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sábado, 24 de julho de 2010

VALDOMIRO RIBEIRO DE PAIVA, UM FERROVIÁRIO EXEMPLAR




Falecido aos 98 anos de idade, esse notável e respeitado patriarca, pai de oito filhos, avô 23 vezes e bisavô por outras 14, nasceu a 5 de março de 1904, na cidade mineira de Araguari, filho primogênito do casal Lúcio Ribeiro de Paiva e Zita América de Paiva.

Ficou órfão de pai aos 15 anos de idade, sem dispor do privilégio de uma herança ou de recursos econômicos e financeiros para facilitar-lhe os primeiros passos na vida, mas, ao contrário, herdando apenas o pesado encargo de lutar pelo sustento da mãe viúva além de si próprio e de mais oito irmãos menores. A esses, conseguiu fazer muito mais, além daquilo que seria apenas o imediato: criar e educar, como se fosse pai. Sem uma pessoa amiga a quem recorrer, foi com grandes dificuldades que venceu a dura batalha pela subsistência de toda a família, bastante numerosa, que, repentina e inesperadamente, viu estar sob a dependência do seu trabalho para sobreviver. Assim, em tão tenra idade, tornou-se chefe de família e desempenhou a missão com determinação vitoriosa.

Sem sequer ter tempo nem mesmo de pensar no assunto, assumiu sua “cruz”, mas com alegria e grande senso de responsabilidade. Com honradez precoce, foi à luta, conseguindo encaminhar a todos os irmãos na direção de uma vida digna e honrada. Aos 16 anos ingressou no Serviço Público Federal como ferroviário, na então Estrada de Ferro Goiás.

Exerceu na empresa inúmeros cargos e funções, tendo sido, ao longo dos 25 anos de trabalho, Portador; Ajudante de Trem; Conferente; Encarregado-Chefe do Faturamento; Despachante de Cargas e Bagagem; Bilheteiro; Recebedor de Fretes; Chefe de Baldeação junto à Estrada de Ferro Mogiana e Telegrafista-Agente de Estrada de Ferro. Este último cargo exerceu-o em quase todas as estações localizadas ao longo da Estrada de Ferro Goiás, de Araguari (MG) até Goiânia (GO).

No ano de 1945, veio a ser aposentado por ato revolucionário, como resposta à sua luta e resistência contra o Governo de então, o Estado Novo, dirigido pessoalmente, de forma discricionária, por Getúlio Vargas, não obstante sua folha funcional ser das mais honrosas e nunca haver cometido erros ou deslizes, com um curriculum funcional absolutamente imaculado, após 25 anos de serviços prestados. Veio, assim, a pagar pelo terrível crime de não apoiar, mas pelo contrário, de protestar contra a política de Vargas, contra o regime político vigente na época, preferindo o descampado da oposição a uma postura acomodatícia, o que lhe valeu o ódio dos detentores do Poder, sobretudo dos chefetes locais, cuja autoridade era muito maior do que a própria formação moral, intelectual e política.

A partir desse ano passou a exercer a atividade de Produtor Rural, logo em seguida à sua aposentadoria compulsória. No ano de 1965 exerceu o comércio de materiais de construção na casa A Construtora, em Itumbiara – GO. A outra atividade que exerceu como comerciante foi a de proprietário da padaria A Ciciliana, tradicional em Goiânia, situada defronte ao antigo Mercado Central.

POLÍTICA

Em 1945 filiou-se à então recém-criada UDN – União Democrática Nacional, partido de oposição ao regime Vargas, nele permanecendo até sua extinção por força de Ato Institucional, em 1965, quando então passou a opor-se ao regime militar instalado havia pouco mais de um ano no País, militando no MDB – Movimento Democrático Brasileiro, numa demonstração evidente de que sempre foi contrário aos regimes fortes, anti-democráticos, de existência estribada em dispositivos constitucionais arbitrários.
Por sua inspiração, os seus filhos Lúcio Lincoln de Paiva e depois Línio Ribeiro de Paiva, encarnaram o espírito rebelde da resistência ao movimento de 64, havendo ambos se destacado no combate aberto ao regime militar.


FAMÍLIA

No ano de 1930 contraiu núpcias com a senhorita Aparecida Gonçalves Ribeiro e desse casamento nasceram os filhos: Loise, Lourdes, Lincoln Lúcio, Lúcio Lincoln, Leny, Línio, Luiz Antônio e Lourdes. Lamenta e chora, ainda hoje, a perda dos filhos Lourdes 1ª., Lincoln Lúcio e Lúcio Lincoln, este por trágico acidente ocorrido na madrugada de 25 de dezembro de 1974, quando se preparava para assumir o seu segundo mandato de deputado estadual à Assembléia Legislativa Goiás. Esse foi um acidente que abalou o todo o Estado, devido à grande liderança política que exercia o jovem deputado, combativo e corajoso nas suas posições, colocando-se frontalmente em oposição ao Governo, o que, na época, expunha o mandato dos parlamentares à possibilidade de cassação arbitrária a qualquer momento, perigo que, entretanto, nunca foi levado em conta por ele.

