época, com dezesseis anos de idade.
Em 1837, já promovido a Tenente Coronel, Caxias é escolhido "por seus descortino administrativo e elevado espírito disciplinador" para pacificar a Província do Maranhão, onde havia iniciado o movimento da Balaiada.
Em 2 de dezembro de 1839 é promovido a Coronel e, por Carta Imperial, nomeado Presidente da Província do Maranhão e Comandante Geral das forças em operações, para que as providências civis e militares emanassem de uma única autoridade.
Em agosto de 1840, mercê de seus magníficos feitos em pleno campo de batalha, Caxias foi nomeado Vereador de Suas Altezas Imperiais.
Em 18 de julho de 1841, em atenção aos serviços prestados na pacificação do Maranhão, foi-lhe conferido o título nobiliárquico de Barão de Caxias. Por quê Caxias? "Caxias simbolizava a revolução subjugada. Essa princesa do Itapicuru havia sido mais que outra algema afligida dos horrores de uma guerra de bandidos; tomada e retomada pelas forças imperiais, e dos rebeldes várias vezes, foi quase ali que a insurreição começou, ali que se encarniçou tremenda; ali que o Coronel Luis Alves de Lima e Silva entrou, expedindo a última intimação aos sediciosos para eu depusessem as armas; ali que libertou a Província da horda de assassinos. O título de Caxias significava portanto: - disciplina, administração, vitória, justiça, igualdade e glória", explica o seu biógrafo Padre Joaquim Pinto de Campos.
Em 1841, Caxias é promovido a Brigadeiro e, em seguida, eleito unanimemente, deputado à Assembléia Legislativa pela Província do Maranhão e, já em março de 1842, é investido no cargo de Comandante das Armas da Corte. Em maio de 1842 iniciava-se um levante na Província e São Paulo, suscitado pelo Partido Liberal. D. Pedro II, com receio que esse movimento, alastrando-se, viesse fundir-se com a Revolta Farroupilha que se desenvolvia no sul do Império, resolve chamar Caxias para pacificar a região. Assim, o Brigadeiro Lima e Silva é nomeado Comandante-chefe das forças em operações da Província de São Paulo e, ainda, Vice-Presidente dessa Província. Cumprida a missão em pouco mais de um mês, o Governo, temendo que a Província de Minas Gerais se envolvesse na revolta, nomeiam Caxias como Comandante do Exército pacificador naquela região, ainda no ano de 1842. Já no início do mês de setembro a revolta estava abafada e a Província pacificada.
No dia 30 de julho de 1842, "pelos relevantes serviços prestados nas Províncias de São Paulo e Minas", é promovido ao posto de Marechal-de-Campo graduado, quando não contava sequer quarenta anos de idade. Ainda grassava no sul a Revolta dos Farrapos. Mais de dez Presidentes de Província e Generais se haviam sucedido desde o início da luta, sempre sem êxito. Mister de sua capacidade administrativa, técnico-militar e pacificadora, o Governo Imperial nomeou-o, em 1842, Comandante-chefe do Exército em operações e Presidente da Província do Rio Grande do Sul. Logo ao chegar a Porto Alegre fez apelo aos sentimentos patrióticos dos insurretos através de um manifesto cívico. A certo passo dizia: "Lembrai-vos que a poucos passos de vós está o inimigo de todos nós - o inimigo de nossa raça e de tradição. Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Oribes e Rosas; guardemos para então as nossas espadas e o nosso sangue. Abracemo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é a nossa mãe comum". Mesmo com carta branca para agir contra os revoltosos, marcou sua presença pela simplicidade, humanidade e altruísmo com que conduzia suas ações. Assim ocorreu quando da captura de dez chefes rebeldes aprisionados no combate de Santa Luzia onde, sem arrogância, com urbanidade e nobreza, dirigiu-se a eles dizendo: "Meus senhores, isso são conseqüências do movimento, mas podem contar comigo para quanto estiver em meu alcance, exceto para soltá-los". Se no honroso campo da luta, a firmeza de seus lances militares lhe granjeava o rosário de triunfos que viria despertar nos rebeldes a idéia de pacificação, paralelamente, seu descortino administrativo, seus atos de bravura, de magnanimidade e de respeito à vida humana, conquistaram a estima e o reconhecimento dos adversários. Por essas razões é que os chefes revolucionários passaram a entender-se com o Marechal Barão e Caxias, em busca da ambicionada paz.
E em 1º de março de 1845 é assinada a paz de Ponche Verde, dando fim à revolta farroupilha. É pois com justa razão que o proclamam não só Conselheiro da Paz, senão também - o Pacificador do Brasil - epíteto perpetuado em venera nobilitante. Em 1845, Caxias é efetivado no posto de Marechal-de-Campo e é elevado a Conde. Em seguida, mesmo sem ter se apresentado como candidato, teve a satisfação de ter seu nome indicado pela Província que pacificara há pouco, para Senador do Império.
Em 1847 assume efetivamente a cadeira de Senador pela Província do Rio Grande do Sul. A aproximação das chamas de uma nova guerra na fronteira sul do Império acabaram por exigir a presença de Caxias, novamente, no Rio Grande do Sul e em junho de 1851 foi nomeado Presidente da Província e Comandante-chefe do Exército do Sul, ainda não organizado. Essa era a sua principal missão: preparar o Império para uma luta nas fronteiras dos pampas gaúchos. Assim, em 5 de setembro de 1851 Caxias adentra o Uruguai, batendo as tropas de Manoel Oribe, diminuindo as tensões que existiam naquela parte da fronteira.
Em 1852, é promovido ao posto de Tenente-general e recebe a elevação ao título Marquês de Caxias. Em 1853, uma Carta Imperial lhe confere a Carta de Conselho, dando-lhe o direito de tomar parte direta na elevada administração do Estado e em 1855, é investido do cargo de Ministro da Guerra. Em 1857, por moléstia do Marquês de Paraná, assume a Presidência do Conselho de Ministros do Império, cargo que voltaria a ocupar, em 1861, acumulativamente com o de Ministro da Guerra.
Em 1862, foi graduado Marechal-do-Exército, assumindo novamente a função de Senador no ano de 1863. Em 1865 inicia-se a Guerra da Tríplice Aliança, reunindo Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias de Solano Lopez.
Em 1866, Caxias é nomeado Comandante-chefe das Forças do Império em operações contra o Paraguai, mesma época em que é efetivado Marechal-do-Exército. Cabe destacar que, comprovando o seu elevado descortínio de chefe militar, Caxias utiliza, pela primeira vez no continente americano, a aeroestação (balão) em operações militares, para fazer a vigilância e obter informações sobre a área de operações. O tino militar de Caxias atinge seu ápice nas batalhas dessa campanha. Sua determinação ao Marechal Alexandre Gomes Argolo Ferrão para que fosse construída a famosa estrada do Grão-chaco, permitindo que as forças brasileiras executassem a célebre marcha de flanco através do chaco paraguaio imortalizou seu nome na literatura militar. Da mesma forma, sua liderança atinge a plenitude no seu esforço para concitar seus homens à luta na travessia da ponte sobre o arroio Itororó - "Sigam-me os que forem brasileiros". Caxias só deu por finda sua gloriosa jornada ao ser tomada a cidade de Assunção, capital do Paraguai, a 1º de janeiro de 1869.
Em 1869, Caxias tem seu título nobiliárquico elevado a Duque, mercê de seus relevantes serviços prestados na guerra contra o Paraguai. Eis aí um fato inédito pois Caxias foi o único Duque brasileiro.
Em 1875, pela terceira vez, é nomeado Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Caxias ainda participaria de fatos marcantes da história do Brasil, como a "Questão Religiosa", o afastamento de D. Pedro II e a Regência da Princesa Isabel. Já com idade avançada, Caxias resolve retirar-se para sua terra natal, a Província do Rio de Janeiro, na Fazenda Santa Mônica, na estação ferroviária do "Desengano", hoje Juparaná, próximo a Vassouras.
No dia 7 de maio de 1880, às 20 horas e 30 minutos, fechava os olhos para sempre aquele bravo militar e cidadão, que vivera no seio do Exército para glória do próprio Exército. No dia seguinte, chegava, em trem especial, na Estação do Campo de Sant'Ana, o seu corpo, vestido com o seu mais modesto uniforme de Marechal-de-Exército, trazendo ao peito apenas duas das suas numerosas coondecoraçõoes, as únicas de bronze: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai, tudo consoante suas derradeiras vontades expressas. Outros desejos testamentários são respeitados: enterro sem pompa; dispensa de honras militares; o féretro conduzido por seis soldados da guarnição da Corte, dos mais antigos e de bom comportamento, aos quais deveria ser dada a quantia de trinta cruzeiros (cujos nomes foram imortalizados em pedestal de seu busto em passadiço do Conjunto Principal antigo da Academia Militar das Agulhas Negras); o enterro custeado pela Irmandade da Cruz dos Militares; seu corpo não embalsamado. Quantas vezes o caixão foi transportado, suas alças foram seguras por seis praças de pré do 1º e do 10º Batalhão de Infantaria. No ato do enterramento, o grande literato Visconde de Taunay, então Major do Exército, proferiu alocução assim concluída: "Carregaram o seu féretro seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados que circundam a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro. Representam o preito derradeiro de um reconhecimento inextinguível que nós militares, de norte a sul deste vasto Império, vimos render ao nosso velho Marechal, que nos guiou como General, como protetor, quase como pai durante 40 anos; soldados e orador, humildes todos em sua esfera, muito pequenos pela valia própria, mas grandes pela elevada homenagem e pela sinceridade da dor".
Em 25 de agosto de 1923 ,a data de seu aniversario natalício passou a ser considerada como o Dia do Soldado do Exército Brasileiro, instituição que o forjou e de cujo seio emergiu como um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Ele prestou ao Brasil mais de 60 anos de excepcionais e relevantes serviços como político e administrador público de contingência e, inigualados, como soldado de vocação e de tradição familiar, a serviço da unidade, da paz social, da integridade e da soberania do Brasil Império. Em mais uma justa homenagem ao maior dos soldados do Brasil, desde 1931 os Cadetes do Exército da Academia Militar das Agulhas Negras, portam como arma privativa, o Espadim de Caxias, cópia fiel, em escala, do glorioso e invicto sabre de campanha de Caxias que desde 1925 é guardado como relíquia pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a que o Duque de Caxias integrou como sócio Honorário a partir de 11 de maio 1847.
O Decreto do Governo Federal de 13 de março de 1962 imortalizou o nome do invicto Duque de Caxias como o Patrono do Exército Brasileiro. Atualmente, os restos mortais do Duque de Caxias, de sua esposa e de seu filho, repousam no Panteon a Caxias, construído em frente ao Palácio Duque de Caxias, na cidade do Rio de Janeiro.
