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sexta-feira, 30 de julho de 2010

POLICARPO, O SABIDO


Eliezer Penna*
Residia em Goiás e costumava viajar para Mato Grosso. A passar por Barra do Garça fazia uma parada, pois ali apanhava uma agradável companhia para o resto da jornada – uma linda morena cor de canela, longos e escuros cabelos, uns terríveis olhos verdes e aquele corpo!

O caminhão urrava nas subidas, a poeira invadia a cabine, mas a viagem era festa, com Regina – esse era o nome dela – a bela Regina a sorrir-lhe com essa alegria fácil da gente sertaneja.

Lá em Rondonópolis, ele se tornara conhecido, notadamente no hotel, cujo dono sempre lhe encomendava coisas do sudeste goiano. E ela se tornou também logo comentada pela sua beleza agreste, sua simplicidade cabocla, sua saúde impressionante.

Todos gostavam de ver Regina, de ouvir a sua voz cantante, a conversar na sala de espera dos hóspedes.

Noutra ocasião, porém, ao invés dela foi forçado a levar um assessoramento diferente, viajou com a patroa legítima, aquela a quem se unira pelos sagrados e indestrutíveis laços. Era uma dessas matronas feras, de verruga com fio de cabelo no queixo.

Desta vez, ele não parou em Barra do Garças.

Ao chegar ao hotel em Rondonópolis foi recepcionado pelo dono, que ao notar a mulher diferente perguntou ingenuamente:

– Uai, sêo Policarpo, e a Regina?

O homem ficou gelado, mas ainda teve presença de espírito:

Ah! Nunca mais bebi daquela pinga: A última vez que tomei me fez um mal danado...

*Eliezer Penna é jornalista e ex-presidente da Associação Goiana de Imprensa – AGI. Transcrito da revista Hoje-Goiânia-GO.

Fonte da ilustração: http://www.fnva.com.br/viewtopic.php?f=24&t=6449&view=next

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