LUTA PELA EMANCIPAÇÃO DE VIANÓPOLIS

Tendo residido e trabalhado em praticamente todas as cidades abrangidas pelos trilhos da estrada de ferro, como Goiandira, Ipameri, Urutaí, Pires do Rio, Leopoldo de Bulhões, Goiânia e outras, o local onde permaneceu por mais tempo foi Vianópolis, 12 anos, tornando-se praticamente num dos naturais do município, tendo lutado vigorosamente pela cidade, defendendo seus interesses e de sua gente, contribuindo de forma decisiva, até, para a emancipação política da nova unidade municipal.

Vianópolis, na qualidade de distrito de Bonfim, hoje Silvânia, nunca recebera o retorno em melhoramentos de ao menos uma parcela das arrecadações ali procedidas pela sede do Município. Diante dessa injustiça, o fazendeiro, boiadeiro e também chefe político oposicionista, João Batista Gomes, pediu-lhe apoio para comandar os trabalhos com vistas ao desligamento do Vianópolis de Bonfim.

Nos primórdios do ano de 1944, deram início a um gigantesco trabalho, anonimamente, como mentores e executores do ambicioso plano para a emancipação do Distrito. E no lombo de uma alimária, Waldomiro Ribeiro de Paiva, entusiasmado pela idéia de servir ao povo e à cidade, percorreu toda a zona rural, fazendo qualificação e recenseamento da população, exigência da Lei para que se processasse o desligamento definitivo.

Foram quatro longos anos de intenso e cansativo trabalho para finalmente alcançar a vitória, no ano de 1948, quando foi promulgada a Lei nº. 115, de 19 de agosto, que emancipou politicamente, elevando à categoria de Município, o então Distrito de Vianópolis. Ainda nessa cidade, lutou denodadamente e colaborou para a fundação e criação do ginásio “Armindo Gomes”, bem como pela fundação do Aero-Clube.

Foi um dos fundadores da Charqueada Olinda de Vianópolis e incentivou e colaborou efetivamente em outros melhoramentos do novo Município, no final dos anos 40.

No ano e no mês da emancipação, mercê de seus méritos pessoais e políticos, Waldomiro foi convidado pela oposição e situação, para assumir o governo da recém-criada Prefeitura, convite que considerou extremamente honroso, mas que preferiu declinar.

MUDANÇA PARA GOIÂNIA

Nos primeiros dias do ano de 1950 transferiu residência para a jovem Capital do Estado, onde antes estivera trabalhando por alguns períodos, sendo, pois, considerado um dos pioneiros da metrópole. Passou a desenvolver intenso trabalho em favor da comunidade, especialmente em obras de amparo e recuperação social dos menos favorecidos da sociedade e deserdados por um sistema econômico de grandes injustiças sociais. No ano de 1935 filiou-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, onde desempenhou vários cargos no TattWas Jesus Cristo.

No anonimato, mesmo residindo em Goiás, ajudou e colaborou na fundação da Missão Ramacrisna com sede em Belo Horizonte, casa de abrigo para crianças abandonadas, com ensino profissionalizante, e, passados mais de 40 anos, ainda continua colaborando com a entidade, o que lhe valeu um título de homenagem com os dizeres cidadão da caridade.

MAÇONARIA: PAIXÃO DE UMA VIDA

Iniciado há mais de quatro décadas na Ordem Maçônica, vem colaborando e é um dos fundadores das seguintes entidades maçônicas: Associação Beneficente de Goiânia – Asbeg (que não existe mais); Escola Silvestre de Castro, sob a égide da Loja Adonhiram nº. 11 (adormecida); Pecúlio Maçônico do Estado de Goiás Pemeg; Instituto Libertas; por algumas vezes serviu a Fama – Fundação do Menor Abandonado - em sua diretoria. Ajudou a fundar diversas lojas em Goiânia, também a Loja Fênix nº. 56, em Araguari - MG.