Fonte do texto: http://www.cep.ensino.eb.br/cepCorporativo/biog_caxias.htm
Fonte da ilustração: http://www.cep.ensino.eb.br/imagens/caxias/Caxias.gif
sábado, 24 de julho de 2010
JOÃO VELOSO, DA RÁDIO BRASIL CENTRAL
Apresentador de um dos programas de música sertaneja mais populares do Brasil, João Veloso está na Rádio Brasil Central há mais de 30 anos.
Sobre sua participação na emissora, disse que se sente completamente realizado pelo seu trabalho, que diverte os ouvintes com a música sertaneja, principalmente a de raiz e presta importante serviço de utilidade pública na transmissão de recados para as regiões remotas do País, "principalmente para as regiões rurais do Norte onde o povo só dispõe do rádio para comunicação à distância. Em se tratando de comunicação a Rádio Brasil Central é uma referência para o nosso Estado. Nos lugares mais longínqüos do nosso País, quando se fala de Goiás o nome da RBC é o maior destaque".
Segundo Veloso, "começamos a trabalhar na Rádio Brasil Central em 1974, no mês de julho, com o programa Na Beira da Mata, eu e meu irmão Velosinho. Em 1975 estreamos o mesmo programa na Televisão Brasil Central, na inauguração do canal. O nome do nosso programa é uma patente, é uma empresa constituída legalmente, com razão social registrada na Junta Comercial e CNPJ e por isso é um nome que nos acompanha sempre. Num período estivemos em outra emissora onde nosso programa tinha o mesmo nome. Cabe-nos dizer a verdade. Por sermos de Goiás, nós nos sentimos realizados trabalhando na Rádio Brasil Central porque falamos para o Brasil na maior emissora do Centro-Oeste brasileiro".
Em seu trabalho João Veloso já teve a oportunidade de promover encontros de familiares que estavam perdidos havia anos, ou mesmo décadas, como ele conta: "Nós fizemos, não faz muito tempo, o anúncio de um pessoal que residia na Bahia, procurando familiares, irmãos que tinham viajado na rota de Mato Grosso e que havia mais de 30 anos não davam nenhuma notícia, enquanto os próprios integrantes do principal núcleo familiar haviam se mudado da Bahia, o que dificultava ainda mais o reencontro. Com o nosso programa conseguimos convencer essas pessoas que se encontravam desaparecidas a fazerem contato com seus familiares. Assim, eles tiveram notícias uns dos outros e puderam se encontrar. São muitos os casos semelhantes que aconteceram e tiveram um final feliz, graças ao nosso trabalho".
O veterano integrante dos quadros do Cerne garante que o alcance da Rádio Brasil Central é mundial, com o que sempre tem recebido correspondências de várias partes do mundo, das Américas e até a Europa, com destaque as originadas em todos os quadrantes do Brasil. Segundo Veloso, quanto mais distante for a recepção, a RBC é sintonizada com mais nitidez, "apesar do enxame de emissoras de pequeno porte esparramadas pelo Brasil, fatiando bastante a nossa audiência, porque, sem a menor dúvida, uma emissora local tem, até por uma questão de honra, a obrigação de conseguir arrebanhar uma parcela expressiva dos ouvintes no seu município. Mesmo assim a Rádio Brasil Central conta com essa gama expressiva de ouvintes em todo o País e também fora dele".
A DUPLA SERTANEJA
No início João Veloso não era só apresentador de programas de rádio. Sua principal atividade era a dupla de cantores sertanejos que prometia muito sucesso pelo Brasil afora, não tivesse ocorrido o falecimento prematuro de seu irmão e parceiro. "A nossa dupla, Veloso e Velosinho, surgiu quando éramos crianças. Começamos a cantar profissionalmente em 1968. Nossa primeira gravação foi realizada em 1972, no disco Moraes César e seus Caboclos, com a música Homenagem aos Boiadeiros. Em 1973 gravamos o disco Setenta Janeiros, com O Velho Boiadeiro. Dois anos depois gravamos O Colchão de Palha e mais tarde um disco pela Continental. Infelizmente, em 1980, quando nos preparávamos para gravar outro disco, dessa vez pela Warner, multinacional que investiu forte no gênero sertanejo, perdemos o Velosinho. O repertório já estava praticamente pronto para mais esse lançamento. Eu não quis mais lidar diretamente com música, como cantor nem como compositor. Continuo no mundo da comunicação, com o programa Na Beira da Mata, que o próprio Velosinho ajudou a ser lançado no começo de 1974 e que está no ar até hoje".
NOVOS TALENTOS
No tocante ao incentivo que o programa dá aos artistas, aos novos talentos, Veloso disse que "vemos perfeitamente que nem sempre o reconhecimento marca presença nos nossos chamados medalhões de hoje, os nossos artistas goianos que brilham em outros estados e pelo Brasil afora e até em outras partes do mundo. Todos esses artistas tiveram a sua passagem obrigatória pelos nossos programas, a exemplo de Zezé de Camargo, que já cantou em nosso programa durante mais de um ano, com seu ex-parceiro Zazá. Depois de 1980, a dupla Leandro e Leonardo, que já começou afinada, com boa aparência e já prometia sucesso desde os primeiros momentos artísticos, também começou em nosso programa. Só que todos eles, alcançaram a participação em programas de rede e depois os mais famosos não se lembram muito de onde começaram. Goiás é muito rico em artistas. Temos aí duplas com os mesmos estilos, semelhantes a Zezé de Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Christian e Ralph. São duplas da nova geração que trazem interpretações novas. Há muitos talentos, muitas duplas boas que estão surgindo. Acredito que esses medalhões devem se lembrar do ditado: 'cuidado, que atrás vem gente!' Enquanto eles ficam numa disputa tão grande, é importante saber que, sem sombra de dúvida, no momento em que a mídia nacional oferecer oportunidade, em Goiás há mais gente em condições de ocupar os novos espaços".
Sobre sua participação na emissora, disse que se sente completamente realizado pelo seu trabalho, que diverte os ouvintes com a música sertaneja, principalmente a de raiz e presta importante serviço de utilidade pública na transmissão de recados para as regiões remotas do País, "principalmente para as regiões rurais do Norte onde o povo só dispõe do rádio para comunicação à distância. Em se tratando de comunicação a Rádio Brasil Central é uma referência para o nosso Estado. Nos lugares mais longínqüos do nosso País, quando se fala de Goiás o nome da RBC é o maior destaque".
Segundo Veloso, "começamos a trabalhar na Rádio Brasil Central em 1974, no mês de julho, com o programa Na Beira da Mata, eu e meu irmão Velosinho. Em 1975 estreamos o mesmo programa na Televisão Brasil Central, na inauguração do canal. O nome do nosso programa é uma patente, é uma empresa constituída legalmente, com razão social registrada na Junta Comercial e CNPJ e por isso é um nome que nos acompanha sempre. Num período estivemos em outra emissora onde nosso programa tinha o mesmo nome. Cabe-nos dizer a verdade. Por sermos de Goiás, nós nos sentimos realizados trabalhando na Rádio Brasil Central porque falamos para o Brasil na maior emissora do Centro-Oeste brasileiro".
Em seu trabalho João Veloso já teve a oportunidade de promover encontros de familiares que estavam perdidos havia anos, ou mesmo décadas, como ele conta: "Nós fizemos, não faz muito tempo, o anúncio de um pessoal que residia na Bahia, procurando familiares, irmãos que tinham viajado na rota de Mato Grosso e que havia mais de 30 anos não davam nenhuma notícia, enquanto os próprios integrantes do principal núcleo familiar haviam se mudado da Bahia, o que dificultava ainda mais o reencontro. Com o nosso programa conseguimos convencer essas pessoas que se encontravam desaparecidas a fazerem contato com seus familiares. Assim, eles tiveram notícias uns dos outros e puderam se encontrar. São muitos os casos semelhantes que aconteceram e tiveram um final feliz, graças ao nosso trabalho".
O veterano integrante dos quadros do Cerne garante que o alcance da Rádio Brasil Central é mundial, com o que sempre tem recebido correspondências de várias partes do mundo, das Américas e até a Europa, com destaque as originadas em todos os quadrantes do Brasil. Segundo Veloso, quanto mais distante for a recepção, a RBC é sintonizada com mais nitidez, "apesar do enxame de emissoras de pequeno porte esparramadas pelo Brasil, fatiando bastante a nossa audiência, porque, sem a menor dúvida, uma emissora local tem, até por uma questão de honra, a obrigação de conseguir arrebanhar uma parcela expressiva dos ouvintes no seu município. Mesmo assim a Rádio Brasil Central conta com essa gama expressiva de ouvintes em todo o País e também fora dele".
A DUPLA SERTANEJA
No início João Veloso não era só apresentador de programas de rádio. Sua principal atividade era a dupla de cantores sertanejos que prometia muito sucesso pelo Brasil afora, não tivesse ocorrido o falecimento prematuro de seu irmão e parceiro. "A nossa dupla, Veloso e Velosinho, surgiu quando éramos crianças. Começamos a cantar profissionalmente em 1968. Nossa primeira gravação foi realizada em 1972, no disco Moraes César e seus Caboclos, com a música Homenagem aos Boiadeiros. Em 1973 gravamos o disco Setenta Janeiros, com O Velho Boiadeiro. Dois anos depois gravamos O Colchão de Palha e mais tarde um disco pela Continental. Infelizmente, em 1980, quando nos preparávamos para gravar outro disco, dessa vez pela Warner, multinacional que investiu forte no gênero sertanejo, perdemos o Velosinho. O repertório já estava praticamente pronto para mais esse lançamento. Eu não quis mais lidar diretamente com música, como cantor nem como compositor. Continuo no mundo da comunicação, com o programa Na Beira da Mata, que o próprio Velosinho ajudou a ser lançado no começo de 1974 e que está no ar até hoje".
NOVOS TALENTOS
No tocante ao incentivo que o programa dá aos artistas, aos novos talentos, Veloso disse que "vemos perfeitamente que nem sempre o reconhecimento marca presença nos nossos chamados medalhões de hoje, os nossos artistas goianos que brilham em outros estados e pelo Brasil afora e até em outras partes do mundo. Todos esses artistas tiveram a sua passagem obrigatória pelos nossos programas, a exemplo de Zezé de Camargo, que já cantou em nosso programa durante mais de um ano, com seu ex-parceiro Zazá. Depois de 1980, a dupla Leandro e Leonardo, que já começou afinada, com boa aparência e já prometia sucesso desde os primeiros momentos artísticos, também começou em nosso programa. Só que todos eles, alcançaram a participação em programas de rede e depois os mais famosos não se lembram muito de onde começaram. Goiás é muito rico em artistas. Temos aí duplas com os mesmos estilos, semelhantes a Zezé de Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Christian e Ralph. São duplas da nova geração que trazem interpretações novas. Há muitos talentos, muitas duplas boas que estão surgindo. Acredito que esses medalhões devem se lembrar do ditado: 'cuidado, que atrás vem gente!' Enquanto eles ficam numa disputa tão grande, é importante saber que, sem sombra de dúvida, no momento em que a mídia nacional oferecer oportunidade, em Goiás há mais gente em condições de ocupar os novos espaços".
VALDOMIRO RIBEIRO DE PAIVA, UM FERROVIÁRIO EXEMPLAR
Falecido aos 98 anos de idade, esse notável e respeitado patriarca, pai de oito filhos, avô 23 vezes e bisavô por outras 14, nasceu a 5 de março de 1904, na cidade mineira de Araguari, filho primogênito do casal Lúcio Ribeiro de Paiva e Zita América de Paiva.
Ficou órfão de pai aos 15 anos de idade, sem dispor do privilégio de uma herança ou de recursos econômicos e financeiros para facilitar-lhe os primeiros passos na vida, mas, ao contrário, herdando apenas o pesado encargo de lutar pelo sustento da mãe viúva além de si próprio e de mais oito irmãos menores. A esses, conseguiu fazer muito mais, além daquilo que seria apenas o imediato: criar e educar, como se fosse pai. Sem uma pessoa amiga a quem recorrer, foi com grandes dificuldades que venceu a dura batalha pela subsistência de toda a família, bastante numerosa, que, repentina e inesperadamente, viu estar sob a dependência do seu trabalho para sobreviver. Assim, em tão tenra idade, tornou-se chefe de família e desempenhou a missão com determinação vitoriosa.
Sem sequer ter tempo nem mesmo de pensar no assunto, assumiu sua “cruz”, mas com alegria e grande senso de responsabilidade. Com honradez precoce, foi à luta, conseguindo encaminhar a todos os irmãos na direção de uma vida digna e honrada. Aos 16 anos ingressou no Serviço Público Federal como ferroviário, na então Estrada de Ferro Goiás.
Exerceu na empresa inúmeros cargos e funções, tendo sido, ao longo dos 25 anos de trabalho, Portador; Ajudante de Trem; Conferente; Encarregado-Chefe do Faturamento; Despachante de Cargas e Bagagem; Bilheteiro; Recebedor de Fretes; Chefe de Baldeação junto à Estrada de Ferro Mogiana e Telegrafista-Agente de Estrada de Ferro. Este último cargo exerceu-o em quase todas as estações localizadas ao longo da Estrada de Ferro Goiás, de Araguari (MG) até Goiânia (GO).
No ano de 1945, veio a ser aposentado por ato revolucionário, como resposta à sua luta e resistência contra o Governo de então, o Estado Novo, dirigido pessoalmente, de forma discricionária, por Getúlio Vargas, não obstante sua folha funcional ser das mais honrosas e nunca haver cometido erros ou deslizes, com um curriculum funcional absolutamente imaculado, após 25 anos de serviços prestados. Veio, assim, a pagar pelo terrível crime de não apoiar, mas pelo contrário, de protestar contra a política de Vargas, contra o regime político vigente na época, preferindo o descampado da oposição a uma postura acomodatícia, o que lhe valeu o ódio dos detentores do Poder, sobretudo dos chefetes locais, cuja autoridade era muito maior do que a própria formação moral, intelectual e política.
A partir desse ano passou a exercer a atividade de Produtor Rural, logo em seguida à sua aposentadoria compulsória. No ano de 1965 exerceu o comércio de materiais de construção na casa A Construtora, em Itumbiara – GO. A outra atividade que exerceu como comerciante foi a de proprietário da padaria A Ciciliana, tradicional em Goiânia, situada defronte ao antigo Mercado Central.
POLÍTICA
Em 1945 filiou-se à então recém-criada UDN – União Democrática Nacional, partido de oposição ao regime Vargas, nele permanecendo até sua extinção por força de Ato Institucional, em 1965, quando então passou a opor-se ao regime militar instalado havia pouco mais de um ano no País, militando no MDB – Movimento Democrático Brasileiro, numa demonstração evidente de que sempre foi contrário aos regimes fortes, anti-democráticos, de existência estribada em dispositivos constitucionais arbitrários.
Por sua inspiração, os seus filhos Lúcio Lincoln de Paiva e depois Línio Ribeiro de Paiva, encarnaram o espírito rebelde da resistência ao movimento de 64, havendo ambos se destacado no combate aberto ao regime militar.
FAMÍLIA
No ano de 1930 contraiu núpcias com a senhorita Aparecida Gonçalves Ribeiro e desse casamento nasceram os filhos: Loise, Lourdes, Lincoln Lúcio, Lúcio Lincoln, Leny, Línio, Luiz Antônio e Lourdes. Lamenta e chora, ainda hoje, a perda dos filhos Lourdes 1ª., Lincoln Lúcio e Lúcio Lincoln, este por trágico acidente ocorrido na madrugada de 25 de dezembro de 1974, quando se preparava para assumir o seu segundo mandato de deputado estadual à Assembléia Legislativa Goiás. Esse foi um acidente que abalou o todo o Estado, devido à grande liderança política que exercia o jovem deputado, combativo e corajoso nas suas posições, colocando-se frontalmente em oposição ao Governo, o que, na época, expunha o mandato dos parlamentares à possibilidade de cassação arbitrária a qualquer momento, perigo que, entretanto, nunca foi levado em conta por ele.
LUTA PELA EMANCIPAÇÃO DE VIANÓPOLIS
Tendo residido e trabalhado em praticamente todas as cidades abrangidas pelos trilhos da estrada de ferro, como Goiandira, Ipameri, Urutaí, Pires do Rio, Leopoldo de Bulhões, Goiânia e outras, o local onde permaneceu por mais tempo foi Vianópolis, 12 anos, tornando-se praticamente num dos naturais do município, tendo lutado vigorosamente pela cidade, defendendo seus interesses e de sua gente, contribuindo de forma decisiva, até, para a emancipação política da nova unidade municipal.
Vianópolis, na qualidade de distrito de Bonfim, hoje Silvânia, nunca recebera o retorno em melhoramentos de ao menos uma parcela das arrecadações ali procedidas pela sede do Município. Diante dessa injustiça, o fazendeiro, boiadeiro e também chefe político oposicionista, João Batista Gomes, pediu-lhe apoio para comandar os trabalhos com vistas ao desligamento do Vianópolis de Bonfim.
Nos primórdios do ano de 1944, deram início a um gigantesco trabalho, anonimamente, como mentores e executores do ambicioso plano para a emancipação do Distrito. E no lombo de uma alimária, Waldomiro Ribeiro de Paiva, entusiasmado pela idéia de servir ao povo e à cidade, percorreu toda a zona rural, fazendo qualificação e recenseamento da população, exigência da Lei para que se processasse o desligamento definitivo.
Foram quatro longos anos de intenso e cansativo trabalho para finalmente alcançar a vitória, no ano de 1948, quando foi promulgada a Lei nº. 115, de 19 de agosto, que emancipou politicamente, elevando à categoria de Município, o então Distrito de Vianópolis. Ainda nessa cidade, lutou denodadamente e colaborou para a fundação e criação do ginásio “Armindo Gomes”, bem como pela fundação do Aero-Clube.
Foi um dos fundadores da Charqueada Olinda de Vianópolis e incentivou e colaborou efetivamente em outros melhoramentos do novo Município, no final dos anos 40.
No ano e no mês da emancipação, mercê de seus méritos pessoais e políticos, Waldomiro foi convidado pela oposição e situação, para assumir o governo da recém-criada Prefeitura, convite que considerou extremamente honroso, mas que preferiu declinar.
MUDANÇA PARA GOIÂNIA
Nos primeiros dias do ano de 1950 transferiu residência para a jovem Capital do Estado, onde antes estivera trabalhando por alguns períodos, sendo, pois, considerado um dos pioneiros da metrópole. Passou a desenvolver intenso trabalho em favor da comunidade, especialmente em obras de amparo e recuperação social dos menos favorecidos da sociedade e deserdados por um sistema econômico de grandes injustiças sociais. No ano de 1935 filiou-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, onde desempenhou vários cargos no TattWas Jesus Cristo.
No anonimato, mesmo residindo em Goiás, ajudou e colaborou na fundação da Missão Ramacrisna com sede em Belo Horizonte, casa de abrigo para crianças abandonadas, com ensino profissionalizante, e, passados mais de 40 anos, ainda continua colaborando com a entidade, o que lhe valeu um título de homenagem com os dizeres cidadão da caridade.
MAÇONARIA: PAIXÃO DE UMA VIDA
Iniciado há mais de quatro décadas na Ordem Maçônica, vem colaborando e é um dos fundadores das seguintes entidades maçônicas: Associação Beneficente de Goiânia – Asbeg (que não existe mais); Escola Silvestre de Castro, sob a égide da Loja Adonhiram nº. 11 (adormecida); Pecúlio Maçônico do Estado de Goiás Pemeg; Instituto Libertas; por algumas vezes serviu a Fama – Fundação do Menor Abandonado - em sua diretoria. Ajudou a fundar diversas lojas em Goiânia, também a Loja Fênix nº. 56, em Araguari - MG.
Na Loja Adonhiram, onde foi iniciado, ocupou todos os cargos da oficina, inclusive o de Venerável, por dois mandatos, quando o piso do templo era apenas de chão batido, com suas paredes sem revestimento e o teto mostrando as telhas. Seus móveis eram primaríssimos, feitos de tábuas de caixote, os quais ainda podem ser vistos no templo da Loja Trindade 58, um pouco melhorados. Para que se transformasse num templo o que se vê na Avenida Universitária nº. 288, exigiu muito sacrifício de todos os obreiros que existiam na Loja no ano de 1959 e no novo mandato de Waldomiro Paiva, no ano de 1970, mormente de sua parte, em virtude de ser proprietário da padaria A Ciciliana.
Em abril de 1956, convocado por Waltrudes Cunha, reuniu-se a mais três maçons para fundar o jornal maçônico que foi denominado O Mensageiro, cuja diretoria ficou assim constituída: Diretor: Waltrudes Cunha; Redator: Genésio Barreto de Lima; Gerente: Elias de Araújo Rocha; Secretário: Waldomiro Ribeiro de Paiva. Esse jornal teve vida por quatro anos, às expensas dos quatro diretores, já que a distribuição era gratuita.
Foram-lhe atribuídas pelo então Grão-Mestre Benedito Barreira de Morais, as funções de Grande Orador.
Foi fundador da Grande Loja de Brasília, fato histórico ocorrido no dia 16 de fevereiro de 1963, tendo sido eleito o seu primeiro Grão-Mestre o eminente maçom Durval Aurelino Cordeiro.
No ano de 1959, pleiteava-se a criação de uma universidade em Goiânia. Os dirigentes da maçonaria em Goiás, dentre os quais se encontrava como venerável de uma das nove lojas então existentes em Goiânia, para conseguirem uma universidade leiga empenharam-se politicamente. Foi então aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República a proposição de autoria do então deputado Castro Costa, que criava a Universidade Federal de Goiás.