Na Loja Adonhiram, onde foi iniciado, ocupou todos os cargos da oficina, inclusive o de Venerável, por dois mandatos, quando o piso do templo era apenas de chão batido, com suas paredes sem revestimento e o teto mostrando as telhas. Seus móveis eram primaríssimos, feitos de tábuas de caixote, os quais ainda podem ser vistos no templo da Loja Trindade 58, um pouco melhorados. Para que se transformasse num templo o que se vê na Avenida Universitária nº. 288, exigiu muito sacrifício de todos os obreiros que existiam na Loja no ano de 1959 e no novo mandato de Waldomiro Paiva, no ano de 1970, mormente de sua parte, em virtude de ser proprietário da padaria A Ciciliana.

Em abril de 1956, convocado por Waltrudes Cunha, reuniu-se a mais três maçons para fundar o jornal maçônico que foi denominado O Mensageiro, cuja diretoria ficou assim constituída: Diretor: Waltrudes Cunha; Redator: Genésio Barreto de Lima; Gerente: Elias de Araújo Rocha; Secretário: Waldomiro Ribeiro de Paiva. Esse jornal teve vida por quatro anos, às expensas dos quatro diretores, já que a distribuição era gratuita.

Foram-lhe atribuídas pelo então Grão-Mestre Benedito Barreira de Morais, as funções de Grande Orador.

Foi fundador da Grande Loja de Brasília, fato histórico ocorrido no dia 16 de fevereiro de 1963, tendo sido eleito o seu primeiro Grão-Mestre o eminente maçom Durval Aurelino Cordeiro.

No ano de 1959, pleiteava-se a criação de uma universidade em Goiânia. Os dirigentes da maçonaria em Goiás, dentre os quais se encontrava como venerável de uma das nove lojas então existentes em Goiânia, para conseguirem uma universidade leiga empenharam-se politicamente. Foi então aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República a proposição de autoria do então deputado Castro Costa, que criava a Universidade Federal de Goiás.

Em todas as ocasiões em que foi chamado a intervir ou exercitar os deveres maçônicos, cumpriu-os humildemente sem ser servil.

O ano de 1960 foi pródigo aos maçons em Goiás. O insigne maçom e Venerável da Loja Ordem e Progresso, da jurisdição do Grande Oriente Estadual, Francisco Durval Veiga, houve por bem criar as “Semanas Maçônicas”, que se instalavam todos os anos, no mês de fevereiro, pela loja patrocinadora, onde se aglomeravam todos os maçons, para defender teses a bem da Ordem e das oficinas. A Loja Adonhiram nº. 11 patrocinou uma semana, da qual Waldomiro de Paiva era o presidente.

Em 1956 descobriu que os certificados de presença das visitas, após divulgadas pelo Venerável Mestre, produto da bolsa de proposta e informações, após o registro do Irmão Chanceler, eram incinerados e passou a confeccioná-los, alcançando hoje quase duas mil presenças em outras lojas.

DIPLOMAS E HOMENAGENS

Na sua galeria de diplomas, placas e títulos, constam os seguintes: no ano de 1960, da missão Ramacrisna de Belo Horizonte, o diploma de Cidadão da Caridade; em 1963 e 1978 pela Loja Adonhiram nº. 11, os títulos de Sócio Remido–Benemérito e o diploma de Honra ao Mérito; no mesmo ano de 1978, da Grande Loja de Minas Gerais, o diploma e medalha do Mérito da Ordem da Águia. Em 1980 recebeu o título de Emérito da Loja Fênix nº. 56, de Araguari-MG e ainda em 1980 foi honrado com os títulos de Cidadão Goianiense e Cidadão Vianopolino. No ano de 1981, foi homenageado pelo Pemeg, inaugurando, na galeria dos ex-presidentes, a sua fotografia.

Em 1982, foi agraciado com o diploma de benemérito, pelo Grande Oriente do Estado de Goiás. Em 1982 recebeu o diploma de Construtor, da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás. Em 1983, recebeu o diploma de Papai na Educação dos Filhos, do Consistório Carlos Reis Filho. Ainda em 1983, recebeu o diploma de Membro Honorário da Loja Trindade nº. 58, do Oriente de Trindade.

Em 1984, recebeu o certificado do Encontro Confraternal da Grande Loja, em Jandaia, na Loja União Fraternal nº. 5. Nesse mesmo ano, recebeu os seguintes certificados de participação: Simpósio de Instrução e XXI Mesa Redonda de Porangatu, quando apresentou três trabalhos, dos quais a homenagem a Waltrudes Cunha, pelos esforços da fundação do Pemeg, fora aprovada e foi remetida a todas as lojas Grande Oriente e Grande Loja, uma sua foto para ser colocada em lugar visível.