Em todas as ocasiões em que foi chamado a intervir ou exercitar os deveres maçônicos, cumpriu-os humildemente sem ser servil.
O ano de 1960 foi pródigo aos maçons em Goiás. O insigne maçom e Venerável da Loja Ordem e Progresso, da jurisdição do Grande Oriente Estadual, Francisco Durval Veiga, houve por bem criar as “Semanas Maçônicas”, que se instalavam todos os anos, no mês de fevereiro, pela loja patrocinadora, onde se aglomeravam todos os maçons, para defender teses a bem da Ordem e das oficinas. A Loja Adonhiram nº. 11 patrocinou uma semana, da qual Waldomiro de Paiva era o presidente.
Em 1956 descobriu que os certificados de presença das visitas, após divulgadas pelo Venerável Mestre, produto da bolsa de proposta e informações, após o registro do Irmão Chanceler, eram incinerados e passou a confeccioná-los, alcançando hoje quase duas mil presenças em outras lojas.
DIPLOMAS E HOMENAGENS
Na sua galeria de diplomas, placas e títulos, constam os seguintes: no ano de 1960, da missão Ramacrisna de Belo Horizonte, o diploma de Cidadão da Caridade; em 1963 e 1978 pela Loja Adonhiram nº. 11, os títulos de Sócio Remido–Benemérito e o diploma de Honra ao Mérito; no mesmo ano de 1978, da Grande Loja de Minas Gerais, o diploma e medalha do Mérito da Ordem da Águia. Em 1980 recebeu o título de Emérito da Loja Fênix nº. 56, de Araguari-MG e ainda em 1980 foi honrado com os títulos de Cidadão Goianiense e Cidadão Vianopolino. No ano de 1981, foi homenageado pelo Pemeg, inaugurando, na galeria dos ex-presidentes, a sua fotografia.
Em 1982, foi agraciado com o diploma de benemérito, pelo Grande Oriente do Estado de Goiás. Em 1982 recebeu o diploma de Construtor, da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás. Em 1983, recebeu o diploma de Papai na Educação dos Filhos, do Consistório Carlos Reis Filho. Ainda em 1983, recebeu o diploma de Membro Honorário da Loja Trindade nº. 58, do Oriente de Trindade.
Em 1984, recebeu o certificado do Encontro Confraternal da Grande Loja, em Jandaia, na Loja União Fraternal nº. 5. Nesse mesmo ano, recebeu os seguintes certificados de participação: Simpósio de Instrução e XXI Mesa Redonda de Porangatu, quando apresentou três trabalhos, dos quais a homenagem a Waltrudes Cunha, pelos esforços da fundação do Pemeg, fora aprovada e foi remetida a todas as lojas Grande Oriente e Grande Loja, uma sua foto para ser colocada em lugar visível.
Em 1985 recebeu o título de Remido, pela Grande Loja do Estado de Goiás. Nesse mesmo ano, recebeu o diploma de Membro Honorário da Loja Asilo da Acácia, pertencente ao Grande Oriente. Ainda em 1985, foi homenageado pela Loja Acácia Brasiliense com a medalha Benedito Albuquerque. Desde o ano de 1985, foi agraciado pela Loja Adelino Ferreira Machado, como seu Membro Honorário e o diploma foi-lhe entregue numa das sessões da Loja Marechal Deodoro, no ano de 1990.
Em 1986, foi eleito Venerável da Loja Marechal Deodoro, por sufrágio universal, ao mesmo tempo em que foi eleito vice-presidente da Associação Maçônica de Erradicação da Mendicância, Amem, por colaborar com a instituição, desde a sua fundação, em 1980. Foi eleito vice-presidente da Amem.
No ano de 1960, foi escolhido pelo Grão Mestrado, Garante da Paz e Amizade junto à Grande Loja do Pará, cargo que exerceu durante mais de 20 anos com dedicação e denodo, que lhe valeram correspondências elogiosas do Grão Mestre da Grande Loja do Pará.
Em 1963, foi também escolhido Garante da Paz e Amizade da Loja Roosevelt, de Anápolis.
No ano de 1960, faltou arroz para abastecer a população e, por clamor da Maçonaria, os poderes públicos estaduais reivindicaram ao Ministério do Abastecimento a colocação nas máquinas de beneficiamento, de cem mil sacas de arroz em casca, estocados nos armazéns gerais de Goiânia. Com o maçom Nasseri Gabriel na presidência, foi um dos credenciados a retirar dos armazéns esse arroz e suprir as máquinas de beneficiamento para distribuí-lo, posteriormente, aos postos de revenda, com a responsabilidade de, diariamente, proceder à tomada de contas dos encarregados dos postos, recolhendo o dinheiro ao Banco do Brasil.
A 27 de fevereiro de 1993, a Loja Fênix de Araguari – MG confere-lhe o diploma de Fundador de Lojas Maçônicas e Construtor de Templos.
A 27 de agosto de 1994, pela palestra proferida aos 136 jovens da Ordem Demolar, do Capítulo Guimarães Natal, foi-lhe concedido o certificado com os seguintes dizeres: “Pela brilhante palestra dada ao nosso Capítulo, no que veio a somar sabedoria a nossas mentes”.
Na Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás exerceu o cargo de Grande Guarda do Livro da Lei, conforme diploma datado de 23 de dezembro de 1961.
Diploma de reconhecimento por serviços prestados à Loja Fênix e à Ordem em geral, datado de 5 de fevereiro de 1996.
Diploma de construtor do templo do espírito da Grande Loja de Minas Gerais de 25 de fevereiro de 1996.
Diploma da Loja União Fraternal nº. 123 em reconhecimento pela colaboração pró-construção do templo.
Diploma de Membro Benemérito da Loja União e Fraternidade datado de 17 de setembro de 1997.
Foi assessor do Grão-Mestre Diógenes Mortosa.
No Pemeg foi o seu primeiro tesoureiro, tendo sido também o primeiro tesoureiro do Instituto Libertas.
Ocupou por dois anos a tesouraria das Semanas Maçônicas.
Em 25 de setembro de 1998, recebeu da Loja União Feliz nº. 31 o diploma de Membro Honorário. Consta do seu acervo maçônico 19 placas, cujos dizeres honram a qualquer mortal.
No dia 10 de novembro de 1998 recebeu da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás, a comenda Cruz do Anhangüera.
CONCEITOS EMITIDOS POR WALDOMIRO PAIVA
“A vida é uma só e sendo uma só, ela precisa ser preservada o máximo possível e não ser destruída com cigarro, com maconha, com essas coisas todas, com o álcool, também que está acabando com a juventude. Então, muitas coisas teria que dizer, mesmo sobre o trabalho, o ser humano hoje entra num emprego e quer ganhar muito dinheiro logo em seguida, sem ter condições para exercer a função com o prestígio que devia ter se ele fizesse cursos para exercer tal cargo, mas ele não faz e no entanto ele quer, açodadamente, ‘forçar a barra’ e ganhar muito dinheiro; não é possível, não tem jeito. Então, passa a ser funcionário público, porque, sendo público, a pessoa pode acabar tirando do Governo e assim ele não tira de ninguém, está furtando de si próprio”.
“Eu escrevi uma matéria, que foi publicada pelo jornal O VIANÓPOLIS, na qual eu descrevi perfeitamente o que uma parcela da juventude está fazendo, o mal que os jovens estão fazendo a si e à humanidade toda. Por aí o sujeito inicia uma coisa muito ruim, porque ele fica drogado, passa a mão no revólver, vai lá e mata para tirar, às vezes, o pouquinho que o sujeito tem para depois empregar justamente em drogas”.
“Então, isso está fazendo um mal terrível à Pátria, à humanidade e a Deus. Eu sou daqueles que pensam até hoje que a religião melhor que pode existir é o sujeito corrigir seus próprios defeitos, porque está servindo a Deus e à humanidade”.
Habituado desde cedo na vida a valorizar cada centavo ganho com o suor do rosto, sabendo aplicá-lo criteriosamente nas necessidades primárias de uma família, Waldomiro desenvolveu um instinto de saber aproveitar o dinheiro que possui, mesmo que seja pouco. Assim, ele não consegue compreender o desperdício, sobretudo com frivolidades e luxos desnecessários por quem não tem condições para isso.
“É preciso que o ser humano saiba manter-se na dignidade do trabalho, porque do trabalho é que se faz a riqueza, se faz a produção, se faz o necessário para a vida; cada um deve seguir uma orientação segura de seus pais que naturalmente não vão dar um conselho ruim para o filho, sendo que eles desejam o melhor para ele. Então, que os jovens deixem, abandonem o companheirismo, esses elementos que são originados do mal, que já penetrou dentro do seu ’eu’, que não faz outra coisa senão o mal. Chega, tira, rouba do indivíduo para comprar maconha e mata ao mesmo tempo. Para que, se ele já levou o dinheiro? Então eu acho que o Governo teria de modificar também leis, criar leis mais apertadas, essas leis são muito... veja bem, até a parte que se refere à Justiça, o sujeito fica com um processo lá 10, 15 anos, normalmente, o que é isso? São formaturas que não levam a nada, porque você pega um cargo que nem quer exercer direito, ele faz o que é necessário talvez por imposição da própria lei, que diz que ele tem de despachar tantos processos por mês, ele faz aquilo e não quer saber de mais nada. Então ele está ganhando um dinheiro que não devia ganhar, porque teria de pensar em todas as partes interessadas no caso, no processo, liberar aquilo logo, porque se for para dar cadeia vai dar cadeia, o que for para ser solto deve ser solto e assim por diante, nós estamos num ‘mundo do cão’ mesmo, estamos num caso de se pensar mesmo como Ruy Barbosa, que todos um dia teriam vergonha de falar que seriam honestos. Por quê? Porque ele já previa isso, o homem, a inteligência enxergava atrás do morro ele já sabia o que ia ocorrer agora”.
Preocupado com os rumos que toma a juventude, que tanto respeita e admira, Waldomiro Ribeiro de Paiva, do alto da sua longa convivência e com a experiência acumulada, manifesta sua opinião sobre a vida moderna, expressando-se de maneira severa e contundente: “Então são umas coisas que temos de forçosamente olhar e transmitir à juventude e tudo isso, geralmente os exemplos dos mais velhos, dessem exemplo só do bem e nunca do mal, porque o mal gera o mal e o bem só gera o bem. Eu acho que nós estamos num mundo que precisa ser modificado. A disciplina, hoje os filhos não têm disciplina certa, porque os pais dizem que não podem fazer justiça porque a paternidade não aceita isso e depois no resto da vida dele vai ser um elemento que vai pesar muito a criação, porque apanhou, porque muitas vezes foi coibido de fazer o que entendesse de fazer. Então, nós estamos num mundo esquisito, a única coisa que eu penso é que deve voltar justamente a disciplina para os jovens, para as crianças, porque alguém já disse que educar a criança significa que não fará dela um elemento sem valor”.
“Pouco valemos pelo que pregamos, porém, muito pela obra e o exemplo oferecidos aos que aqui chegaram depois de nós” (Waldomiro Ribeiro de Paiva).
sexta-feira, 23 de julho de 2010
CASANDO-SE COM O GATÃO
Moacyr Cardoso da Silva*
“Querida Rebeca:
Tenho vinte e dois anos e jamais estive tão loucamente apaixonada como estou agora. Parece-me estar caminhando no ar e ouvindo sininhos. O meu gatão tem 30 anos, um lindo cabelo ondeado e um físico de Tarzan. Apesar de já “estarmos ficando”, o meu maior desejo é levá-lo ao altar. Afinal, sou livre para me casar com quem quiser, a senhora não acha? Entretanto, ainda tenho minhas dúvidas, por causa de três defeitinhos que noto nele:
1º Quando toma a sua cerveja – apenas uma dúzia cada vez – chega a esquecer onde mora, se está na minha casa ou na dele, se seu nome é João ou José.
2º Custa a arrumar um emprego, e, quando o consegue, fica enjoado do trabalho antes de terminar o mês.
3º Gosta de me deixar fula da vida, fazendo gozação da minha roupa e dos meus cabelos. Depois vem com aquela conversa de que estava só me provocando a fim de me ver furiosa. Mas, apesar de tudo, estou disposta a relevar essas falhas, porque, afinal de contas, ninguém é perfeito, não é mesmo? Além disso, ele jura que o casamento o transformará num outro homem. O que a senhora acha?”
Resposta de colunista:
“Prezada consulente: Parabéns! Imagine! Um pedido de casamento de um cara gozador, pinguço, metido a galã e que não leva a sério os seus compromissos! Não, minha querida Sara, o casamento não o mudará em nada. Mas você, sim, ficará irreconhecível após algum tempo de casada. Então já não mais o considerará um gatão, mas um cachorrão, quando ele chegar em casa dizendo que já gastou todo o salário do mês na companhia dos seus amigos. Isso quando ele tiver emprego. As gozações dele, mais as crianças berrando de fome, grudadas na sua saia toda amarrotada por causa do trabalho árduo de casa, terão perdido toda a graça. O pior ainda serão as contas médicas para pagar, sem levar em conta o fato de as crianças continuarem a arder de febre. Assim, minha cara, se você é moderninha, exótica, masoquista ou burra mesmo, vá em frente, case-se. Você não disse que é livre para se casar com quem quiser?”
Pois é, amigo, amiga. A Bíblia reconhece o seu direito de fazer o que lhe der na veneta. Inclusive o de juntar os trapos com quem sua paixão decidir. Afinal, você não é como a ‘Chiquita Bacana, que só faz o que manda o seu coração’ ? Agora, se quiser levar a sério o conselho bíblico,
“... fica livre para se casar com quem quiser, MAS SOMENTE NO SENHOR” (I Coríntios 7:39).
*Pastor da Igreja Presbiteriana e professor aposentado – Curitiba-PR.
Fonte da ilustração: http://www.catalogopet.com.br/wp-content/uploads/2007/09/gato-fazendo-exercicio.jpg
quinta-feira, 22 de julho de 2010
A SÓSIA DE ANDRELINA
Alaor dos Anjos*
Morena bonita faceira, cabelos pretos e longos, quadris largos, nádegas roliças, proeminentes, coxas grossas arredondadas, olhos grandes de jabuticaba, dócil, feminina e meiga. Esse era o perfil de ANDRELINA, verdadeira mulher brasileira. Balzaquiana e conquistadora. Era uma madona, porém vivia só. Nunca se casara. Era uma rameira, uma puta, como diziam nossos avós na década dos anos sessenta.
Não sabemos se ela era goiana, mas morava na cidade de Goiás. Sua casa, de aluguel, na Praça Domingos Gomes de Almeida, antes Largo do Retentém, hoje Larguinho, ao lado da residência do senhor José de Malaquias e vizinha do Jacinto, um pigmeu educado e trabalhador, esposo de dona Alzira, uma prestimosa senhora, mãe de vários filhos, dentre esses, a mais velha era a Francisca, uma frágil menina. O segundo era o Daniel, que mais tarde tornou-se funcionário do Banco do Brasil, agência local. Tinha também a Florinda e outros.
Quando conhecemos Andrelina éramos ainda criança e passamos a ter sonhos extravagantes com ela.
Freqüentava ela o cabaré da Davina, que também era morena e vivia maritalmente com seu Adalberto, lá perto do mercado municipal. Havia outros cabarés, o da Julieta, o da Juquita, da Natália. Porém, só ao da Davina ela gostava de ir. Talvez por ser o mais procurado e o mais central. Todos os jovens boêmios de então, freqüentadores de bordéis, apaixonavam-se por ela, devido seus dotes de beleza.
Andrelina tocava a vida, não se preocupando com nada. Também, pra quê? Se era sozinha. Não tinha marido nem filhos. De quando em vez, pagava alguém para cuidar de seu lar. Fazer comida, lavar e passar suas roupas e outros serviços. Quando não arranjava ninguém, tudo ficava como antes. Casa sem varrer, roupas sujas jogadas no chão, pratos, panelas e talheres sem lavar em cima da pia, do fogão, da prateleira. A vovó, às vezes, fazia esses trabalhos para ela, sem cobrar um tostão sequer. Só de muita pena, devido a sua indolência. Ela falava sozinha e, monologando, dizia que por força do destino virara meretriz, bem que gostaria de ser dona de casa, professora primária, talvez. No entanto, não tinha como reclamar se a vida era boa. Dormia de dia, à noite ia ao puteiro dançar, ouvir músicas e conquistar os corações dos mancebos, à cata de dinheiro para o seu sustento e adorno, vendendo seu corpo escultural.
O tempo passou. Mudamos de Goiás para Goiânia. Crescemos, deixamos de ter sonhos eróticos com aquela bela mulher. Conhecemos outras mulheres. Todavia, só uma deixou sua imagem gravada em nossa mente, por ser também morena bonita, faceira, cabelos pretos e longos, quadris largos, nádegas volumosas, avantajadas, coxas grossas, roliças, olhos grandes de jabuticaba, dócil, feminina e meiga. Essa era a biografia de ARINDA, legítima mulher brasileira, sósia de ANDRELINA, só que ela era casada. Tinha marido e filhos para cuidar, eis a diferença entre elas e que, no desleixo, superava sua sósia. De nada se preocupava, não asseava a casa, não fazia comida, não lavava nem passava suas roupas, deixava tudo ao deus-dará. A mamãe, de vez em quando, fazia esses serviços para ela, sem cobrar um centavo sequer. Só de muita dó, devido a sua preguiça. Por ironia do destino casara-se. Não queria ser dona de casa. Professora nem pensar. O que ela gostaria mesmo era de ser uma meretriz. Reclamava sempre da vida ruim que levava.
Dormia de dia, mas, à noite, não tinha para onde ir. As mulheres de vida fácil, estas sim, que têm vida boa. Vão para onde querem, aos botequins, aos bordéis. Um dia, quem sabe, poderia ser ainda uma puta, cogitava. Pensava no marido e nos filhos. Bem que ele poderia morrer, mas seus filhos não. Isso que não.
Certa feita, alguém lhe contara que na cidade de Goiás, nos anos sessenta, morava uma prostitua morena bonita, que se chamava ANDRELINA.
ARINDA sonhava ser ela mesma, vivendo lá na antiga Vila Boa, freqüentando cabarés, morando sozinha em casa de tolerância. Era, esta sim, a vida que sempre desejava ter.
Não acaba aqui a narrativa de sua vida leviana. Só quando seu esposo CARLINDO CÔMODO DE JESUS, enfadado de tantos dissabores e maus tratos, separou-se dela levando consigo seus dois filhos: CARLOS e CAMILA.
ARINDA agora só, livre como as andorinhas do céu, satisfazendo seu desiderato, fora viver num prostíbulo e, por achar seu nome feio, adotara o pseudônimo de ANDRELINA.
*Alaor dos Anjos, advogado, funcionário público estadual aposentado, cronista.
A SÓSIA DE ANDRELINA
Alaor dos Anjos
Morena bonita faceira, cabelos pretos e longos, quadris largos, nádegas roliças, proeminentes, coxas grossas arredondadas, olhos grandes de jabuticaba, dócil, feminina e meiga. Esse era o perfil de ANDRELINA, verdadeira mulher brasileira. Balzaquiana e conquistadora. Era uma madona, porém vivia só. Nunca se casara. Era uma rameira, uma puta, como diziam nossos avós na década dos anos sessenta.
Não sabemos se ela era goiana, mas morava na cidade de Goiás. Sua casa, de aluguel, na Praça Domingos Gomes de Almeida, antes Largo do Retentém, hoje Larguinho, ao lado da residência do senhor José de Malaquias e vizinha do Jacinto, um pigmeu educado e trabalhador, esposo de dona Alzira, uma prestimosa senhora, mãe de vários filhos, dentre esses, a mais velha era a Francisca, uma frágil menina. O segundo era o Daniel, que mais tarde tornou-se funcionário do Banco do Brasil, agência local. Tinha também a Florinda e outros.
Quando conhecemos Andrelina éramos ainda criança e passamos a ter sonhos extravagantes com ela.
Freqüentava ela o cabaré da Davina, que também era morena e vivia maritalmente com seu Adalberto, lá perto do mercado municipal. Havia outros cabarés, o da Julieta, o da Juquita, da Natália. Porém, só ao da Davina ela gostava de ir. Talvez por ser o mais procurado e o mais central. Todos os jovens boêmios de então, freqüentadores de bordéis, apaixonavam-se por ela, devido seus dotes de beleza.
Andrelina tocava a vida, não se preocupando com nada. Também, pra quê? Se era sozinha. Não tinha marido nem filhos. De quando em vez, pagava alguém para cuidar de seu lar. Fazer comida, lavar e passar suas roupas e outros serviços. Quando não arranjava ninguém, tudo ficava como antes. Casa sem varrer, roupas sujas jogadas no chão, pratos, panelas e talheres sem lavar em cima da pia, do fogão, da prateleira. A vovó, às vezes, fazia esses trabalhos para ela, sem cobrar um tostão sequer. Só de muita pena, devido a sua indolência. Ela falava sozinha e, monologando, dizia que por força do destino virara meretriz, bem que gostaria de ser dona de casa, professora primária, talvez. No entanto, não tinha como reclamar se a vida era boa. Dormia de dia, à noite ia ao puteiro dançar, ouvir músicas e conquistar os corações dos mancebos, à cata de dinheiro para o seu sustento e adorno, vendendo seu corpo escultural.