Em 1985 recebeu o título de Remido, pela Grande Loja do Estado de Goiás. Nesse mesmo ano, recebeu o diploma de Membro Honorário da Loja Asilo da Acácia, pertencente ao Grande Oriente. Ainda em 1985, foi homenageado pela Loja Acácia Brasiliense com a medalha Benedito Albuquerque. Desde o ano de 1985, foi agraciado pela Loja Adelino Ferreira Machado, como seu Membro Honorário e o diploma foi-lhe entregue numa das sessões da Loja Marechal Deodoro, no ano de 1990.

Em 1986, foi eleito Venerável da Loja Marechal Deodoro, por sufrágio universal, ao mesmo tempo em que foi eleito vice-presidente da Associação Maçônica de Erradicação da Mendicância, Amem, por colaborar com a instituição, desde a sua fundação, em 1980. Foi eleito vice-presidente da Amem.

No ano de 1960, foi escolhido pelo Grão Mestrado, Garante da Paz e Amizade junto à Grande Loja do Pará, cargo que exerceu durante mais de 20 anos com dedicação e denodo, que lhe valeram correspondências elogiosas do Grão Mestre da Grande Loja do Pará.

Em 1963, foi também escolhido Garante da Paz e Amizade da Loja Roosevelt, de Anápolis.

No ano de 1960, faltou arroz para abastecer a população e, por clamor da Maçonaria, os poderes públicos estaduais reivindicaram ao Ministério do Abastecimento a colocação nas máquinas de beneficiamento, de cem mil sacas de arroz em casca, estocados nos armazéns gerais de Goiânia. Com o maçom Nasseri Gabriel na presidência, foi um dos credenciados a retirar dos armazéns esse arroz e suprir as máquinas de beneficiamento para distribuí-lo, posteriormente, aos postos de revenda, com a responsabilidade de, diariamente, proceder à tomada de contas dos encarregados dos postos, recolhendo o dinheiro ao Banco do Brasil.

A 27 de fevereiro de 1993, a Loja Fênix de Araguari – MG confere-lhe o diploma de Fundador de Lojas Maçônicas e Construtor de Templos.

A 27 de agosto de 1994, pela palestra proferida aos 136 jovens da Ordem Demolar, do Capítulo Guimarães Natal, foi-lhe concedido o certificado com os seguintes dizeres: “Pela brilhante palestra dada ao nosso Capítulo, no que veio a somar sabedoria a nossas mentes”.

Na Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás exerceu o cargo de Grande Guarda do Livro da Lei, conforme diploma datado de 23 de dezembro de 1961.

Diploma de reconhecimento por serviços prestados à Loja Fênix e à Ordem em geral, datado de 5 de fevereiro de 1996.

Diploma de construtor do templo do espírito da Grande Loja de Minas Gerais de 25 de fevereiro de 1996.

Diploma da Loja União Fraternal nº. 123 em reconhecimento pela colaboração pró-construção do templo.

Diploma de Membro Benemérito da Loja União e Fraternidade datado de 17 de setembro de 1997.

Foi assessor do Grão-Mestre Diógenes Mortosa.

No Pemeg foi o seu primeiro tesoureiro, tendo sido também o primeiro tesoureiro do Instituto Libertas.

Ocupou por dois anos a tesouraria das Semanas Maçônicas.

Em 25 de setembro de 1998, recebeu da Loja União Feliz nº. 31 o diploma de Membro Honorário. Consta do seu acervo maçônico 19 placas, cujos dizeres honram a qualquer mortal.

No dia 10 de novembro de 1998 recebeu da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás, a comenda Cruz do Anhangüera.

CONCEITOS EMITIDOS POR WALDOMIRO PAIVA


“A vida é uma só e sendo uma só, ela precisa ser preservada o máximo possível e não ser destruída com cigarro, com maconha, com essas coisas todas, com o álcool, também que está acabando com a juventude. Então, muitas coisas teria que dizer, mesmo sobre o trabalho, o ser humano hoje entra num emprego e quer ganhar muito dinheiro logo em seguida, sem ter condições para exercer a função com o prestígio que devia ter se ele fizesse cursos para exercer tal cargo, mas ele não faz e no entanto ele quer, açodadamente, ‘forçar a barra’ e ganhar muito dinheiro; não é possível, não tem jeito. Então, passa a ser funcionário público, porque, sendo público, a pessoa pode acabar tirando do Governo e assim ele não tira de ninguém, está furtando de si próprio”.

“Eu escrevi uma matéria, que foi publicada pelo jornal O VIANÓPOLIS, na qual eu descrevi perfeitamente o que uma parcela da juventude está fazendo, o mal que os jovens estão fazendo a si e à humanidade toda. Por aí o sujeito inicia uma coisa muito ruim, porque ele fica drogado, passa a mão no revólver, vai lá e mata para tirar, às vezes, o pouquinho que o sujeito tem para depois empregar justamente em drogas”.