O tempo passou. Mudamos de Goiás para Goiânia. Crescemos, deixamos de ter sonhos eróticos com aquela bela mulher. Conhecemos outras mulheres. Todavia, só uma deixou sua imagem gravada em nossa mente, por ser também morena bonita, faceira, cabelos pretos e longos, quadris largos, nádegas volumosas, avantajadas, coxas grossas, roliças, olhos grandes de jabuticaba, dócil, feminina e meiga. Essa era a biografia de ARINDA, legítima mulher brasileira, sósia de ANDRELINA, só que ela era casada. Tinha marido e filhos para cuidar, eis a diferença entre elas e que, no desleixo, superava sua sósia. De nada se preocupava, não asseava a casa, não fazia comida, não lavava nem passava suas roupas, deixava tudo ao deus-dará. A mamãe, de vez em quando, fazia esses serviços para ela, sem cobrar um centavo sequer. Só de muita dó, devido a sua preguiça. Por ironia do destino casara-se. Não queria ser dona de casa. Professora nem pensar. O que ela gostaria mesmo era de ser uma meretriz. Reclamava sempre da vida ruim que levava.
Dormia de dia, mas, à noite, não tinha para onde ir. As mulheres de vida fácil, estas sim, que têm vida boa. Vão para onde querem, aos botequins, aos bordéis. Um dia, quem sabe, poderia ser ainda uma puta, cogitava. Pensava no marido e nos filhos. Bem que ele poderia morrer, mas seus filhos não. Isso que não.
Certa feita, alguém lhe contara que na cidade de Goiás, nos anos sessenta, morava uma prostitua morena bonita, que se chamava ANDRELINA.
ARINDA sonhava ser ela mesma, vivendo lá na antiga Vila Boa, freqüentando cabarés, morando sozinha em casa de tolerância. Era, esta sim, a vida que sempre desejava ter.
Não acaba aqui a narrativa de sua vida leviana. Só quando seu esposo CARLINDO CÔMODO DE JESUS, enfadado de tantos dissabores e maus tratos, separou-se dela levando consigo seus dois filhos: CARLOS e CAMILA.
ARINDA agora só, livre como as andorinhas do céu, satisfazendo seu desiderato, fora viver num prostíbulo e, por achar seu nome feio, adotara o pseudônimo de ANDRELINA.
*Alaor dos Anjos, advogado, funcionário público estadual aposentado, cronista.
Crônica publicada no Jornal da AGI (Associação Goiana de Imprensa) – Goiânia-GO, na edição nº 358, de abril/2004.
POEMA DO DUQUE DE CAXIAS
O duque de Caxias, militar austero e carrancudo, foi, contudo, picado um dia pela inevitável mosca do amor; apaixonou-se por uma linda e fidalga brasileira da então Província Cisplatina. Não se casaram, porém. Ele uniu-se a sua esposa no Rio de Janeiro, e sua paixão sulista casou-se também, com um uruguaio, nascendo-lhe uma filha, linda, tal qual a mãe. Em conhecendo a jovem, muitos anos depois, Caxias fez este terno poema a ambas, mãe e filha:
“Lindo botão, deves ter... por nasceres de uma rosa...”
O grande marechal do Império, herói de guerras, duque, ministro, portador dos mais cobiçados lauréis, nunca, entretanto, olvidou o grande amor da sua juventude.
Os versos de Caxias:
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina, um tanto de mulher.
Lindo botão, bem conheço
A rosa de onde procedes;
Olha... e verás que inda hoje
Em beleza não na excedes.
No Pantanoso eu a vi
Inda tão bela e viçosa,
Hoje o Pampeiro da vida
Dobra-lhe a fronte formosa.
Não importa, inda eu a vejo
Com toda a nobreza e graça,
Que só o sepulcro extingue
Beldades que são de raça.
Lindo botão, deves ter
Justo desvanecimento
Por nasceres de uma rosa
De tanto merecimento.
Saberás que as flores têm
Sucessiva Dinastia,
E pertenceu sempre a rosa
À mais nobre Hierarquia.
Os espinhos que te cercam
Não são para te ferir
Simbolizam as virtudes
Que deves sempre seguir.
Servem para defender
Tua angélica beleza
Da ímpia mão que pretenda
Manchar a tua pureza.
Mergulhado na Guerra do Paraguai, encontrou inspiração e tempo ainda, na aspereza da sua barraca de campanha, para dedicar esses simples versos de ternura para a esposa distante, Ana Luíza Carneiro Viana – Anica:
Eu tenho o coração maior que o mundo. Tu bem o sabes. Onde mesma cabes!
Que te parece? Até estou poeta!
Já avançado em idade, Luiz Alves de Lima e Silva viu o mundo faltar-lhe de debaixo dos pés, com o falecimento da amada, que era mais jovem do que ele 14 anos. Escreveu:
Vivo agora muito triste depois do golpe que sofri com a morte de minha Duquesa, a quem eu amava muito e só hoje desejo ir para onde Deus a levou.
Versos transcritos de Caxias, de Affonso de Carvalho – Biblioteca do Exército – 1976.
Fonte da ilustração: http://www.algosobre.com.br/images/stories/assuntos/biografias/Duque_de_Caxias.jpg
Soneto
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado
Sagrada emanação da Divindade,
Aqui, do cadafalso eu te saúdo;
Nem com tormentos, com reveses, mudo;
Fui teu votário e sou, ó Liberdade!
Pode a vida, brutal ferocidade,
Arrancar-me em tormento mais agudo;
Mas as fúrias do déspota sanhado
Zomba d’alma a nativa dignidade.
Live nasci, vivi, e livre espero
Encerrar-me na fria sepultura,
Onde Império não tem mando severo.
Nem da morte a medonha cataruda
Incutir pode horror, num peito fero,
Que dos fracos, tão-somente, a morte é dura.
*Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado (*01/nov/1773 - +05/dez/1845 – Era irmão do Patriarca e maçom)
Fonte da ilustração: http://retaguarda.obrabonifacio.com.br/midias/imagens//44eb19a832009f9a.jpg
NOITE DE PESADELO
Ludmila Ferreira dos Anjos*
Gérion volta a dormir, mas os ruídos estranhos retornam. Intrigado com a situação, Gérion levanta-se e vai em direção aos ruídos que aumentam à medida que ele se aproxima.
– Quem está aí?
Ninguém responde. Gériom acende a luz da sala, primeiro cômodo após seu quarto, e vê fragmentos de sangue em seu pequeno sofá. Com as mãos trêmulas e os olhos vidrados no sangue, Gérion vai em direção à cozinha, onde o barulho é menor; pálido, ele acende a luz e tenta pegar uma faca da gaveta de seu armário.
– Cadê as facas? Que ódio, estão todas sujas. E agora?
O barulho incessante continuava. Gérion, roendo as unhas, pegou uma faca suja mesmo. O ruído ficava no ritmo acelerado de seu coração e cada vez mais rápido. Decide voltar para o quarto.
– Meu Deus, me ajude!
–
Gérion pega rapidamente seu terço e começa a rezar, mas com muito sono, sem perceber volta a dormir.
Dimm, deng. Dinn, dong.
– Ahhh! Quem é?
–
– Sou eu, Gérion! Danilo.
–
Ao abrir a porta Danilo fica assustado com o estado do amigo.
– Nossa, e essas olheiras?
– É que dormi pouco esta noite.
Gérion explica ao amigo tudo o que aconteceu, quando chegou. No final, Danilo deu uma crise de risos.
– O que foi?
– Gérion, a suposta marca de sangue é na verdade ketchupp que eu derramei ontem quando nós víamos o filme de terror, comendo pizza e como estava com a luz apagada eu não te falei nada, porque fiquei com vergonha, mas pode deixar que depois eu limpo.
– Está bem. Mas o barulho é inexplicável.
– Nesta vida, tudo tem explicação. Você lembra ontem à noite que eu te pedi para deixar minha impressora aqui para formatá-la durante a noite? Pois é, ela começa a querer imprimir um papel, e como é antigona, faz um barulhão. Desculpe, eu esqueci de te falar esse pequeno detalhe.
Gérion olha fixamente para o amigo como se fosse matá-lo, mas o abraça e ri, lembrando do apuro que passou à noite.
– É, amigo, só sei que essa foi uma noite de terrível pesadelo.
*Ludmila Ferreira dos Anjos é aluna do Colégio Prevest, de Goiânia, cursando o 6.o Ano ao Pré-Vestibular.
Fonte da ilustração: http://notneverland.files.wordpress.com/2010/01/pesadelo.jpg
terça-feira, 20 de julho de 2010
BANIR: UMA LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO!
O QUE É O BANIR?
Povo brasileiro, o Banir é uma campanha promovida pelos homens e mulheres de bem deste imenso e querido Brasil. É a união de pessoas que não suportam mais conviver, naturalmente, com a prática oficializada da corrupção na política; por isso, resolveram sair da inércia, bem como do anonimato, mesmo com risco da própria vida, para lutarem contra essa enfermidade que já se tornou uma epidemia letal no seio desta querida e explorada Nação.
O Banir é a voz dos que ainda não tiveram voz; é o silêncio dos que nunca puderam gritar; são os gritos dos que já estão cansados de gritar, mas nunca foram ouvidos. Enfim, o Banir é o grito de alerta em silêncio de um povo forte e valente que se levanta em defesa da democracia, da ética, da cidadania, da moral e dos bons costumes.
O Banir é também: a expressão real e espontânea de amor à Pátria; a demonstração inequívoca da indignação e da tristeza do povo, manifestada, de forma concreta e ostensiva, através do uso de uma infinidade de objetos materiais, fabricados, preferencialmente, nas cores escuras ou pretas, para expressar o luto dos brasileiros que já assistiram o sepultamento da ética, e, como se não bastasse, estão assistindo o País preso e agonizante, nas mãos dos famigerados corruptos, com seu precioso sangue jorrando pelos ralos da impiedosa assassina que atende pelo nome de corrupção.
COMO É O BANIR?
Para melhor compreensão, o Banir, sabiamente, apresenta ao povo brasileiro uma relação de objetos a serem usados no decorrer da sua campanha. A saber: bandeiras, faixas, adesivos, impressos, logotipos, cartazes, panfletos, mascotes, espantalhos, viseiras, turbantes, cachecóis, bonés, camisetas, shorts, óculos, pulseiras, chaveiros, botons, brincos, gargantilhas, agendas, calendários, cadernetas, cadernos, cartilhas com estórias infantis, palavras cruzadas, etc., contendo a palavra Banir, ou a frase XÔ-CORRUPTOS, ou frases que tenham o mesmo sentido; ou, ainda, que apresentem o seu logotipo, formado por duas palavras, BANIR, escritas cruzadas, em forma de um X na horizontal, sendo ambas ligadas por um só N, que é a sua marca registrada. O Banir pode ser representado, também, por outros objetos quaisquer, que não constam desta relação, desde que fique bem clara a idéia de participação na sua campanha.
A escolha desses objetos para representar o Banir, na sua campanha, ou seja, para simbolizar o Banir, prende-se ao fato de se tratarem de peças que poderão ser adquiridas com muita facilidade, sem gastos financeiros. Muitas dessas peças poderão ser fabricadas artesanalmente, pelas próprias pessoas interessadas a participar, ativamente, da campanha do Banir.