“Então, isso está fazendo um mal terrível à Pátria, à humanidade e a Deus. Eu sou daqueles que pensam até hoje que a religião melhor que pode existir é o sujeito corrigir seus próprios defeitos, porque está servindo a Deus e à humanidade”.

Habituado desde cedo na vida a valorizar cada centavo ganho com o suor do rosto, sabendo aplicá-lo criteriosamente nas necessidades primárias de uma família, Waldomiro desenvolveu um instinto de saber aproveitar o dinheiro que possui, mesmo que seja pouco. Assim, ele não consegue compreender o desperdício, sobretudo com frivolidades e luxos desnecessários por quem não tem condições para isso.

“É preciso que o ser humano saiba manter-se na dignidade do trabalho, porque do trabalho é que se faz a riqueza, se faz a produção, se faz o necessário para a vida; cada um deve seguir uma orientação segura de seus pais que naturalmente não vão dar um conselho ruim para o filho, sendo que eles desejam o melhor para ele. Então, que os jovens deixem, abandonem o companheirismo, esses elementos que são originados do mal, que já penetrou dentro do seu ’eu’, que não faz outra coisa senão o mal. Chega, tira, rouba do indivíduo para comprar maconha e mata ao mesmo tempo. Para que, se ele já levou o dinheiro? Então eu acho que o Governo teria de modificar também leis, criar leis mais apertadas, essas leis são muito... veja bem, até a parte que se refere à Justiça, o sujeito fica com um processo lá 10, 15 anos, normalmente, o que é isso? São formaturas que não levam a nada, porque você pega um cargo que nem quer exercer direito, ele faz o que é necessário talvez por imposição da própria lei, que diz que ele tem de despachar tantos processos por mês, ele faz aquilo e não quer saber de mais nada. Então ele está ganhando um dinheiro que não devia ganhar, porque teria de pensar em todas as partes interessadas no caso, no processo, liberar aquilo logo, porque se for para dar cadeia vai dar cadeia, o que for para ser solto deve ser solto e assim por diante, nós estamos num ‘mundo do cão’ mesmo, estamos num caso de se pensar mesmo como Ruy Barbosa, que todos um dia teriam vergonha de falar que seriam honestos. Por quê? Porque ele já previa isso, o homem, a inteligência enxergava atrás do morro ele já sabia o que ia ocorrer agora”.

Preocupado com os rumos que toma a juventude, que tanto respeita e admira, Waldomiro Ribeiro de Paiva, do alto da sua longa convivência e com a experiência acumulada, manifesta sua opinião sobre a vida moderna, expressando-se de maneira severa e contundente: “Então são umas coisas que temos de forçosamente olhar e transmitir à juventude e tudo isso, geralmente os exemplos dos mais velhos, dessem exemplo só do bem e nunca do mal, porque o mal gera o mal e o bem só gera o bem. Eu acho que nós estamos num mundo que precisa ser modificado. A disciplina, hoje os filhos não têm disciplina certa, porque os pais dizem que não podem fazer justiça porque a paternidade não aceita isso e depois no resto da vida dele vai ser um elemento que vai pesar muito a criação, porque apanhou, porque muitas vezes foi coibido de fazer o que entendesse de fazer. Então, nós estamos num mundo esquisito, a única coisa que eu penso é que deve voltar justamente a disciplina para os jovens, para as crianças, porque alguém já disse que educar a criança significa que não fará dela um elemento sem valor”.
“Pouco valemos pelo que pregamos, porém, muito pela obra e o exemplo oferecidos aos que aqui chegaram depois de nós” (Waldomiro Ribeiro de Paiva).

2 comentários:

Marisa disse...

Oi,

Encontrei uma medalha entre as coisas do meu falecido padastro,
É uma medalha do Círculo Esóterico
da Comunhão do Pensamento que tem a data de 1909 - 1931. Fiquei curiosa.
Sabe me dizer alguma coisa sobre isso?
Obrigada!

Unknown disse...

Saudações,

Sou bisneto do Valdomiro Ribeiro de Paiva, e te agradeço por contar sua história, registrá-la, e consequentemente eternizá-la, para a família esse texto é muito importante, haja vista que para os mais jovens como eu possibilita conhecer nossa origem e o grande homem de quem descendemos. Muitos dos fatos e acontecimentos eram novidade para mim, e me orgulho ainda mais da minha ascendência.
Muito obrigado pelo trabalho!