Povo brasileiro: seja um soldado do Banir; fabrique ou adquira um desses objetos e participe das campanhas, quantas vezes necessárias forem. Afinal, a campanha do Banir é a única esperança dos brasileiros, de um dia conseguirem livrar-se de todos os gêneros de falcatruas e roubalheiras que estão em plena atividade no Brasil. É a esperança inabalável de poderem dar um basta nas sanguessugas, nos mensalões, nos castelos de areia, nos cartões corporativos, nos decretos secretos, nos túneis valeriodutos, nos anões dos orçamentos, nas cuecas cheias de dólar, e nos PC’s da história, bem como, nos lalaus e nas georginas do passado e, sobretudo, nos descarados páreas atuais que estão em plenas atividades e a todo vapor, dos quais deixamos de citar nomes para não incorrermos no risco de não conseguir terminar está obra, haja vista o tão elevado número que já se tornou praticamente impossível até mesmo enumerar todos. Todavia, limitamo-nos apenas dizer chega para os inenarráveis escândalos da política praticada por esses vis e nocivos crápulas estadistas.
QUANDO PRATICAR O BANIR?
O Banir será colocado em prática todas as vezes que for constatado um ato de corrupção no País; não interessa o local da Federação, nem a natureza do Poder; se é no Executivo ou no Legislativo; se é em nível de Governo Federal, ministérios, Senado Federal ou Câmara dos Deputados; governos de estados, assembléias legislativas, ou secretarias de estados; prefeituras municipais, câmaras de vereadores, ou secretarias municipais; só interessa é que sejam atos políticos comprovadamente corruptos.
A prática do Banir é caracterizada pelo uso ostensivo dos objetos que foram escolhidos para ser apresentados na sua campanha. Os que serão colocados em locais bem visíveis tais como: janelas de residências, portões, portas, muros, ruas, praças, logradouros, veículos, margens de estradas, uso de peças de roupas, etc. Um recipiente de plástico para coleta de lixo, uma toalha, ou seja, qualquer peça, de cor escura ou preta, colocada ostensivamente num dos locais acima mencionados, servirá para representar muito bem a prática da doutrina do Banir.
ONDE PRATICAR O BANIR?
O Banir será praticado, em âmbito municipal, pelos habitantes do município, se o ato corrupto ocorrer na esfera municipal; em âmbito estadual, pelos habitantes do estado, se ocorrer na esfera estadual; em âmbito nacional, por todos habitantes da Nação, se ocorrer na esfera nacional. O Banir terá de ser praticado por todos que residem no País, principalmente, pelos brasileiros, natos e naturalizados, que discordam dessa nociva prática que se tornou moda brasileira; deve ser praticado por todas as pessoas de bem que não aceitam mais a prática da corrupção; pessoas que estão envergonhadas e indignadas com as coisas que têm ocorrido no Brasil, mas ainda não encontraram um meio eficiente para se manifestarem. Enfim, o Banir é: nada mais, nada menos, que a providencial fórmula criada pelo povo da Nação, com o fito de exercitar a sua cidadania e contribuir, livre e significativamente, para a implantação da ética na política, objetivando passar o País a limpo, como sempre diz o admirado repórter Boris Casoi.
POR QUE PRATICAR O BANIR?
A prática do Banir é uma forma democrática, inteligente, legítima, ordeira, sensata, eficiente e descontraída que a Nação brasileira encontrou para demolir as petrificadas muralhas da perversidade social, construídas ao longo dos tempos, no Brasil, pelos astutos e mercenários arquitetos da política infame, casuísta e corrupta. Arquitetos que não se pejaram, nem se pejam, em se aproveitarem do desconhecimento político dos eleitores brasileiros para edificar a tão nociva e censurada obra política; obra que contém no seu arcabouço todos os tijolos da ambição e argamassa da desonestidade; e, no seu revestimento, as fúnebres cores que representam a angustiante morte da ética.
Contudo, demorou, mas chegou a vez do povo brasileiro. Através do Banir, a Nação brasileira vai exigir, de forma direta ou indireta, o afastamento temporário, da(s) autoridade(s) acusada(s) de corrupção do(s) cargo(s), enquanto perdurarem as investigações. E, a exclusão definitiva do poder, caso as acusações venham a ser comprovadas.
O afastamento temporário é para evitar os conchavos, as barganhas, as negociatas, os leilões de cargos, as rapinagens e as liberações de verbas por interesses escusos, que acarretam a sangria dos cofres públicos. E, sobretudo, na supressão de provas, no emperramento das investigações, nas protelações desnecessárias, com o fim exclusivo de utilizar a ação do tempo para conseguir sepultar as diversas atrocidades no cemitério da impunidade, da desonestidade e do esquecimento. Para conseguirem manter intacta e intocável a múmia do corporativismo, como de costume acontece na indigna política partidária brasileira.
O afastamento definitivo é para evitar os desastres políticos; ou seja, candidatos, bandidos, que são eleitos por eleitores analfabetos políticos. Eleitores que só votam porque são obrigados a fazê-lo. Eleitores que não se preocupam com a escolha dos seus candidatos. Eleitores que só votam naqueles que compram seus votos; nos corruptos profissionais que, sem sobra de dúvidas, são os mais nocivos e que são mais destacados na mídia.
COMO AJUDAR O BANIR?
O Banir conta com a ajuda de todas as pessoas de bem que sonham viver num Brasil mais justo, mais humano, mais igualitário e mais ético; menos corrupto, menos tripudiado, menos extorquido e menos execrado. Pessoas que, doravante, dentro das suas possibilidades, irão lutar corajosamente em prol da implantação e da manutenção da ética no Banir.
Brasileiras e brasileiros: cantores, donos de gravadoras, ou estúdios de gravação, gráficas, confecções de roupas, ou indústrias das coisas acima relacionadas, façam parceria com o Banir. Seja um soldado atuante nesta batalha. O povo brasileiro precisa, urgentemente, ter em mãos as obras completas do Banir. Os que não possuem tais condições doem: impressão de livros, gravação de um CD, camisetas, bonés; canetas, chaveiro, ou qualquer objeto que caracterize o Banir. Doem o seu trabalho, fabricando um desses objetos mais simples que representam o Banir, que são do alcance de todos. Saiam às ruas e participem da luta. Os que têm acesso a computadores divulguem o Banir, dêem sugestões, participem. Afinal, o Banir é a forte bandeira de luta, ao alcance do povo, que precisa ser usada no combate à corrupção no Brasil.
OBRAS DO BANIR
O Banir conta, atualmente, com dois livros concluídos: O Manifesto Contra a Corrupção e O Grito de Alerta Banir; três livros a serem concluídos: A Palmeira Carcomida, A cortina de Fumaça, e A Ciranda dos Ratos; um CD, com sete (07) hinos; trinta hinos (30), a serem gravados; conta ainda, com um ousado projeto: a confecção de um filme denominado “Tropa de Lixo”. O título pode ser assustador, mais foi o mais adequado que o autor do Banir encontrou para representar todos os corruptos da política do Brasil. O roteiro desse filme está explícito no trabalho de Cordel, que foi feito com o objetivo único de mostrar à Nação brasileira, algumas falcatruas que já caíram no esquecimento; e, principalmente, a praticidade e a eficiência da doutrina do Banir na providencial e nobre missão de combate a corrupção.
Povo brasileiro: para melhor compreensão e fixação da imensurável capacidade da doutrina do Banir, não deixe de ler atentamente todas as letras e hinos do Banir, que foram colocadas à sua disposição. Leia, também, a extensa obra de cordel, que é muito elucidativa e interessante. Assim, o leitor terá completa noção do que realmente significa a prática da doutrina do Banir no Brasil, quando, sem sombra de dúvida, passará a se orgulhar de poder participar da sua efetiva manutenção. Com isso, o Brasil, a ética, a moral e os bons costumes vão ficar muito agradecidos.
Eis algumas letras que ainda não foram gravadas; coloque melodias e grave-as à vontade; a Nação brasileira ficará agradecida; a ética e os bons costumes satisfeitos; e, o autor, muito feliz...
O BANIR EM AÇÃO
Você sabe o que é o Banir,
Na luta pela ética no Brasil?
Se não sabe, agora vai saber:
Preste bastante atenção
No que eu vou lhe dizer.
O Banir são bandeiras e viseiras,
Espantalhos, logotipos e bonés;
Faixas, impressos e mascotes,
Panfletos, camisas e shorts
Ou objetos quaisquer.
Estampados nas cores escuras ou pretas,
Em protesto contra todos os picaretas,
Sanguessugas que sugam sangue dos pobres:
É o luto da Nação
Contra os bandidos nobres.
O Banir vai agir na hora certa,
Expressando nosso grito de alerta,
Para expulsar todos os tipos de ladrões
Que se ingressam na política
Só para furtar milhões.
O Banir é nossa arma de guerra,
Pra ser usada em defesa desta terra;
É o exercício da nossa cidadania,
Lutando pela conquista
Da plena Democracia.
E para expulsar os ladrões públicos,
Nosso grito de alerta é XÔ-CORRUPTOS
Xô, xô, corruptos, deixem o Brasil em paz,
Não metam a mão nos cofres públicos, corruptos
Vocês já furtaram demais.
Fim.
O Hino O BANIR EM AÇÃO, descreve o que é o Banir, como pode ser fabricado, de que forma deve ser usado e quais são os resultados provenientes da sua efetiva prática em relação à política brasileira. É a essência de toda estrutura da doutrina do banimento.
HINO FAVELEIRO
Povo do Brasil: ouça o Hino Faveleiro, a letra que reflete a realidade nua e crua do nosso dia-a-dia.
(Parte declamada)
Nas favelas há explosões de bombas
E de balas sibilares estridentes,
Clima apavorante, prenúncio de mortes,
E o povo como pode se defende.
São os reflexos da impunidade,
Que se alastram cada dia bem mais forte;
É a falência da autoridade,
Que empurra o povo para mortes.
Ó Pátria amada, extorquida, quem lhe salva,
Entre fogos cruzados de quadrilhas,
Que lutam nas disputas por espaços
Onde se vendem drogas noite e dia.
Que insegurança, que desmando, ó que tristeza
Que está vivendo esse povo sem defesa,
Do futuro esperando mais pobreza.
Na miséria, na fome e na incerteza.
Terra sofrida, terra lesada,
É o País das falcatruas planejadas;
Tripudiada é a Nação,
Que está vivendo a pior degradação.
À mercê da sorte e do que vier,
É o Brasil do salve-se quem puder.
Em berço de ouro vivem todos os corruptos,
Que ocupam nossos cargos eletivos,
Que nomeiam seus comparsas em funções,
Que se apossam do erário do País.
Esses nadam de braçadas nas riquezas,
Enquanto os pobres mais se afundam na pobreza,
Na miséria, na fome e na incerteza;
Ó, que vergonha, ó que maldade, ó que tristeza!
Ver um País tão rico e tão promissor,
Saqueado por corruptos sem pudor,
Carentes de honra e de senso crítico,
São pilantras transvertidos de políticos.
Vigaristas impostores,
Mercenários, salafrários e traidores,
Que nesta terra fazem o que bem quer;
Este é o Brasil do salve-se quem puder.
Fim...
A letra do HINO FAVELEIRO mostra a verdade, nua e crua, vivida na periferia das grandes cidades brasileiras. Mostra a situação caótica que enfrenta a população de baixa renda ou de renda nenhuma, residente e domiciliada nas favelas. Mostra o descaso das autoridades, a violência policial, o desrespeito pela vida humana, o desamor pelo próximo; e, sobretudo, a falência total das instituições conduzidas pelo poder público.
CONCLUSÃO
Este é um trabalho educativo destinado a todos os brasileiros natos e naturalizados que amam este País, que não medem esforços em prol da conquista da honra, da decência, da moral e dos bons costumes; todos que já não aceitam mais conviver com essa política, vexatória, corrupta, mercenária, asquerosa, desprezível e indecente.
Você, que é pessoa de bem, não fique de fora da campanha do Banir. O Banir é sua vez, sua força e sobretudo a sua voz. Ele conta com você. Divulgue-O, por favor.
O POVO BRASILEIRO MERECE E AGRADECE
Seja defensor da Ética. Pratique o Banir. Entre em contato com o Autor.
Email: autorbaniroscorruptos@hotmail.com
Fonte da ilustração: http://www.uniblog.com.br/img/posts/imagem34/341598.jpg
segunda-feira, 19 de julho de 2010
OS 94 ANOS DE ALMIR TURISCO DE ARAÚJO, EX-GOVERNADOR
Almir Turisco de Araújo nasceu em Macaúbas, Bahia, no dia 19 de julho de 1916. É filho de José Trajano de Araújo e Rosa Turisco de Araújo. Foi casado com Ereny Fonseca de Araújo. São filhos do casal: Tancredo Fonseca de Araújo, Cristiana Maria Fonseca Araújo, Rosa Maria Fonseca Araújo, Edgar Vicente Fonseca Araújo e Maria Sophia Araújo Prata. Reside em Goiânia.
Almir Turisco, como é conhecido nos meios políticos e sociais do Estado de Goiás, onde pontificou durante duas décadas como líder político, completa 94 anos nesta segunda-feira, cercado pelo carinho dos seus familiares, pela amizade de muitas pessoas que têm por ele o afeto de longa convivência.
Possuindo um caráter propenso à solidariedade humana, dedicado a sua família com extrema bondade e completa fidelidade, viu-se na obrigação de estender suas atividades para mais longe, ingressando na vida pública – sempre com o desejo de colaborar com o próximo – assumindo o cargo de subprefeito de Hidrolândia, Goiás, quando a localidade era ainda distrito da capital do Estado, nomeado pelo então prefeito, Professor Venerando de Freitas Borges, em 1940. Um ano depois, tendo exercido com eficiência o cargo, foi-lhe confiada a mesma missão, desta vez no distrito de Trindade, onde permaneceu até 1942. Foi um começo difícil, porém revelador: o cidadão Almir Turisco de Araújo, diante dos resultados satisfatórios frente à administração das duas importantes comunas, despertou a atenção do interventor federal em Goiás, Dr. Pedro Ludovico Teixeira, sendo chamado a assumir a Prefeitura de Anicuns, responsabilidade mais pesada, mas que não foi obstáculo para sua ascensão na vida pública, ao contrário, foi o que o catapultou para voos mais altos.
Foi eleito deputado estadual, sendo presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o governo de Goiás, com a viagem do governador Mauro Borges para Israel.
Com o advento do golpe militar de 1964, permaneceu fiel ao seu amigo e benfeitor, Pedro Ludovico Teixeira, o que causou sua cassação e banimento da vida pública.
Hoje, nonagenário, vive uma vida feliz, ao lado de familiares, especialmente de sua querida filha Rosa Fonseca de Araújo, que lhe dá todo o apoio para que tenha sempre a paz que merece.
O filho de Almir Turisco, o artista plástico Tancredo Araújo, para felicidade do progenitor, recebeu recentemente, do Tribunal de Justiça do Estado e Goiás, expressiva homenagem póstuma, com uma exposição de quadros na sede da instituição.
Fonte da ilustração: http://www.assembleia.go.gov.br/conheca_assembleia/parlamentares/1947_2002/presidentes/images/thumbs/017-Almir-Turisco-de-Araujo.jpg
PEQUENAS, GRANDES DIFERENÇAS
Autor: Dr. João Pinto – Goiânia-GO
Uma só gota faz diferente o oceano;
uma só fagulha pode afastar a treva;
um simples pensamento pode mudar a História;
um acalanto pode recuperar uma alma desesperada.
Uma palavra dita com amor-verdade pode modificar comportamento;
um ato de carinho pode salvar uma vida, retificar um caminho;
uma ação dirigida pela solidariedade pode aliviar dores físicas e morais;
um só gesto, uma contração facial pode fazer o sorriso, a esperança e a alegria de uma
criança, de um idoso e do jovem.
Fonte da ilustração: http://www.ime.unicamp.br/~samuel/blog0/wp-includes/images/water-drop-116850.jpg
Livro: OS ÁRABES NO SERTÃO
Acaba de ser editado neste ano de 2010, pela Editora Kelps de Goiânia-GO, a histórica e importante obra de autoria do octogenário escritor goiano de origem libanesa João Asmar, chamado de mecenas da memória árabe na cidade de Anápolis pelo prefaciador do livro, escritor Ubirajara Galli.
Na obra, o autor descreve com minúcias a vida e a participação dos libaneses que chegaram à cidade de Anápolis desde os primórdios do século XX, procurando não se esquecer de nenhum membro da importante colônia estrangeira que muito engrandeceu a cidade que os acolheu. Casos pitorescos são narrados, sobretudo abrangendo as dificuldades dos adventícios com a nova língua, a qual muitos tinham extrema dificuldade em aprender, principalmente no início, sendo o idioma materno muito diferente, a começar pelo alfabeto, o que dificultava muito o aprendizado do português pelos “turcos”, assim conhecidos pelo fato de que, até 1918, o Líbano, a Síria e a Palestina pertenciam ao Império Turco Otomano e assim constarem essa odiosa – para eles – nacionalidade.
João Asmar recorreu principalmente à sua própria memória, relembrando a convivência que teve com as pessoas desde sua meninice para elaborar o brilhante trabalho. Fez justiça a um povo numeroso, operoso e importante na formação étnica de Anápolis e do Estado de Goiás.
O autor nasceu em Anápolis em 1922, é filho de Abrahão Jorge Asmar e Amina Jorge Asmar, libaneses chegados ao Brasil em 1910. Foi casado com Maria Lúcia Rocha Asmar (falecida em 2003); são filhos do casal: Miriam, Márcia Amina, João Asmar Júnior e José Ricardo. Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Goiás em 1958, foi professor, possuindo o título de Benemérito em Educação, conferido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Goiás em 1963.
Antes de produzir Os Árabes no Sertão, publicou os livros Meu Tesouro, Bom Tempo, Relicário, Aulas e O Troco... e Outras Notas.
TRANSCRIÇÃO DE UM TRECHO DE “OS ÁRABES NO SERTÃO”
Alfredo Abdalla
Alfredo Abdalla chegou ao Brasil, acompanhado de seus irmãos, Mansur, Isaac e Jorge, sob a proteção da mãe, dona Teodora.
Foi parceiro de meu pai na mascateação. Viajaram juntos, a cavalo, percorrendo a vastidão dos municípios de Bonfim, Anápolis e Corumbá de Anápolis. Foram até Bela Vista e Santa Cruz. Casou-se com dona Chiquinha, de tradicional família bonfinense.
Com ela gerou os filhos: Esmeralda, José, Luzia, Abdala, Alex, o fundador de Alexânia, Cristóvão e Tereza. Gostava de baianas.
Foi comerciante e fazendeiro, no município, com fazenda em Nerópolis, onde constituiu nova família.
Gerou mais filhos, fora do casamento. Sempre os reconheceu e os amparou. Sobre ele aparece, no fim do livro, a crônica “O Desconhecido”.
Homem destemido e correto em seus negócios. Foi o padrinho do meu irmão José, e papai batizou, também, o seu José.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
AS SETE MARAVILHAS DE CAMPINAS
Walter Menezes
Inserindo-me na imensidão de vozes que estão a disseminar, nos 200 anos de Campinas, as belezas e grandezas da cidade mãe que se sacrificou pela filha Goiânia, quero manifestar o meu amor pela aniversariante. Uma das grandezas de Campinas é manter-se altiva e amante de tudo que se relaciona à sua história e cultivar sempre o bairrismo salutar do seu povo.
E Goiânia, nossa moderna Capital, tem se portado como uma filha ingrata quanto ao bairro que viceja no oeste da cidade, com suas belezas e grandezas não notadas por muita gente. Merecem os elogios as festividades que vêm se desenvolvendo neste ano, sob a batuta do prefeito Paulo Garcia, um goianiense de nascimento e campineiro por opção. Afortunadamente é, ele, o prefeito do bicentenário da cidade que abrigou os pioneiros da epopeia da construção da nova Capital de Goiás.
Do bicentenário que, de 6 a 10 do corrente mês, tem um rico programa de eventos festivos. Mas, creio, o comemorar dos 200 anos de Campinas não se limitará a estes dias e, deverá ter sequência durante todo o ano.
Sempre tive Campinas em meu coração e lá cheguei aos 11 anos na década de 1940. Boas lembranças, grande saudade! Agora, em dias festivos, respiro fundo e encho meus pulmões para proclamar, de público e de alta voz, as 7 maravilhas de Campinas, pontos convergentes que são assuntos para milhares de páginas de jornais e livros.
1) Colégio Santa Clara
2) Praça Cel. Joaquim Lúcio
3) Atlético Clube Goianiense
4) Matriz de Campinas
6) Avenida 24 de Outubro
7) Museu Ornitológico José Hidasi
Poderia falar mais, muito mais, sobre essas 7 maravilhas de Campinas. Supondo que o leitor possa interessar-se pelo tema, recomendo a leitura do livro Campininha das Flores e sua História, com escritos de vários autores, capitaneado pelo Instituto José Mendonça Teles, nome do campineiro-mor da atualidade, benquisto de todos nós.
*Walter Menezes – Diretor do Jornal da Cultura Goiana e ex-presidente da Associação Goiana de Imprensa (Com a alterações de Hélio Nascente quanto às “Sete maravilhas”).
Ilustração: CORETO DE CAMPINAS http://www.goiania.go.gov.br/imagem/galeriafotos/foto029m.jpg
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